Beatles: Ringo Starr relembra como recebeu a "devastadora" notícia da morte de John Lennon
Por André Garcia
Postado em 02 de dezembro de 2022
Ringo Starr foi o último integrante a entrar para os Beatles — em 14 de agosto de 1962, fazendo sua estreia apenas quatro dias depois. Uma curiosidade é que, para isso, ele teve que fazer a barba e desfazer o topete para não destoar de John, Paul e George.
Em 31 de março de 1981, Ringo e sua esposa Barbara Goldbach deram uma entrevista no quintal de casa para Barbara Waters no programa 20/20. Entre outras coisas, ele falou sobre o fatídico dia 8 de dezembro do ano anterior, quando recebeu a notícia do assassinato de seu amigo e colega John Lennon.
"A música sempre foi mais importante do que qualquer outra coisa, para mim, pessoalmente. Os outros dois, você tem que perguntar a eles. Não é estranho dizer isso agora? É tão novo para mim... eu estava tão acostumado a dizer "os outros três", mas agora são só dois, o que é uma lástima. Mas está tudo bem."
Após uma breve pausa, Ringo provavelmente percebeu que não, não estava tudo bem, e abriu seu coração: "Estou muito triste, ainda sinto falta de John. Vou sentir falta dele para sempre, mas ainda é algo novo."
Sobre o recebimento da notícia, ele respondeu:
"A filha de Barbara nos ligou e disse que John foi baleado. Aquilo me deixou maluco, mas pensei que tivesse sido um tiro no braço, na perna... Depois que nos disseram que ele... estava morto. Quer parar [a entrevista] agora?" — perguntou Ringo, emocionado. "Porque é algo que não ajuda, mas sempre me deixa chateado. Ele era um grande amigo."
Em outro trecho, Ringo retomou a história:
"Eu estava nas Bahamas, e assim que soubemos do que tinha acontecido, pegamos um avião o quanto antes e fomos para Nova Iorque. Não que você possa fazer alguma coisa, mas você tem que ir lá dar um oi e ver se há algo que você possa fazer. Não há nada que você possa fazer, mas pelo menos estar lá, sabe?"
"Foi devastador para mim. Mas, por mais devastador, jamais deixei de citar o que Yoko me falou. Eu disse para ela 'Eu sei como você se sente', e ela disse: 'Não, você não sabe. Porque não importa o quão próxima dele eu fosse, eu não tinha a metade da proximidade que ele tinha com você.' Aquilo sim acabou comigo, mais do que qualquer outra coisa."
Beatles
Pioneiro, John Lennon formou o The Quarrymen em 1956 — ano do lançamento do álbum de estreia de Elvis Presley, considerado o marco zero do rock. Paul McCartney se juntou a ele em 58, George Harrison em 59. Depois de trocar de nome várias vezes, em 1960 a banda adotou o definitivo: The Beatles.
Em ascensão então sem precedentes, eles conquistaram Liverpool em 62, a Inglaterra em 63 e os Estados Unidos e o mundo em 64, o ano da beatlemania. Após serem apresentados à maconha por ninguém menos que Bob Dylan, em meados da década o quarteto deu uma guinada em sua carreira, se afastando das canções pop e buscando fazer algo mais maduro.
Ao abandonar os shows ao vivo em 1966 — que, cada vez mais caóticos, chegaram a colocar a vida de seus membros em risco —, os Beatles puderam se dedicar integralmente às gravações. Com álbuns como "Revolver" (1966) e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" (1967), eles atingiram seu auge criativo abusando de instrumentos exóticos, experimentações sonoras e inovadoras técnicas de gravação. Não é por acaso que o "Sgt. Pepper's…" está entre os álbuns mais vendidos de todos os tempos.
Com o "White Album" (1968), por outro lado, eles já davam sinais de crescerem em direções diferentes, perdendo a unidade e coesão. A partir dali, cada vez mais a banda ficou pequena para os quatro. Insatisfeitos, para poderem fazer o que realmente queriam, tiveram que seguir caminhos separados após a gravação de "Abbey Road" (1969). O "Let it Be" (1970) já foi lançado como um trabalho póstumo.
Apesar de ter encerrado sua trajetória há mais de meio século, os Beatles seguem conquistando a novas gerações, e até hoje permanecem entre os nomes mais populares da música.
Morte de John Lennon
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