Como Renato Rocha da Legião Urbana impediu a morte do cantor do Cogumelo Plutão
Por Gustavo Maiato
Postado em 18 de maio de 2025
Responsável por sucessos como "Esperando na Janela" e "Da Janela", o Cogumelo Plutão foi uma das bandas mais conhecidas do chamado rock romântico brasileiro dos anos 2000. Capitaneado pelo vocalista Blanch Van Gogh, o grupo emplacou hits em trilhas de novela e marcou presença nas FMs do país ao lado de nomes como Detonautas, LS Jack e Capital Inicial.
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Mas por trás dos palcos, Blanch viveu momentos de luta e superação — um deles com a ajuda de Renato Rocha, ex-baixista da Legião Urbana, que não apenas gravou com ele uma música inédita, como literalmente salvou sua vida.
Em entrevista ao canal MPB Bossa, Blanch relembrou a história. "O Renato é um cara que não teve seu valor reconhecido. Salvou minha vida e participou de um dos últimos registros musicais que ele deixou."
O episódio aconteceu no início dos anos 2000. Na época, Blanch estava afastado do Cogumelo Plutão e desenvolvia um projeto paralelo chamado Coquetel Diamante, lançado pela Indie Records. Foi nesse contexto que voltou a encontrar Renato Rocha, com quem já havia convivido no final dos anos 80. "Ele estava com dificuldades financeiras e eu o levei para a gravadora. O plano era produzir um disco solo dele, e eu ajudei a articular isso", contou.

Pouco tempo depois, durante uma reunião com o advogado Neemias Gueiros, Blanch sofreu um aneurisma na calçada do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Renato estava com ele. "Me pegou desmaiado, me colocou num táxi e me levou pro Hospital São Lucas, em Copacabana. Salvou minha vida", relembrou. "Ele tava sem dinheiro, só com um cheque de um show que tinha feito. Mesmo assim, não hesitou."
A internação foi decisiva. Blanch chegou a entrar no hospital gritando, segundo ele mesmo contou: "Eu sou o vocalista do Cogumelo Plutão! Ele é o baixista da Legião Urbana! Salvem ele!"
Além do episódio marcante, os dois haviam gravado juntos uma faixa inédita — com Renato tocando baixo e cantando. "Ele não era um grande cantor, mas deu tudo de si. Tocou lindamente. Era, sem exagero, o maior baixista do rock nacional."

Essa gravação inédita será lançada em outubro, segundo Blanch, como uma homenagem oficial de Cogumelo Plutão a Renato Rocha. E mais: "Eu vou ceder todos os meus direitos autorais e fonográficos dessa música para a família dele. É o mínimo que posso fazer."
O lançamento será em parceria com o produtor Jefferson Titio, que também tem em mãos outras gravações inéditas de Renato, e com o uso da tecnologia Musicard, uma plataforma que remunera artistas antes mesmo das faixas chegarem às plataformas digitais. "É uma ferramenta incrível. Tem artista ganhando até R$ 30 mil por mês com ela", afirma Blanch, que é um dos divulgadores da iniciativa. Ainda segundo o cantor, o lançamento será feito com sensibilidade. "A família dele ainda não ouviu a faixa. Vamos levá-los ao estúdio para ouvirem juntos. Vai ser um momento bonito."

Questionado sobre o falecimento de Renato Rocha, Blanch faz um desabafo: "Muita gente pintou ele como um derrotado. Mas não era. Ele estava limpo. Eu acredito até hoje que ele morreu por conta do cruzamento de dois remédios. Um deles eu também tomava, e fui parar no hospital por quatro dias. Sempre falo isso pra família dele."
Com uma nova turnê do Cogumelo Plutão em preparação e vários lançamentos à vista, Blanch faz questão de reforçar: "Renato Rocha foi muito mais do que um ex-baixista da Legião. Foi um músico incrível, um cara leal — e salvou a minha vida."
Confira a entrevista completa abaixo.


Morte de Renato Rocha
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