O que Augusto Licks ia dizer sobre a Legião em 1990 que foi censurado pelo Humberto Gessinger
Por Bruce William
Postado em 06 de janeiro de 2025
A edição de nº 63 da revista Bizz, de outubro de 1990, traz uma entrevista com o Engenheiros do Hawaii, na época um trio formado por Humberto Gessinger, Augusto Licks e Carlos Maltz. No meio da conversa, surgiu um questionamento se a banda ainda estava em ascensão, enquanto as outras de sua época já tinham seu espaço consolidado, e o primeiro a se manifestar foi Augusto, que começou dizendo: "Discordo um pouco. Acho que Legião [Urbana] tem ainda bastante a galgar, em termos de Brasil..."
Engenheiros Do Hawaii - + Novidades
Mas ele teve sua fala interrompida por Humberto, entre gargalhadas: "Nãããão!!! Fizemos um pacto de não baixar a lenha em ninguém". Augusto meio que complementa: "Digo em termos da Legião ser uma banda de estrada. Nós somos assim, tocamos em todos os lugares, não temos mais para onde ir."
Em 2022, Augusto Licks participou de uma Live no canal Pitadas do Sal, apresentado pelo jornalista Ariston Sal Junior e onde estava marcando presença o também jornalista Júlio Ettore, e em um corte ele aparece puxando conversa sobre a rivalidade que existia entre as bandas, usando justamente o tal trecho da entrevista da Bizz, perguntando para Augusto: "Eu queria que tu tivesse a tua visão sobre como é que era essa relação naquele momento, essas bicadas. Como é que você se colocava em relação a isso?"
Licks explicou: "Eu diria o seguinte: é preciso entender que eu entrei na banda como aquele passageiro que entra num trem em movimento e não tem lugar para sentar. Aí, eu tenho que me segurar pra não cair. O que acontecia, assim, é que eu não participava de muitas coisas de entrevistas. Eu teria muita coisa a dizer e não necessariamente coincidente com o que se dizia, que eu era minoria. Só que eu avaliava o seguinte: claro que muitas coisas a gente coincidia e concordava, e era o que justificava a gente estar tocando, né? Havia muitas coisas que eu não gostava na banda, mas as coisas que existiam e que justificavam a existência da banda, a meu ver, elas eram suficientes."
Mais adiante, Augusto retoma o tema polêmico: "Mas entrando nesse particular das tretas e farpas contra as bandas, eu diria o seguinte: ninguém nunca me entrevistou. Eu não teria, numa entrevista, falado mal de outras bandas. Nesse episódio que foi interrompido, que eu tava comentando sobre Legião... tenho maior respeito pela Legião. Dado Villa-Lobos usou meu violão, o violão que eu gravei 'Parabólica', ele usou no disco do Legião. O Mayrton Bahia, produtor..."
Então ele conta seu ponto de vista sobre o ocorrido: "Mas o comentário, o contexto do comentário que eu fiz era o seguinte: que o Legião não me parecia uma banda de estrada, porque era fato, eles raramente viajavam. Tanto é que dois roadies que trabalhavam com a Legião foram trabalhar com Engenheiros: Cássio e Marcelo. Se não me engano, até o Bruno chegou a trabalhar, não tenho certeza. Porque assim, eles não viajavam. Eu não sei como é que os membros da banda, internamente, lidavam com isso, questões entre a liderança do Renato, não sei. Isso é da economia interna de uma banda."
Augusto depois ainda diz: "Eu entendo, sim, que dar declarações bombásticas é uma forma de marketing. É uma forma de marketing porque, cara, a mídia, qualquer forma de mídia que exista, como já era naquela época, como é hoje, sempre vai adorar que alguém fale mal de outros. Porque já vai repicar, vai dar suíte como se falava antigamente, vai dar réplica, vai dar tréplica, vai gerar assunto. E tem essa natureza humana instintiva que quer ver desgraça, quer ver sangue."
O vídeo da Live completa com a participação de Augusto Licks no podcast "Pitadas do Sal" pode ser conferido no player a seguir.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps