Patria: no estúdio do Dimmu Borgir, no Inferno Festival e mais

Por Clarissa F
Fonte: Patria Facebook
Postado em 24 de abril de 2015

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A banda brasileira de Black Metal PATRIA retornou recentemente da Europa, onde se apresentou num dos maiores e mais representativos festivais de metal extremo do mundo, o INFERNO FESTIVAL, que acontece no período de Páscoa em Oslo na Noruega. Abaixo confira o relato desta incrível experiência através de palavras da própria banda, além de muitas fotos.

"Estamos de volta em Terra Brasilis depois de ótimos dias na Noruega, onde tocamos em Oslo no infame INFERNO FESTIVAL e na sua edição especial de 15º aniversário. Foi uma experiência inesquecível fazer parte do cast do festival, que também contou com bandas como ENSLAVED, BEHEMOTH, MY DYING BRIDE, SEPTIC FLESH, 1349, KAMPFAR, ARCTURUS, BLOODBATH e toneladas de outras ótimas. Esse texto a seguir é uma espécie de tour report, mesmo que tardio, contando de como tudo aconteceu por lá…

Chegamos na Noruega no dia 30 de Março (Segunda-feira) no meio da tarde. Os voos, esperas e conexões tornaram a viagem muito longa e cansativa, aproximadamente 30 horas a fio. Então chegamos em Oslo esgotados. Só deu tempo de sair pra comer uma pizza e depois voltar pro hotel pra descansar, já que os dias seguintes seriam intensos. Apesar de lá já ser o começo da primavera a cidade ainda estava branca e fria. Pegamos temperaturas de -6ºC a 5ºC e até uma rápida queda de neve, mas no geral dias até que bastante ensolarados pra uma cidade no norte da Europa nessa época.

Na terça-feira saímos logo depois do café da manhã em direção a famosa loja do falecido Euronymous do MAYHEM, a HELVETE, hoje chamada NESEBLOD. Fomos andando e levou apenas 15 minutos. Oslo apesar de ser uma cidade grande acaba concentrando quase todos os pontos "turísticos" bem no centro dela. Dá pra fazer tudo andando por lá e ainda aproveitar pra conhecer suas ruas, bela arquitetura e o clima da cidade. No caminho pra loja passamos ainda pela OSLO OPERA HOUSE, que é um lugar muito bonito, onde o último DVD do ULVER foi gravado inclusive. Bom, chegamos na HELVETE/NESEBLOD… A loja é bem pequena e apertada pela quantidade de material e raridades presentes no local. Dá pra ficar o dia todo lá tranquilamente. O lugar praticamente conta a história do Black Metal norueguês, é uma espécie de museu na realidade, mas sem frescuras. Muitos items estão ali apenas para exibição e não propriamente para venda. Mas a parte mais legal da loja é o porão, onde é possível encontrar objetos pessoais do Euronymous, como o caixão onde ele dizia que dormia, sua cruz invertida e a histórica parede com a pixação "BLACK METAL", que é possível ver em fotos antigas do MAYHEM. Ali era onde o "Inner Circle" do Black Metal se encontrava na época. Ou seja, parada obrigatória para quem estiver na cidade atrás de "turismo obscuro".

Nesse mesmo dia fizemos algo que tornou nossa viagem ainda mais especial. Algo épico e histórico para o PATRIA. O pessoal do DIMMU BORGIR gentilmente nos cedeu o estúdio privado de ensaio deles pra gente dar uma última passada no setlist antes do show. Então depois da HELVETE/NESEBLOD só deu tempo de irmos até o hotel buscar os nossos instrumentos. Nos encontramos com o Stian "Shagrath" na estação de Frogner, 30 minutos de trêm de Oslo. Ele nos levou até o estúdio, que era num lugar recuado chamado Sørum, ao meio de paisagens inspiradoras e tipicamente norueguesas. O Stian é um cara muito gente boa e com o passar dos anos se tornou um amigo pessoal. Ele foi super prestativo e receptivo, nos emprestou todo o equipamento, ajudou a regular o nosso som, apagou as luzes e ligou até a máquina de fumaça que tinha lá hehehe. Foi divertido e surreal ao mesmo tempo! No final preparou café pra todos e ficamos batendo papo até a hora de voltar pro Hotel em Oslo. Antes de voltarmos ele ainda reuniu todo o pessoal na frente do estúdio para uma foto e postou essa foto no FACEBOOK e INSTAGRAM oficial do Shagrath. Esse tipo de coisa não tem preço e foi provavelmente a parte mais inesquecível da viagem. Quase tão importante quanto o próprio show que estava por vir. Começamos a viagem com o pé direito \m/

No dia do nosso show (Quarta-feira, dia 01 de Abril), umas horas antes do festival começar, houve ainda uma festinha privada da INDIE RECORDINGS com rango liberado no andar de cima da John Dee, onde iríamos tocar. Lá conhecemos o Nergal do BEHEMOTH, o Idar do 1349, o Dayal Patterson (Escritor dos livros BLACK METAL Evolution of the Cult e The Cult Never Dies) e muitas outras pessoas importantes do meio.

Bom, agora finalmente sobre o festival… o gigante profissionalismo, estrutura, respeito e cuidado na organização merece destaque! Tudo impecável, muito raro de se ver, com uma atitude digna de ser seguida. É muito bonito ver como a coisa é tratada fora do Brasil. Digo isso em relação ao profissionalismo voltado a música e a arte em geral, independente de sermos o PATRIA ou o IRON MAIDEN. Tivemos um camarim só nosso, limpo, organizado, com banheiro/chuveiro, frigobar cheio, mesa com comida, janta e tudo mais. A cada 15 minutos passavam duas meninas da equipe do festival perguntando se estávamos precisando de alguma coisa. A estrutura de som e luzes no palco foi a melhor que qualquer um pode imaginar. Equipamento de primeira com os devidos técnicos, e muito atenciosos por sinal, cuidando de cada detalhe. Além de 3 stage managers no palco! Quem fez o nosso som foi o fantástico Rob Sherred, técnico de som do BORKNAGAR, ARCTURUS, CRAFT, CHROME DIVISION entre muitas outras. A logística e pontualidade também merece ser citada aqui… E foi a primeira vez que tocamos com um relógio no palco haha Chega a ser engraçado! Outra coisa muita boa da Europa em geral são os horários dos shows, principalmente em festivais. Começam cedo e terminam cedo. Entramos no palco as 20h e pontualmente as 20:15h as cortinas se abriram. Tocamos 45 minutos de set! Basicamente as 21h já estávamos no camarim organizando tudo. O THE OSIRIS CLUB havia tocado antes da gente e depois do PATRIA foi a vez do BLODHEMN, uma ótima banda norueguesa.

As pessoas costumam dizer que o público europeu é mais "frio", mas o que tivemos foi um público muito entusiasmado, extremamente educado e receptivo. Notava-se que estavam ali prestando atenção, assistindo o show de verdade, sóbrios (haha) e interagindo com a gente. Muuuuito legal!

Tivemos também a honra de termos no público do nosso show nossos amigos Stian "Shagrath" e Sven "Silenoz" do DIMMU BORGIR, Kjell "Damage" do CHROME DIVISION, Kjetil Manheim (ex-batera do MAYHEM, Deathcrush), Johnar do IN VAIN, a galera do NITERAIN, Torgrim e Ronny da extinta STONEGARD, atual DUNDERBEIST, nossos amigos da INDIE RECORDINGS é claro, Simon Füllemann (Ex-Metal Blade e atual All Access Agency), Cornelius do SOLEFALD e muitos outros que não me recordo agora. Enfim, um público de responsabilidade eu diria hehe E que tornaram a nossa noite ainda mais especial.

Assim que acabou o show da BLODHEMN na John Dee fomos para os outros locais (VULKAN e BLÅ), onde iria tocar o TAAKE, ARCTURUS, NAGLFAR etc. Ficava apenas 10 minutos andando dali. Bem prático! Mas antes fomos deixar nossos equipamentos no hotel, era "caminho". Estavam junto com a gente alguns amigos brasileiros, nosso amigo norueguês de longa data Roy Jansen e Sven "Silenoz" do DIMMU BORGIR, que nos acompanhou até o hotel pra buscar uma garrafa de Guaraná que nós tínhamos levado de presente hehe Momentos que ficarão guardados pra sempre na nossa memória. Depois disso seguimos pra ver os outros shows, fechando a noite com chave de ouro! Destaque pro ARCTURUS!

No dia seguinte (Quinta-feira, dia 02 de Abril), demos entrevista no hotel para um portal parceiro da MTV chamado FESTIVALANDO, que estava lá para cobrir o festival. Na seqüência saímos para fazer turismo tradicional e comer alguma porcaria. Isso durou praticamente a tarde toda. E a noite assistimos o SEPTIC FLESH, 1349, BEHEMOTH e ENSIFERUM. Ambos ótimos shows! A minha favorita delas foi o SEPTIC FLESH pela minha preferência pessoal pelo som da banda, mas o show do BEHEMOTH é algo que vai pra outro plano astral hehe Principalmente com a estrutura de palco e pirotecnia que o festival proporcionou pra eles. Era literalmente o inferno, com fogo pra tudo que é lado e um espetáculo ritualístico muito forte. Fantástico!

Na sexta-feira (dia 03 de Abril) tivemos entrevista no Hotel com a jornalista e fotógrafa italiana Fabiola Santini, que escreve para a revista Rockerilla, MusicDrop e Portal do Inferno. Tiramos novamente a tarde para passeios turísticos e nesse dia fomos até a Holmenkollen Kapell, aquela igreja que foi queimada pelo Varg (Burzum), Euronymous (Mayhem) e Bård (Emperor) na era de ouro do Inner Circle. Lá do lado fica também a enorme pista de pulo de Ski com o mesmo nome, Holmenkollen. Colossal o negócio! A noite seguimos para o festival, que pra mim particularmente era a noite mais esperada. Eu veria o ENSLAVED e o MY DYING BRIDE pela primeira vez. O MY DYING BRIDE fez um show legal mas não gostei muito da estética do show deles e faltou a clássica "Sear Me", que é algo imperdoável na minha opinião como fã da banda. Mas valeu mesmo assim! O ENSLAVED foi disparado o melhor show do festival. É difícil colocar em palavras! Só quem tava lá pra saber e sentir a intensidade deles ao vivo. Muito pesado, denso, com humor e imensamente carismático! Ficamos de alma lavada por finalmente termos conseguido vê-los ao vivo!

Sábado (dia 04 de Abril), último dia de festival e também nosso último dia em Oslo, tivemos a parte da manhã pra descansar um pouco, já que nos outros dias foram sempre corridos. A tarde fomos dar um passeio a pé pelas redondezas de Oslo e fazer algumas compras básicas em lojas de discos, roupas e souvenirs. Estávamos incrivelmente cansados, mas ainda assim não deixamos de presenciar os shows daquela última noite. Estiveram lá o SECRETS OF THE MOON, KAMPFAR, DØDHEIMSGARD, BLOODBATH, MORTUARY DRAPE entre outras. O KAMPFAR foi sem dúvida o show da noite. E que show!!! Já havia assistido eles lá em Oslo em 2009 mas nada comparado ao que foi esse último. Fechou com chave de ouro!!!

No decorrer do festival conhecemos o Frost (SATYRICON/1349), Samoth (EMPEROR), Seth Siro Anton (SEPTIC FLESH) e outras figuras lendárias…

Assim então, depois de dias muito prazerosos, corridos e de muito trabalho, conseguimos voltar ao Brasil realizados e com a sensação de dever cumprido… e comprido também :) O PATRIA foi muito bem recebido e não poderia ter sido melhor essa nossa primeira aparição em um palco europeu. Houve ainda menções extremamente positivas sobre o nosso show em várias resenhas feitas pela mídia norueguesa e europeia, que estavam cobrindo o festival. Em uma delas inclusive tiramos a nota 85/100, "perdendo" apenas para o BEHEMOTH e ficando na frente de muitas bandas consagradas presentes no festival. Esse reconhecimento nos deixa muito felizes. Sinal de que nossa dedicação está sendo recompensada. E vamos continuar batalhando pra isso!

Resumindo… Oslo nessa época fica de fato "pintada de preto" e é nítido ver que tudo aquilo tem a devida atenção e é parte importante da cultura local. É possível respirar isso no ar da cidade e é sempre uma sensação impagável! Já fomos várias vezes pra lá e pro festival e essa sem dúvida foi a vez mais importante, obviamente por estarmos tocando, algo nunca conscientemente esperado por nós. Foi uma baita realização pra gente e só podemos agradecer pelo convite e por termos tido a chance de participar dessa confraternização metálica na capital do Black Metal. Esperamos poder voltar em breve! Também agradecemos a nossa equipe que trabalhou duro com a gente, amigos e a todos que compareceram naquela noite, inclusive muitos brasileiros que foram de tão longe prestigiar esse grande evento.

E mesmo já tendo passado a Páscoa, repito aqui o que o Ivar, guitarrista do ENSLAVED, disse ao vivo naquela noite de sábado… HAPPY CRUCIFIXION :)"

Mantus & PATRIA

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