O álbum de Renato Russo que assessora comparou com Wanessa Camargo por curiosa razão
Por Gustavo Maiato
Postado em 06 de janeiro de 2025
O lançamento de "Equilíbrio Distante" em 1995 marcou uma guinada ousada na carreira solo de Renato Russo, líder da Legião Urbana. Inspirado pela música italiana, o álbum trouxe interpretações delicadas e românticas, mas os bastidores da produção revelam histórias curiosas que misturam humor, emoção e a visão inusitada do cantor sobre a cultura pop.
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A assessora de imprensa Gilda Mattoso, que acompanhou Renato na viagem à Itália, relembra como foi surpreendida ao descobrir o conceito do projeto. "Quando Renato me chamou para ir com ele, eu não tinha ideia do que ele queria fazer. Pelo gosto dele, pensei que fosse algo ligado à música erudita ou até à ópera. Mas aí ele me falou em Laura Pausini e foi um choque", disse, em depoimento ao livro "Discobiografia Legionára", de Chris Fuscaldo. "Fiquei sem reação. Para mim, aquilo era como se você sentasse com o Caetano Veloso e dissesse que quer gravar músicas da Wanessa Camargo. Uma coisa que não fazia sentido na hora."
Renato, porém, sabia exatamente o que queria. Ele acreditava no potencial de misturar o pop italiano com algo mais sofisticado. Para isso, buscou ajuda de Fiora Corradetti, cantora e compositora que conheceu por meio de Caetano Veloso, e seu marido, o produtor Piero Fabrizi. "Fiora e Piero nos receberam em Milão e mostraram algumas músicas que eles achavam que poderiam funcionar. Renato ouviu tudo com aquela atenção de sempre. Ele estava realmente empenhado em achar algo pop, mas com um nível de qualidade que justificasse o projeto", contou Gilda.
A viagem teve seus momentos de leveza e extravagância. Um deles foi o dia em que Renato decidiu fazer compras em uma loja de discos em Roma. "Ele comprou uma pilha de CDs tão grande que eu pensei: 'Isso não vai caber na mala dele'. E ele, rindo, dizia: 'Vai na quilha do avião!' Acabei convencendo-o a maneirar, mas ele achou um jeito de levar quase tudo. No fim, comprou um baú infantil com a Branca de Neve estampada para guardar as coisas. Aquilo era tão inusitado que eu só conseguia rir", disse Gilda. "Mais tarde, ele me surpreendeu ao mandar o baú de presente para minha filha Marina, que na época tinha quatro anos. Renato tinha esse lado gentil e inesperado."
Outro episódio marcante aconteceu em um jantar na casa do jornalista Gianni Minà, em Roma. Renato, empolgado, quis acompanhar Gilda ao evento. "Eu avisei: ‘Renato, não dá para se atrasar, é um jantar formal’. Mas ele atrasou uma hora. Chegamos quando todos já estavam no segundo prato, e eu queria me enfiar num buraco de vergonha", relatou a assessora. "Para piorar, durante a conversa, alguém perguntou sobre Cuba, e Renato começou a imitar o Chacrinha, falando de um jeito teatral e debochado: ‘Tá-tá-tá-tá! Não tem mais gays como eu? Botam no paredón! Não vês?’ Os intelectuais na mesa ficaram constrangidos, mas Gianni adorou. Liguei no dia seguinte para me desculpar, e ele disse: ‘Seu amigo é genial’."
A missão da viagem também envolvia uma busca pessoal de Renato por suas raízes. "Ele queria encontrar os registros de casamento dos avós para obter a cidadania italiana. Era importante para ele, como se quisesse conectar sua história ao lugar de onde veio sua família", lembrou Gilda.
A escolha de músicas italianas para o álbum surpreendeu muita gente na época, mas Renato explicou que havia uma lógica clara por trás. "Ele dizia: ‘Essas canções têm emoção, têm história. Quero mostrar que o pop também pode ser profundo’", contou Gilda. A faixa "Strani Amori", por exemplo, se tornou um símbolo dessa busca por autenticidade e coragem no amor, como o próprio Renato descreveu: "Essa música fala sobre alguém que decide não aceitar mais um relacionamento que não faz sentido. É sobre libertação e transformação. Para mim, isso é uma postura de coragem."
Entre momentos cômicos e reflexivos, a viagem à Itália foi um retrato perfeito da personalidade multifacetada de Renato Russo. Para Gilda, que acompanhou de perto todas as nuances do cantor, o que mais se destacava era sua intensidade. "Renato fazia tudo com paixão, fosse cantar, comprar discos ou debater política. Ele tinha suas excentricidades, claro, mas era alguém que se importava de verdade com as coisas. É impossível não sentir falta dele."
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