Carol Morreu - Peter Parker escuta Loser Manos?
Por Felipe Ricotta
Postado em 14 de agosto de 2004
Definitivamente, eu devo ter sérios problemas. Por que será que sempre que o clima é de harmonia total entre as pessoas, as vibrações são as mais positivas e todos cantam felizes em coro as mesmas canções, eu me sinto meio incomodado? Seria a Síndrome Do Garoto Enxaqueca?
Los Hermanos, Rio, Claro Hall, Sexta 15 de Julho.
Enfim, foi assim que me senti na maior parte do tempo ao encarar mais uma apresentação dos Barbas em sua terra natal, onde hoje em dia eles são mais endeusados que os Beatles (hã?!).
O que me deixa intrigado (e muito feliz, com certeza) é imaginar como que os caras conseguiram criar um público tão imenso visto que são barbudos nerds estranhos e vestem camisas Pólo com listrinhas horizontais ridículas, daquelas que até nossos pais teriam vergonha de usar.
Na hora em que cheguei, fiquei impressionado com o grande número de sub-15's que se aglomeravam na frente do palco e acabei entrevistando uma mini-fã de apenas 11 anos(!) que estava acompanhada da mãe, guiado pelo sentimento de esperança num mundo melhor pra todos nós. We Are The World, We Are The Children.
"Então, diz aí...O que mais vc escuta além de Los Hermanos? Sandy e Jr cê curte, né?" - eu tentei desmascará-la.
"Não muito."
Nem preciso dizer que foi um choque total ouvir aquilo! Tanto que cheguei ao cúmulo de elogiar com emoção a mãe pela forma como ela tem educado a Little Hermana.
Depois do baque, resolvi trocar uma idéia com algumas pessoas do bem que circulavam pelo recinto e aproveitei a deixa pra tentar fazer novas amizades.
"Se o Camelo tivesse a cara do Bon Jovi, você ia gostar mais das músicas dele?"
Pela cara que a menina fez, já soube da resposta antes dela abrir a boca e me dei conta de que não ia ser dessa vez que eu iria adicionar um novo número na agenda de telefone.
"Lógico que Não! Eu acho ele um cara muito interessante."
"Então ele é aquele tipo de cara pra namorar e não só pra dar uns pegas numa noite, é isso?"
"Que??!"
Eu achei melhor ir embora antes que eu falasse mais alguma merda e ela não tentou me impedir.
(...)
O show rolava e era aquela coisa de sempre. Nenhuma novidade, nenhum hardcore do primeiro disco e nenhum motivo pra ficar olhando pro palco, já que você pode olhar ao redor e se divertir muito mais com todas aquelas pessoas cantando com a mão no coração e de olhinhos fechados.
Aliás, acredito que o clipe de "O Vencedor" seria o retrato ideal de como funciona a banda ao vivo. É como se eles fossem apenas um pano de fundo para que as pessoas possam transcender a um plano espiritual onde o canto pra dentro se transforma no mecanismo que faz com que elas se tornem as únicas estrelas do espetáculo (????).
Uma fã mais pentelha achava que não era nada disso e me disse que o show deles é chato porque a sensação é a mesma de ouvir o cd em casa no sofá.
Mas apesar dela ter cortado meu barato filosofal e por mais que eu pague o maior pau pro som dos ZZ Top's brazucas, eu tenho que assumir que é chato mesmo ver aqueles caras que tão tocando como se estivessem apresentando a Monografia Eterna. Tirando o Amarante, que fica abrindo e fechando as pernas o tempo todo (seria a Dança Da Tesourinha?), o resto da banda se destaca pela IMOBILIDADE TOTAL em cima do palco. A solução pra isso? Eu recomendo aulas de expressão corporal, junto com a galera do Fama.
(...)
Enfim, show dos Loser Manos é isso mesmo, não dá pra se esperar um algo mais. E isso pode ser bacana, contanto que você aceite o formato e incorpore.
Uma coisa que eu reparei é que muitos fãs enchem a boca pra falar que o legal dos Los Estranhos é que eles são 'pessoas como a gente'. Sem maquiagem, sem pose. What You See Is What You Get, e eu sempre levei isso numa boa, mas tem hora que isso enche a porra do saco, se você quer saber. Como quando o Camelo falou com a platéia. "Eu queria dedicar esse show aos meus pais, que estão completando 30 anos de casados..."
Puta merda, tudo bem que o cara é mais bonzinho que a Madre Teresa, mas dedicar o show ao aniversário de 30 anos dos pais é o fim da picada, não? Nada mais broxante. E na hora, confesso que incorporei o espírito do Charlie Marrão e tive desejos secretos de cabeçar aquela napa gigante.
Mas passou já.
Carol Morreu
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