Carol Morreu - Móóóóóóóby! A Ricotta que terminou do nada
Por Felipe Ricotta
Postado em 16 de novembro de 2005
"Eu Leio Ricotta" no Orkut
"Fã Clube Ricóttico" no Orkut
Moby. Riocentro.
"Mas o que é Moby afinal?"
"Móóooóóóby. Cara, a única coisa que eu sei sobre o Moby é que o Eminem sacaneia ele."
("NOBODY LISTEN TO TECHNO!")
"A única coisa que eu sei sobre o Moby é que o Eminem sacaneia ele porque você me contou agora. E que ele tem uma tatuagem que aparece um pouco aqui atrás também."
"E eu sei que ele é vegetariano também."
"E eu sei que ele é PUPU. E que ele é PIIIBA. Mas às vezes é maneiro você ir pr'um show sem conhecer direito a parada e acabar conhecendo no show."
"Cara, a parada mais bizarra do mundo é que eu não entendo como que as pessoas me dão credencial. Pô, eu não sei NADA sobre o cara. Normalmente, os jornalistas ficam pesquisando sobre a vida do artista, eles pensam PÔ, JÁ QUE EU VOU FAZER PERGUNTAS SOBRE ELE PRO PÚBLICO, EU PRECISO SABER UM POUCO SOBRE ELE e tal. Eu não sei NADA sobre o cara, eu cago pro Moby. Eu cago na careca do Moby."
"Pois é, mas isso é uma parada bem estranha mesmo."
À caminho da Barra, eu e meu irmão brother Toother, o único fotógrafo da história da imprensa brasileira que nunca leva sua câmera, estávamos ansiosos pelo show do grande Moby.
Saímos de casa bem cedo pois tínhamos que estar no Hotel Sheraton até às três da tarde para pegar nossas credenciais de imprensa.
Chegamos lá, descobrimos que meu editor malvado tinha levado nossas credenciais.
"Puta que pariu, mas que fdp! Como assim ele levou?"
Liguei pra ele e PÔ, RICOTTA. EU PEGUEI A MINHA E AS DO LUCIANO, NÃO SABIA QUE ERA TUA.
"Sei..." - você nem reparou que tinha o MEU NOME nelas?
A assessora de imprensa acabou me dando uma credencial em nome de um veículo chamado OU TUDO OU NADA, que porra será essa? Mas a gente ficou amarradão, até porque sabíamos a coreografia daquele filme dos toscos que tiram a roupa e dançamos bem na porta do hotel, que é pra passar vergonha na frente de pessoas chics também.
(...)
"É bizarro como as pessoas não percebem que as empresas de telefonia celular estão dominando o mundo. Tipo, porra! Você olha ao redor e tudo é Oi, Nokia, Tim, Vivo, Claro e é tão normal, né? Todo esse lixo, essas propagandas, eles querendo lucrar sempre o máximo possível fazendo as propagandas mais legais, que bosta isso, sabe? Tipo, o Moby só veio pro Brasil porque tinha uma empresa de celular patrocinando a parada. E se não tivesse? Quem ia trazer? Antes era o cigarro, antes era Hollywood Rock, agora é Tim Festival, Nokia Trends, caraleo... surreal essa porra. Eu devo ser uma das únicas pessoas do universo que não tenho celular mas tô até ficando com vontade de ter, é inevitável, não? Todo mundo vai ter um celular algum dia, que bosta. O mundo cria as necessidades e as pessoas simplesmente embarcam nessa de que elas precisam daquilo mesmo, fazer o quê? Bizarro."
(...)
Liguei pra Garota Andrógina que tava em casa pastando bodada e perguntei o que ela esperava daquele show que ela não ia ver.
(eu tinha roubado o celular da minha mãe, faço isso direto.)
"Eu espero que seja um fracasso. espero que ele falte ao show para que as pessoas fiquem putas, queiram o dinheiro de volta. E vai rolar uma treta violenta na justiça que vai durar anos e esse caso vai ficar conhecido no mundo todo e bem... é isso que eu espero."
"Foda, cara. ficou muito manera a entrevista."
"Ele vai ter uma crise histérica..."
"Mas como assim, cara? Vegetarianos não tem crises histéricas.
"É a abstinência da carne, vai rolar uma crise desencadeada pelo desejo e pela necessidade de abdicar."
"E o DJ Patife? Você gosta?"
"Não."
"E de homem patife?" - eheheh
(...)
"É ipod isso aí?"
"Não. Não é o Ipod, mas blah blah blah, e com ele você pode blah blah blah..."
Toother teve um surto Pai de Família Materialista e ficava gastando todo pimpão sobre as qualidades de seu gravadorzinho digital que utilizávamos na noite, substituindo o já saudoso Gravadorzinho Ninja de Jornalista, daqueles de fitinha pequena que costumávamos usar em nossas coberturas.
Entrevistávamos um amigo que estava acompanhado da namorada.
"Quem é Moby?"
"Ele é o neto do escritor de Moby Dick. É tudo que eu sei sobre o cara mas eu paguei 100 reais pra ver essa porra."
Chegamos bem cedo no local e eu aproveitei pra botar pra fora todo o meu recalque por não ter dinheiro pra pagar um celular pra mim. É que eu prefiro gastar em bebida, sabe? Sobrou pra Nokia.
"Nós estamos aqui no show do Moby, já são quase 10 horas e o público é muito pequeno, o que comprova a minha teoria de que eventos patrocinados por empresas de celulares nunca dão certo. Ou seja, isso é um sinal de que a Nokia está falindo, vai ter um prejuízo mega pra pagar o alface que o Moby deve estar comendo esse momento lá no camarim dele."
"Mas semana que vem vai ter Nokia Trends e ela vai estar ganhando muito mais dinheiro ainda."
"Que nada, o Nokia trends vai estar tão vazio quanto e..."
"Nem vai tá vazio não, rapá!"
"...todas as empresas de telefonia celular vão acabar falindo, o que você acha disso?"
"Err... eu concordo plenamente, embora seja o primeiro evento do estilo que eu participo mas.."
"Mentira, você foi no Motomix, amor." - a mulher do nosso entrevistado entregou.
"É verdade."
"Pô, tá com vergonha de dizer que você foi no MotoMix, cara?"
"O Motomix foi foda."
"Então assume pro Brasil inteiro aqui que você foi no Motomix."
"Eu assumo. Porque o evento foi foda e eu gostei muito, valeu a pena..."
"E o seu celular é Moto?"
"O meu é." - ela disse
"Mas seu celular é Moto porque você foi no MotoMix?"
"É, isso prova o meu bom gosto."
"E você acha que um fã de Moby vai mudar seu celular pra Nokia porque a Nokia trouxe o Moby?"
"Cara, o meu é Moto e Oi, nada a ver."
"O meu é Vivo e Lg, nada a ver."
"Eu não entendo nada dessas coisas." - tava tão confuso quanto vocês lendo isso aqui agora naquele momento.
"O meu também é Vivo e Samsung e eu tô aqui no Moby."
"E eu não vou trocar, não adianta."
"E eu vou trocar porque eu tenho um Oi e não consegui desconto nessa porra."
"Mas no Tim Festival, se você tiver um tim, você consegue."
"Cara, esses dias eu achei um celular na rua. Vamos fazer o seguinte... eu te dou ele e em troca você entra de graça na minha festa, o Ricotta'n'roll, o que você acha disso? Acho que eu tinha que entrar nesse mundo da telefonia celular, ia ganhar muito dinheiro. Ia ser assim RICOTTA. CALLING THE WORLD. Se ao invés de Nokia Connecting People a marca fosse Ricotta Alguma Coisa, qual seria o slogan que você criaria se tu fosse um publicitário de sucesso?"
"(...)" - hmmm...
"Tipo, CALLING THE WORLD. CALLING DR. LOVE. Promoção do Dia Dos Namorados. Aí a gente chamava o Gene Simmons e o Paul Stanley pra fazer a propaganda THEY'RE CALLING... TU! TU! TU!... DR. LOVE! Pô, o Lobão deixou de vender ME CHAMA por um milhão de dólares prum comercial um tempo atrás, você acha que ele é um idiota?"
"Sim."
"Mas eu não acho. Acho que ele fez muito bem em não se vender à esse mundo porco capitalista. É a música mais conhecida dele, vale um milhão de dólares? Pô, vale a vida dele, a carreira!"
"É verdade, vale sim."
"Ora veja você." - Toother bolou com a rapidez com que o cara mudou de opinião.
"Eu sou facilmente convencível."
"O legal de ficar fazendo entrevistas é persuadir as pessoas a falarem o que você quer ouvir."
"Pois é, o Jô Soares é mestre nisso."
(...)
Vocês são muito fãs do moby?
"Somos"
"E vocês acham que tem tudo a ver estar tocando essa música do Surto aqui agora?" - tocava Pirou o Cabeção nos alto falantes do Riocentro ainda mega vaziaço.
"Não, não tem nada a ver."
"É o DJ Patife que tá tocando agora, será?"
Pensei mesmo que fosse esse tal de DJ Patife até porque só mesmo um DJ bem patife pra botar O Surto no inicio do show do Moby.
"Não, nem é."
"Quem será esse maldito dj? Pô, tudo bem que ainda tá vazio mas o cara quer que as pessoas vazem? Não é possível."
"Tá quebrando o clima."
(...)
Nos dirigimos à área vip pois somos mais importantes que os outros e víamos do alto que a galera começava a chegar timidamente ao Riocentro. Estávamos amarradões bebendo bacardi com coca de graça e a grande questão era POR QUE SERÁ QUE A GENTE SEMPRE ACHA TÃO ESCROTO ESSE LANCE DE ÁREA VIP MAS QUANDO A GENTE ESTÁ NELA SE SENTE BENZÃO? NÃO É DE UM ELITISMO ESCROTO? Acho que somos elitistas escrotos e temos vergonha disso.
(...)
(váááários dias depois do show do Moby no msn)
"Cara, aí... preciso da tua ajuda... tu pode me ajudar a decidir como terminar um texto?"
"Claro."
"É o seguinte... eu precisava terminar de escrever sobre o show do Moby. Eu tô aqui com uns mp3 das entrevistas que eu gravei no dia, as coisas loucas que rolaram, enfim... só que eu não tô com o menor saco de terminar esse texto, ele ficou dias no meu computador incompleto. Você acha que eu devo simplesmente não falar nada sobre o show e foda-se? Ele já tá bacana, saca? Eu tava contando sobre como a gente chegou lá cedo e ainda tava bem vazio, rolaram uns papos surreais sobre telefonia celular, enfim..."
"Sei... essa de não falar do show e foda-se é uma boa. Mas tem que ter um desfeicho, cara."
"Quer saber? Foda-se. Não vou falar sobre o show. Vou terminar o texto assim do nada mesmo."
* Felipe Ricotta é vocal e guitarra do Carol Azevedo e caga pro Moby apesar do show ter sido fodaço.
(o arrependimento)
"Pô, cara... pior que tinham umas partes legais... teve o lance da Mariana Ximenes com os paparazzi, teve a massagem nas costas mais maravilhosa que eu já recebi na vida bem no meio do show, teve o clone do Moby que tava bem do meu lado... tô na dúvida agora se eu continuo ou não. Ainda não escrevi nada sobre isso."
"Eu aconselho você a continuar. Me manda ele aí que eu dou umas idéias..."
"Mas agora não dá mais tempo. Eu já fechei o texto, botei o * Felipe Ricotta é vocal e guitarra do Carol Azevedo blah blah blah..."
Carol Morreu
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