Carol Morreu - Minha Primeira Vez no Circo
Por Felipe Ricotta
Postado em 20 de agosto de 2004
Estava realmente muito emocionado quando pisei meus pés pela primeira vez no Circo Voador. Acompanhado do meu noiado fotográfo, rodei pelo local e me sentia muito bem por estar ali naquele centro sagrado, um verdadeiro patrimônio da história da cultura pop carioca. Realmente dá pra sentir as energias positivas que emanam do lugar e eu tô falando sério.
Reggae B, B Negão e Digital Dub Sound System.
Rio, Circo Voador, Quinta, 29/07/04
Nas internas, pirava que era como se eu fosse Evandro Mesquita (meu comparsa era o Serginho Malandro) e nós tínhamos acabado de chegar de uma session de surf em Saquarema, na casa de praia do Valente e... enfim.
Logo quando chegamos, fui assediado por uma mulher que tava de olho naquele careta básico e eu jurei que ela tinha a maior cara de rata de Circo nos 80's. E estava certo. Falei que eu tava muito feliz de estar lá e ela aliviou minha ansiedade contando histórias sobre seus bons tempos.
(...)
Formigão, baixista do Planet Hemp e do Monstros Do Ula Ula, estava presente e me interessei em saber novas sobre os Monstros, que lançaram o clip de "Babe Ula Ula" recentemente. No meio da conversa, ouvi alguém me chamar e achei estranho, porque embora eu estivesse na maior vibe My-Brother-Babilônia-Maravilhosa, a verdade é que eu não conhecia ninguém por lá.
Reconheci metros adiante minha mais nova amiga, que gesticulava para que eu me aproximasse de sua roda, onde metade(?) dos Paralamas postavam ao lado de uma moça muito sorridente. Larguei meu bro ouvindo o Formigão e saí varado pra conhecer a tal senhora, que na verdade era a dona do circo. Pensei na mesma hora: "Pô, tô mandando bem. Primeiro dia de Circo, e eu já fiz amizade com a Dona e uma parceira do Mesquita. Show!".
Nisso, meu homem das fotos mostrou toda sua versatilidade, aproveitando a deixa pra pagar de repórter. Aí vai na íntegra o diálogo entre ele e Formigão.
"(...)"
" (...)" - dando um trago no careta.
"(...)"
"(...)"
"Pô, Formigão. Então valeu aí, cara.
"Valeu, maluco."
(...)
A revelação bombástica da noite foi descobrir que Ian Mcculloch curte Wander Wildner! Em turnê pelo Brasil, o gringo tava perdido por lá com seus cabelos cuidadosamente despenteados e seus óculos escuros. Aliás, será que na Inglaterra as pessoas são tão cool que usam óculos escuros à noite??
Desenferrujei meu inglês e tentei estabelecer uma conversa, apesar de ter entendido muito pouco daquele sotaque britânico com bafo de cana.
"What about Frejat, man? Do you know his work?"
"Oh no, man. Is it good?"
"Frejat Sucks, man!"
"Oh yeah, somebody told me that"
Nada mais manjado, mas perguntei sobre o que ele curtia de rock Brazooka e ele rasgou elogios ao Fellini (Quem? Aquela banda paulista das antigas?) e ao Wander que, segundo ele, fez uma linda versão em português para "The Killing Moon".
Por que então quem subiu no palco com ele no dia seguinte foi o Frejat e não o Wander? Mundo estranho.
(...)
Descobri nessa minha primeira ida ao Circo que quando você fala que é jornalista pra alguém, você só se queima. Tomei foras ridículos em busca de informações relevantes visando cumprir um trabalho jornalístico sério e honesto. (Pô, fala sério! Quem eu estou querendo enganar, amigo?)
Na cara dura e no meio do show do B Negão e seus Seletores de Frequência, cruzei o Marcelo D2 - que deu canja no show do Reggae B em "Legalize It".
"Blz, D2? Cara, eu tô escrevendo sobre o show, num sei nem por onde eu começo. Fala alguma coisa bonita aí sobre o Bernardo pra iluminar minha mente."
"Aí, amigo. Pra iluminar tua mente, é com a galera aí de trás!"
Olhei pra trás e percebi a brilhante MegaBombaBanzoSuprema sendo carburada com afeto por uns Bobs.
Quando me dei conta, o cara já tinha vazado faz tempo.
(...)
O Fora Número 2 se deu quando me aproximei de João Barone com o intuito de ouvir palavras inspiradoras sobre a Volta Do Circo.
"Cara, volta daqui a Três Cervejas que eu te falo!" - disse ele que também subiu no palco minutos depois.
Fiquei sem entender se ele realmente não tinha nada a dizer ou se ele tava tirando uma com a minha cara. Mas independente do que passou pela cabeça do batera grisalho, fiquei mais bolado ainda quando me caiu a ficha e parei pra pensar por que diabos tinha ido conversar com o cara, visto que sempre achei Paralamas uma merda de banda.
Show de reggae é um lance que realmente mexe muito com os nossos neurônios.
Carol Morreu
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