John Lennon: quatro décadas após, Mark Chapman tenta explicar por que o assassinou
Por Igor Miranda
Postado em 22 de setembro de 2020
A BBC teve acesso às declarações de Mark David Chapman, o homem que matou John Lennon em 8 de dezembro de 1980, durante sua recente audiência de liberdade condicional. O assassino pediu desculpas à viúva de John, Yoko Ono, e disse que merecia pena de morte pelo que fez.
"Só quero reiterar que sinto muito pelo meu crime. Não tenho desculpa para isso. Era pela minha própria glória. Acho que foi o pior crime que poderia ser cometido contra alguém que é inocente", disse, inicialmente, diante do conselho de liberdade condicional do local onde está preso, a Wende Correctional Facility, em Alden, próximo a Buffalo, em Nova York.
Hoje com 65 anos, Chapman refletiu que Lennon era "extremamente famoso" e tentou explicar qual foi sua motivação ao cometer o crime. "Eu não o matei por seu caráter ou pelo tipo de pessoa que ele era. Ele era um cara de família, um ícone. Era alguém que falava de coisas que agora podemos falar sobre, e é ótimo. Eu o matei porque ele era muito, muito famoso e essa é a única razão. Eu estava sendo muito egoísta, buscando muita glória própria", declarou.
O criminoso voltou a enfatizar que agiu de forma egoísta e lamentou o ato. "Sinto muito pela dor que causei a ela (Yoko Ono). Penso nisso o tempo inteiro", disse.
No trecho final da audiência, Chapman afirma que deveria ter recebido pena de morte - o que não existe mais em Nova York desde 2007. "Quando você intencionalmente trama o assassinato de alguém, sabendo que é errado, e faz isso por si, deveria render pena de morte em minha opinião. Alguns discordam de mim, mas todos recebem uma segunda chance agora. Eu não mereço. Se a lei e você decidirem me deixar aqui pelo resto da vida, não vou reclamar", afirmou.
Onze tentativas de liberdade condicional
Apesar de ter dito que merecia morrer por decisão da Justiça americana, Mark Chapman deu as declarações justamente em uma audiência onde buscava ter liberdade condicional. Foi a 11ª tentativa do assassino, que foi condenado à prisão perpétua, mas está elegível para obter o direito condicional desde 2000 - algo que ele pode tentar de 2 em 2 anos. O pedido, até então, sempre foi negado.
Em 2018, ano de sua solicitação anterior, Mark David Chapman disse que "encontrou Jesus" e que sente "cada vez mais vergonha" de seus atos.
Yoko Ono, viúva de John Lennon, já se manifestou de forma contrária à liberação de Mark Chapman. Ela afirma temer pela segurança dela e de sua família.
Na decisão de 2018, um conselho responsável por julgar o pedido de liberdade condicional de Chapman diz que a soltura do assassino de John Lennon seria "incompatível com o bem-estar e a segurança da sociedade" e do próprio homem, pois "alguém poderia tentar ou conseguir feri-lo ou matá-lo por raiva e/ou vingança". O mesmo argumento foi utilizado agora, em 2020, pelo conselho responsável.
Morte de John Lennon
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