Carol Morreu - Sobre as Vergonhinhas (Parte 1)
Por Felipe Ricotta
Postado em 16 de novembro de 2005
Tá, talvez minha outra missão na Terra seja conseguir fazer lixo pop com conteúdo.
"When You're Young You Get Sad. And You Get High." ("To Be Young", Ryan Adams)
(ricotta & the city?)
"Ow cê namora, Ricotta?"
"Cara, num consigo mais. Me apaixono várias vezes por dia em scraps de orkut e mesas de bar. Mas já namorei. Hoje num levo mais fé na monogamia."
"Ah cara, toda vez que eu invisto numa mina ela fode comigo... tô meio incrédulo, manja? Você fode a mina e ela te devolve te fodendo de outro jeito. Eu tava dando uns pegas meio sérios com uma menina mas assim, sem namorar. Dois dias depois, ela fala que ficou com outro... começa a namorar o cara e no outro mês fica grávida e muda para a casa dele."
"É por isso que as mulheres são tão fantásticas, cara. Ontem eu me declarei pra uma e foi lindo só de sacar a expressão no rosto dela... De se sentir desejada violentamente, de fazer um cara metido a durão sentimental pseudo-galinha gaguejar, saca? Cara, o lance é o seguinte... tomar fora ou não, se declarar pra elas... é simplesmente deixar a natureza agir, saca? Elas que têm que decidir. Elas que têm que pirar a nossa cabeça... a gente só tem que aceitar... e tentar ficar de igual pra igual, mesmo que seja uma tarefa impossível."
"Eu acho que o problema é comigo, sou muito exigente. Quando descubro melhor a pessoa, me decepciono ou ela me fode. E quando eu vou me declarar, sempre me fodo."
"Cara, mas se declarar nada mais é que botar pra fora nossa necessidade enrustida de querer ficar nas mãos delas, cara. Percebe isso. É o que a gente quer no fim das contas... que elas cheguem e tomem conta da parada. E que tirem a roupa também pra gente poder ter um pós sexo digno com uma mulher que a gente possa chamar de dona."
"Nunca tinha visto por esse prisma."
"Mas você tem que explorar os pontos fracos delas... é divertido... é se declarar, mas ao mesmo tempo não tomar nenhuma atitude drástica, fingir que aquilo não significou muito minutos depois, dar mole pra outras, fazer ciúme. Dá pra fazer muita coisa pra amenizar um pouco a nossa condição. Até porque é difícil ficar muito tempo sem perceber que por mais que você faça tudo que for preciso, elas sempre vão estar no comando, num tem jeito."
"Boa teoria."
"Na verdade, eu não faço a mínima idéia sobre o que eu estou falando... eu só tô tentando passar pro teu msn o que eu lembro que senti ontem com a vodka pesando no emocional, lógico. Ela ainda tá correndo aqui pela corrente sanguínea nesse momento então essa teoria pode soar muuuuito suspeita. Na verdade, tudo isso aqui é só pra ela ler mesmo."
(...)
"Christine Pa Rã Pã Sixteen Pa Rã Pã..." ("Christine Sixteen", Kiss)
"Hmmmm, peraí, vou dar uma checada nos meus arquivos por algo embaraçante... o pior é que tá difícil aqui... vou mandar minha mãe cantarolar umas bregas antigas, talvez eu me empolgue..."
"Porra, Christine... e a nova dos Backstreet Boys? É linda!"
"Minha mãe tá vendo essa novela das seis, da índia com olho verde lá, começou a tocar India, com o rei cantando, não é que sem querer comecei a cantar junto? Mas Roberto Carlos acho que não vale. É algo meio contagiante, cara. Outra que acabei de me recordar é Toxic da Britney, tem um toque daqueles filmes de perseguição, um riffzinho legal, acaba ficando na cabeça também, tenho que admitir que se não fosse ela CANTANDO, ouviria a música com mais gosto."
"Tu tem algum tesão enrustido pela Britney ou algo do tipo?"
"Você quer que eu tenha tesão na Britney? Eu não, só acho a música bonitinha, sabia que tu ia levar pro lado errado..."
"Nem tô levando, tô só perguntando, porra. É que outro dia vi um clip dela que me deixou louco e eu nunca tinha sentido isso por ela antes. Só sei que quando ela olha pra mim e fala WHY DON'T YOU DO SOMETHING? mexe com os meus brios, cara. Me dá vontade de ser homem e tal."
"ME DÁ VONTADE DE SER HOMEM? Tá Ricotta, me poupe dos detalhes libidinosos escondidos no seu ser..." - ela não entendeu.
(...)
(2 caras velhos)
"Eu curto aquela do Whitesnake. Love Ain´t No Stranger. Foi uma das primeiras que aprendi a tocar... essa é lixona, mas emociona geral. WHO KNOWS WHERE THE COLD WIND BLOWS..."
"Aliás, essa frase é linda. O cara quer saber sobre os ventos frios e tal, aí pergunta pra todos os amigos dele mas ninguém sabe. Ia ser louco se alguém soubesse, né?"
"Talvez um que trabalhasse com o serviço de metereologia, vai saber."
"Quê que te lembra esse som?"
"Paixões da adolescência, sei lá. Lembra o colégio."
"Era o Steve Vai que tocava essa epoca ou o Vanderberg lá?"
"Nem sei quem era. Se bobear era o Steve mesmo."
"E tu queria ser o cara?"
"Queria ser, não, porque eu acha patético. Mas a música era do caraleo."
"Porra, quando muleque tu já achava patético?? Tu nasceu pra ser escritor mesmo! Tu era velhão de ficar reclamando da vida quando era mais novo?"
"Totalmente. Eu era muito mais velho quando era moleque do que sou hoje..."
"Tu já tocou guitarra se olhando no espelho e tal?"
"Esse depoimento eu não dou!"
"Pô, eu num boto teu nome, relaxa..."
"Sendo sincero, não me lembro mesmo."
"Melhor não ir mais fundo porque senão vai virar terapia e tu pode acabar descobrindo um lado teu de poser frustrado que tu num conhecia e tal... Eu sou poser frustrado confesso. Já botei bandana na cabeça pra imitar o Axl na capa da Bizz. Era ele de bandana e um boné em cima... lembra dessa capa? Acho que foi a primeira capa do Guns na Bizz. Tinha um entrevistão."
"Lembro sim, clássico. Eu odiava Guns."
"Tu gostava de quê naquela época?"
"Que ano é isso? 95?"
"Menos, eu acho."
"Eu ouvia muito Pink Floyd. Mas gostava de coisas da época, Pearl Jam, Soundgarden. O que eu detestava mesmo era o Guns."
"Volta uns 5 anos então... 1990."
"Putz, aí eu não lembro mesmo. Eu tinha 12. Botava som em festinha. Era uma rebarba dos anos 80 que rolava. Curtia New Order, Depeche Mode, era tarado pelo Depeche Mode."
"Tu pegou o boom do Technotronic? Que era aquele ser de boné que até hoje eu num sei se era homem ou mulher?"
"Ah, eu me amarrava. Botava pra tocar nas festinhas no play PUMP UP THE JAM."
"Cara, eu lembro que nessa época que eu tinha um melhor amigo e a gente sempre ficava trocando idea sobre as mulézinhas e tal ouvindo som na varanda da casa dele... e a gente era a fim da mesma mulé... aí, ele acabou pegando a maldita, mas mesmo assim a gente continuava amigo e ele ficava me contando as paradas que rolavam com ela, era bizarro... aí tocava BLIND FAITH que era um som do Warrant, uma balada... eu falava pro cara PÔ, ESSA MÚSICA ME FAZ LEMBRAR ELA. E o cara pegando a mulher, era surreal."
"Caralho, bicho. Que situação merda. Minha adolescência também foi por aí. Eu era um merda. Quer dizer. Não era, mas também não pegava ninguém."
"Eu era a fim das garotas mas quando era pra rolar algo, subia pra casa com vontade de cagar."
"Cara, mas é por causa dessas paradas que você escreve e coisa e tal. Nenhum adolescente normal tem talento. Esses caras que pegavam todas as meninas hoje são funcionários públicos."
"Verdade! Tava pensando nisso esses dias... os caras mais populares hoje em dia tão vivendo vidinhas de mierda, a grande maioria."
"Podes crer, eu já pensei muito nisso."
"Eu tenho muita vergonha de assumir isso mas eu amo HERE IS GONE do Goo Goo Dolls."
"Tem uma deles que é mais foda... trilha daquele filme... ao som dessa música eu já buchei muito... IRIS. Tu conhece?"
"Lógico! Na época que saiu, eu curtia Goo Goo Dolls pra caraleo... foi um pouco depois que eles fizeram o A BOY NAMED GOO que era um disco que eu amava na época."
"Essa música é foda. Triste pra caraleo."
"Depois ela virou do povão e perdeu um pouco da magia, como sempre."
"Podes crer, isso sempre rola."
"Ela tem um clima meio voyeur, sei lá."
"And I'd give up forever to touch you 'Cause I know that you feel me somehow You are the closest to heaven that I'll ever be And I don't want to go home right now. Tive que baixar a música..."
"Brother, eu tô ficando bolado. Quanto mais eu escrevo sobre sexo, mais surgem mulheres me contando segredos sexuais. Bizarro isso..."
"Elas querem te dar! Aproveita."
[an error occurred while processing this directive]"Acho que mulher é tão bolada com o machismo da maioria dos caras - e delas próprias, principalmente - que quando lêem alguém falando sobre sexo numa boa, elas se sentem mais soltas pra falar também, sei lá."
"Claro. Pra falar e pra fazer também..."
"Pô, já ouviu aquela musica do Weezer TIRED OF SEX? Tô de saco cheio de fuder sem sentimento, uma merda isso."
"Sei exatamente do que você tá falando."
(...)
(outros 2 caras velhos)
"Fui naquela merda de Ipanema comprar ingresso pra ver Factotum."
"Foda... eu quero ver também, mas vou esperar chegar em DVD, o problema do Festival De Cinema é que você acaba encontrando mó galera e todo mundo lá tem bom gosto pra cinema e música. É um clima horrível! Aí, fala sobre uma música que tu ama mas que tu tem vergonha."
"Pô, não acho que tenha vergonha de nenhuma não. Sou um sem-vergonha."
"Alguma do Engenheiros Do Hawaii, sei lá."
"Aí eu teria vergonha, no caso. Já tô pensando, péra, caralho, lembrei! ANJO BOM. AS CONSTELAÇÕES HÃO DE TER O BEM QUE VOCÊ SONHOU... Eu tava pegando a filha de um vice-prefeito no carro do meu pai quando tocou essa música uns 18 anos atrás. Depois fui pro Circo Voador e na hora que a música tocou, ela olhou pra mim e eu peguei ela de novo. Adoro essa música.
E SE FOR ALGUÉÉÉMMM QUE POSSUUUUUUUI A LUZ DE UM ANJUUUUUUUUUUUUU BOOOOOOOMMMMMMMMMMMM... 14 Bis, né?"
"Sei lá, não conheço... mas conta melhor essa porra... cês se pegaram no show do 14 bis?
Ou tocou a musica lá?"
[an error occurred while processing this directive]"Era do Toninho Horta e 14 Bis. Primeiro foi numa festa na casa do Sady. Nessa época, em 15 dias, se pegava 16 mulheres. Pré-Aids. 1989, por aí." "Sady, o cara do Nenhum de Nós?"
"Não. É um cara do folclore carioca dessa época. Ele não é gente, é lenda."
"Quando eu penso em algum Sady, eu lembro de um gordinho albino que tocava no Nenhum de Nós que por acaso é uma das piores bandas que eu já escutei em toda a minha vida. Chega a ser pior que o Biquini Cavadão."
"É horrível e cara-de-pau e os caras tem mó conceito no Sul."
"Mas aí tu olhou pra mulé, tava tocando a música e rolou um clima no ar e tal? Foi isso? E ficou marcado na tua cabeça?"
"Isso. E na época eu nem achei ridículo. Era gata pa caraleo e apertava um baseado com uma competência que eu nunca tive."
"Cara, a primeira música que me fez chorar foi uma do Sugar Ray. Essa é uma das maiores vergonhas da minha vida."
"Ah, pô. E eu que gostava de Oswaldo Montenegro? Tocava Léo e Bia no violão, quer vergonha pior? Fui ver Banquete dos signos. PAGUEI!"
(continua...)
Carol Morreu
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