Os argumentos que sustentam tese de Regis Tadeu que Cazuza era melhor que Renato Russo
Por Gustavo Maiato
Postado em 04 de janeiro de 2025
O crítico musical Regis Tadeu trouxe declarações polêmicas no podcast Linhagem Geek. Em uma conversa franca, ele comparou dois ícones do rock nacional, Cazuza e Renato Russo, defendendo a tese de que o ex-líder do Barão Vermelho se destacava como letrista e artista, enquanto Renato, embora talentoso, recorria a "empréstimos literários" que colocavam em questão sua originalidade.
Durante a entrevista, Regis afirmou que o legado de Cazuza transcende seu contexto histórico. Ele destacou que o artista não apenas escreveu letras marcantes, mas também transmitiu emoções cruas e genuínas. "Cazuza foi um letrista brilhante, mais compositor do que cantor. Ele tinha uma voz que se encaixava perfeitamente no tipo de canção que fazia, sem precisar ser um grande vocalista. Ele era visceral, traduzia emoções do mundo ao seu redor, diferente de Renato, que mergulhava mais no universo interno", afirmou.

Regis também fez questão de frisar que o talento de Cazuza foi decisivo para sua carreira, apesar de reconhecer as facilidades que teve no início por ser filho de João Araújo, executivo da Som Livre. "O fato dele ser filho de João Araújo abriu portas, sem dúvida. Mas isso não sustenta ninguém se não for bom. E Cazuza era bom, muito bom. Tanto com o Barão Vermelho quanto em carreira solo, ele se mostrou um artista completo."
Ao falar sobre Renato Russo, Regis não poupou críticas. "Renato era excelente, mas tinha essa mania de pegar coisas emprestadas de Oscar Wilde e outros autores, não é verdade", disparou.
Uma visão complementar: Alvin L. e a diferença fundamental
As observações de Regis ecoam em declarações anteriores de Alvin L., músico da banda Rapazes de Vida Fácil e amigo próximo de Renato Russo. Em entrevista ao canal Corredor 5, Alvin analisou as distinções fundamentais entre os dois.
"Renato era do mundo interior, falava da sua alma, enquanto Cazuza era dionisíaco, da carne, da vida, do mundo que está à sua volta. Outra diferença é que o Cazuza solo era mais voltado ao mercado pop, enquanto a Legião Urbana era uma banda de rock. O rock tem essa coisa de não envelhecer. Tá com a cara da época, mas não parece velho", refletiu Alvin.
No mesmo contexto, Clemente Guimarães, apresentador do Corredor 5, também trouxe sua perspectiva sobre as fases de Cazuza e Renato. Ele destacou o impacto transformador de Cazuza em sua juventude, mas apontou ressalvas à fase solo do cantor.
"Foi o Cazuza que me transformou como ser humano. Meu pai era meio míope. O Cazuza fez eu questionar várias coisas. Mas, hoje em dia, tenho menos paciência para ouvir as músicas do Cazuza solo, até porque acho que a produção ficou datada. Hoje, é difícil ouvir 'Brasil', por exemplo", comentou Clemente.
Regis Tadeu e as críticas à Legião Urbana
Anteriormente, o crítico musical Regis Tadeu não poupou palavras ao analisar o álbum de estreia da Legião Urbana, lançado em 1985. Em um vídeo publicado no YouTube, Regis revisitou suas impressões sobre o disco e teceu duras críticas à banda liderada por Renato Russo, questionando desde a autenticidade musical até a originalidade de suas composições.
Logo de início, Regis deixou claro que o impacto do álbum Legião Urbana foi limitado para ele, embora tenha conquistado milhões de fãs. "Na época em que o Legião Urbana lançou o álbum que leva o nome da banda, não causou nenhum impacto profundo em mim. Causou em milhões de fãs, alguns dos mais chatos da história da música brasileira. O fã de Legião é tão chato quanto o fã de Raul Seixas ou Dream Theater. Impressionante", disparou.
O crítico ainda revelou que sua sensação ao ouvir o disco pela primeira vez foi de estranhamento: "Era uma banda de Brasília que se julgava punk, cantavam músicas razoáveis, mas com um timbre de voz parecido com o Jerry Adriani. Minhas impressões iniciais não mudaram ao longo dos anos."
Segundo Regis, o grande pilar da Legião Urbana sempre foi o conteúdo lírico de Renato Russo. Ele argumenta que, enquanto bandas contemporâneas como Paralamas do Sucesso ampliaram sua sonoridade e exploraram novos horizontes, a Legião permaneceu estagnada em suas raízes folk pós-punk.
"Renato Russo e seus colegas se tornaram cada vez mais dependentes das letras do Renato. Depois do lançamento de Legião Urbana, soubemos que existia um rock de Brasília, que era um amontoado de pretensos punks. Com raras exceções, eram garotos muito bem de vida, filhos de advogados, diplomatas e militares, que tiveram a oportunidade de receber discos importados antes dos outros."
Uma das críticas mais incisivas de Regis foi a alegada falta de originalidade nas composições da banda. Ele citou várias músicas do repertório da Legião Urbana que, segundo ele, são fortemente inspiradas em faixas de outros artistas:
"Soldados na verdade foi uma homenagem a Independence Day, do Comsat Angels."
"Ainda é Cedo é inspirada em Love is the Drug, do The Cartoons."
"Dezesseis lembra muito Your Pretty Face is Going to Hell, do Iggy Pop."
"Que País É Este? é, segundo ele, um decalque de I Don’t Care, do Ramones."
Apesar das críticas, Regis reconhece o fenômeno cultural que a Legião Urbana representa no Brasil, especialmente pela habilidade de Renato Russo em captar os anseios de uma geração. Contudo, ele não se furta a criticar a postura dos fãs mais fervorosos. "Eles continuavam arrebanhando uma imensa legião de fãs histéricos e insuportáveis", alfinetou.
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