Guilherme Isnard compartilha lembranças boas e ruins sobre Renato Russo
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de abril de 2025
Nos anos 1980, o rock brasileiro vivia um de seus momentos mais efervescentes. Ao mesmo tempo em que a música ganhava os palcos e rádios, os bastidores eram tomados por histórias de excessos, improvisos e tragédias.
Uma dessas histórias foi contada recentemente por Guilherme Isnard, vocalista da banda Zero, precursora do movimento New Romantic no Brasil. Em entrevista, ele falou sobre momentos vividos ao lado de Renato Russo, líder da Legião Urbana, e revelou situações que ajudam a compreender a intensidade — e o abismo — por trás de tanto sucesso. A entrevista foi ao Corredor 5.
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Uma das lembranças mais fortes envolve uma cena inusitada e generosa de Renato: "Ele saía do estúdio e ia beber Cointreau com uma família de moradores de rua que ficavam debaixo da marquise da Colortel", conta Isnard. "Dormia com eles ali. De manhã, levava todos para o café da manhã do Hotel Bandeirantes Othon, onde estávamos hospedados. Quando a gente acordava, já não tinha mais nada. Os caras tinham rapado tudo."
Essa convivência fora dos padrões se dava ao mesmo tempo em que o cenário de gravação também revelava seu lado sombrio. "Você chegava no estúdio e tinha delivery de cocaína. Já tinha o aviãozinho que subia o Dona Marta e trazia a droga direto. Era o rock and roll do pó. Todo mundo usava."
Mesmo em meio ao caos, havia laços reais. Isnard e Renato mantinham uma troca constante de ideias e músicas. "Antes de gravar, ele me mostrava as dele. Eu mostrava as minhas. Quando eu vinha ao Rio, encontrava com ele na Ilha do Governador. Em Brasília, ele ia me ver no Lago Norte, onde eu ficava na casa da minha cunhada."
Mas nem tudo eram encontros produtivos. Isnard também relembra um episódio no Canecão, após um show do Emerson, Lake & Palmer: "Tavam expulsando o Renato. Ele chorando. Perguntei o que estavam fazendo. ‘Ele tá causando confusão’, disseram. Eu insisti: ‘Pelo amor de Deus, é o Renato Russo’. Botei ele de volta. No dia seguinte, manchete no jornal: ‘Cantor da Legião Urbana espancado por seguranças’. Me arrependi. Podia ter deixado ele do lado de fora."
A última festa de aniversário de Renato Russo
Entre festas e colapsos, o relato ganha ainda mais peso quando Isnard lembra o último aniversário de Renato: "Ele me ligou dizendo: ‘Vai ser festinha de criança. Só Guaraná e Coca-Cola. Você sabe, eu não tô bem’. Mas ele entrava no banheiro e saía bebendo cointreau. Aí eu pensava: pra quê, né?"
Mesmo nos últimos anos, a admiração entre os dois artistas persistia. "Renato me disse: ‘Você é a maior voz romântica da nossa geração. Vou produzir seu disco’. Chamou o Trilha e disse: ‘Quando terminar esse, vamos fazer o do Isnard. Pode perguntar pra ele. Mas aí ele morreu."
Guilherme Isnard é vocalista da banda Zero (estilizado como ZERØ), surgida em 1983 a partir da dissolução do grupo Ultimato, com origem no punk jazz e transição para o art rock com pegada pós-punk. Conhecida por faixas como Heróis, a banda é considerada a maior representante do New Romantic brasileiro, tendo mantido forte ligação com o cenário carioca desde o fim dos anos 1990.
Confira a entrevista completa abaixo.
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