Carol Morreu - Mas e essas guitarras purpurinadas, hein?

Por Felipe Ricotta
Postado em 15 de dezembro de 2004

Carne De Segunda, Erika Martins e Wonkavision.
Rio. Loud Festival. Teatro Odisséia.

"Onde Estão Os Caralhinhos Voadores?"

"Hein?"

"Onde Estão Os Caralhinhos Voadores. É o nome da música desses caras que eu tava ouvindo em casa antes de vir pra cá. Bem Legal."

O Carne De Segunda tocava e a gente resolveu tomar uma cerva lá em cima no bar. Chegando ao destino, acabei cruzando com meu amigo jornalista e fã de Libertines que tinha acabado de ter a mesma idéia que nós.

"Qual foi? Não tava curtindo o show?"

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"Que show? Aqueles caras tocando axé? Tô fora, tive que subir."

Quando a gente enfim desceu, o show tinha acabado e só tinha sobrado um cara da banda que ficou lá em cima com o microfone na mão.

"Viado? Quem é Viado? Viado?"

Achei aquilo muito estranho, será que o cara tava fazendo alguma pesquisa pra G Magazine?

Ou então será que foi uma crise de identidade que bateu forte naquela hora e ele resolveu dividir com a galera?

"Acho que chamaram ele de viado e ele tá tirando satisfação, foi isso."

"Ah, tá."

Bem que eu tinha achado meio pederasta mesmo esse lance de "Pepeu Baixou Em Mim" dos caras.

Mas afinal, eles tocaram "Caralhinhos" ou não?

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(...)

Rewind Notório.

Horas antes, pastava na entrada do Odisséia como de costume - sempre dando uma força pro Parceiro Do 3 Por 5 - quando vi passando um manco de muletas que parecia muito com o vocalista do Wonkavision. Resolvi arriscar.

"Você que é o Will?"

(...)

Hoje em dia as pessoas vão a shows pra bater fotos e esquecem de que enquanto estão batendo fotos para guardar o momento, o momento está passando e ela está batendo fotos. Então, quando elas olharem pra foto anos depois, vai ser pra lembrar daquele momento do show em que elas estavam preocupadas em bater uma foto do momento?

Confuso?

É, eu sei.

Já ouviu falar daquele cara que não se identificava nas fotos porque achava que a cada segundo que passa você deixa de ser aquela outra pessoa do segundo passado?

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(...)

As Duas Garotas, O Cara e O Manco Que Tinha Uma Guitarra Purpurinada do Wonkavision subiram no palco e foram muito bem recebidos tanto por aqueles que estavam lá apenas "porque disseram que as mulé da banda eram gata" como por aqueles e aquelas apaixonados pelo pop bacana do grupo. Além de músicas da primeira demo e do álbum recém-lançado, tocaram covers LEGAIS como "Connection" (Elastica), "Be My Baby" (aquela que todos conhecem) e...

É, eles também tocaram uma do Roxette.

(...)

A Penélope de banda nova entrou tocando uma rápida e pra começo de conversa, punk rock com vocal feminino é sempre tudo de bom, fim de papo.

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Confesso que foi no mínimo irônico ouvir ela cantando algo sobre "Você Tem Muito O Que Aprender Sobre As Mulheres" depois de ter passado por difíceis Turbulências Telefônicas Amorosas horas antes de sair de casa e eu ficava lá torcendo pra que ninguém descobrisse que aquela música no momento estava doendo muito em mim.

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(...)

Na hora de "Canção De Amor", o coração do meu fotógrafo apaixonado sofreu um baque desgraçante.

"Cara, a minha ex adorava essa música. Vou ter que mandar uma mensagem emo."

Mas eu, O Conselheiro Sentimental, não pude deixar de me meter.

"Não! Não faz isso! Se você quiser ela de volta, tem que pagar de frio, cara! Fingir que não está nem aí."

Ele acabou desistindo de fazer merda e meu próximo passo é fazer com que ele faça parte da comunidade ODEIO MEU CELULAR QUANDO ESTOU BÊBADO no Orkut e perceba de uma vez por todas que bebida e celular é uma combinação terrível quando ainda estamos presos amorosamente ao passado.

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(...)

"Pode cantar junto. Tá na novela, gente."

E é lógico que nós tivemos que pagar de velhos rabugentos.

"Eu não vejo novela."

"Nem eu."

Ela fez uma versão punkeenha de "Fórmula Do Amor" do Léo Jáime e eu fiquei com muita raiva, pois tive essa idéia há pelo menos uns 5 anos atrás no meu quarto com meu violão, onde gastei horas de vida tocando a música e imaginando uma mulher cantando junto comigo.

Idéia deletada.

(...)

Se aproximando do fim do show, ela apresentava a banda e, meio que sem querer, acabou queimando o filme do maluco.

"Na guitarra, diretamente do mundo dos Ursinhos Carinhosos..."

"?!" - tipo, já não basta aquela guitarra purpurinada, pô?

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Divulgue sua banda de Rock ou Heavy Metal

(...)

"E aí? Quem você veio ver hoje?"

"Ah, eu cuido do figurino da Erika."

"Sério?" - será que foi ela que escolheu aquela guitarra purpurinada pro guitarrista? - "Pô, quando minha banda for tocar, vou te chamar pra cuidar do nosso figurino, beleza? O que você acha que combina comigo? "

"Olha, não sei. Que tipo de som tua banda faz?"

"Ah, é punk rockzin. Todo mundo sempre diz que eu sou muito brega. O que você acha que combina comigo?"

"Não sei, tem que ver..." - ela não quis mais saber de papo.

E tive certeza de que ela consentiu com a opinião de geral e que também não deve ter aprovado muito meu vizoo jeans-camiseta-não-ligo-pro-mundo-fashion.

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