Carol Morreu - Eu sou uma farsa, porra!
Por Felipe Ricotta
Postado em 30 de dezembro de 2005
Festa da Lab Pop/Novembro 2005.
Teatro Odisséia.
Chegamos no Teatro Odisséia e logo percebemos que o DJ que tocava era um cara pusta egoísta.
Botou o som alto pra caraleo.
Não queria que as pessoas trocassem idéia, só que ouvissem seu set list.
"Por isso que eu sempre saio com dor de cabeça do Teatro Odisséia."
Não bastasse o esporro sonoro de 6 bandas tocando em uma noite, chegava na hora dos intervalos que seria a hora ideal pro descanso do ouvido e pra troca de idéias com pessoas interessantes e o DJ queria tocar alto também.
Hang The DJ!
(...)
O doido que faz essa festa Hang The DJ me falava sobre a edição da mesma que ele fez num puteiro e eu achei genial.
"Mas as putas tavam lá e tal?"
"Lógico!"
Mas isso não importa tanto. O que importa é que eu tinha uma missão investigativa jornalística séria na noite.
AFINAL, POR QUE DIABOS TIRARAM MINHA COLUNA DA LABORATÓRIO POP?
Levei meu irmão brother Toother, que acabou indo pro Odisséia muito mais pra dar uma força pro nosso outro brother Murilo Benício Cover, que iria subir ao palco na noite, do que pra me ajudar na investigação.
Levei também Hax, A Rainha das Montagens, e seu homem, Anita Cover.
Mas elas também não me ajudaram em muita coisa. Só mesmo pra jogar um charme feminino no DJ e mandar a real pra ele de que o som tava realmente muito alto.
Falava pra Hax (ou pro Toother, não lembro) que esse lance do som alto nos lugares reflete muito bem o atual nível dos papos que rolam por aí pelas noites afora. As pessoas não tem mesmo o que falar, então vamos botar um som alto e se embebedar pra tentar dichavar um pouco isso, certo?
(...)
Minha idéia inicial era fazer um filme com o meu ex editor que tava fazendo aniversário no dia. Pensei que o grande lance seria caprichar nesse texto, que era pr'eu mandar pra ele que ia dar várias risadas e ficar arrependido por ter me mandado embora e tal.
Então, usei o mesmo truque de uma ricotta que escrevi sobre uma das festas da revista e que me fez ganhar uma coluna. - leia ricotta #94 (http://carolazevedo.zip.net/arch2005-05-29_2005-06-04.html)
Ia pedir pra cada banda fazer a própria resenha do show que fez.
(...)
Comecei pelo Cadé do Abaixo de Zero, que abriu a noite.
"Cara, imagina que você é um crítico musical chato da Lab Pop e faz uma resenha aqui agora do show que vocês acabaram de fazer."
"Bem, o show do Abaixo De Zero foi um show energético que mostrou toda a energia e melodia que a banda tem pra apresentar e..."
"Tá, agora pára de conversa viada e fala de verdade como é que foi o show."
"O show foi barulhento e ficou nítido que..."
Foi quando uma garota bateu uma foto do cara e depois veio perguntar o nome dele. Eu tive que intervir...
"Pô, a garota bateu a tua foto e nem sabe o teu nome? Como assim? Ei, ei, vem cá... por quê você bateu a foto dele?"
"É que ele fez arquitetura na UFF que nem eu."
"Mas você nem sabe o nome dele."
"Não sei não, só sei que a gente eliminou ele."
"Como assim?"
"É que teve um encontro de estudantes de arquitetura e aí eu tava com um cd do Abaixo de Zero e..."
Foi quando Cadé se desesperou e NÃO CONTA ESSES PODRES AÍ NÃO! NÃO CONT...
"...a galera eliminou eles."
"A galera não gostou do cd, foi isso?"
"Mais ou menos isso."
Ele se justificou dizendo que NA ARQUITETURA SÓ ROLA REGGAE enquanto ela jurava que gostava da banda. Pedi pra ela cantar uma música deles então...
"(...)" - ela se desesperou e se sentiu pressionada - "... ah...... sei lá.... não sei não."
"O Ricotta é foda, parece a Marília Gabriela."
Hã?
(...)
O Polar foi a segunda banda e falei com o vocal e guitarra da banda.
"Imagina que você é um crítico chato igual os da Lab Pop..."
"Cara, se eu fosse um crítico da Lab Pop, ia falar que foi maravilhoso. Mas eu achei uma merda, achei que tava tudo desafinado, foi ruim... mas eles vão falar que foi lindo, que a gente teve atitude, que as pessoas amaram e que a gente faria sexo com todas as mulheres dali."
(...)
Pra mostrar pro pessoal da Lab Pop e pro Mário que além de ótimo cronista, ainda sou do tipo que "antecipo" sempre as últimas novidades no mundo da música, pedi pro Tchago, baixista do Leela, fazer uma resenha do show que ele estava pra fazer antes mesmo dele acontecer!
Ou seja, é um lance assim... NA COLUNA DO RICOTTA, VOCÊ FICA SABENDO COMO FOI O SHOW DO LEELA ANTES DO SHOW ACONTECER!
"Cara, o show que a gente foi/vai/meioquefez/vai fazer agora foi mais ou menos. O som tava meio grave, meio estourado mas foi foda pra caraleo basicamente. Tá bom?"
"Não, fala mais, pô. E aquela hora?"
"Aquela hora em que o prato quebrou ou que a corda do baixo estourou?"

"Não, aquela hora em que tu fez assim com o cabelo e tal..."
"Pô, aquela hora até eu me apaixonei por mim mesmo."
(...)
Foi quando surgiu no meu caminho alguém ligado à revista. Por motivos de segurança, não revelarei o nome da entrevistada.
"Por quê me tiraram da revista? O quê você sabe sobre isso?"
"Eu não sei de nada."
"Por acaso, você está sendo coagida pelo Mário Marques a não falar sobre o assunto?"
"É verdade, eu tô ganhando um suborno maneiro."
"Porque agora pouco eu fui falar com ele e ele desconversou... AH, MAS A GENTE AINDA NEM CONVERSOU SOBRE ISSO... mas eu já reparei que o meu nome não tá lá no site novo ao lado do nome dos outros colunistas, ou seja, ele me tirou mesmo da revista! Você sabe quem pode me ajudar a descobrir o que aconteceu?"

"Cara, pergunta pra Fernanda Gualda."
(...)
Um outro entrevistado muito ligado à revista tava com medo de falar e no início até exigiu um Programa de Proteção à Testemunha por ter medo de ameaças futuras.
Mas acabou entregando que achou a nova coluna social da revista um lance muito Caras.
"Olha, o Ricotta falava muito, era meio chato mas pelo menos ele tinha opinião."
"Mas então quer dizer que você preferia a coluna social do Ricotta?"
"No início, eu curtia. Só que eu acho que o Ricotta se empolgou também. Ele começou a escrever uns textos muito longos. Mas o texto era bom." - aí ele já tava falando da coluna que rolava no site.

"Cara, mas normalmente quando o Ricotta dá suas entrevistas ele sempre fala que essa fase na Lab Pop foi uma fase mais de experimentação, um desejo que ele tinha de inovar na arte do colunismo midiático musical internético."
"Isso aí eu não sabia. Agora eu compreendo completamente então o Ricotta. Acho que ele é um injustiçado."
"Então você acha que o Ricotta tinha que ser chamado de volta pela Lab Pop e ainda por cima receber o maior salário da revista?"
(Cara, pra você ver até que ponto chegou o jornalismo musical... Já viu alguém praticar em causa própria com tanta cara de pau assim?)

(...)
Mais tarde, me peguei sacando uma parte da galera da revista toda junta nas escadas do Teatro Odisséia batendo fotos e confraternizando.
E eu olhando me sentindo meio que de fora.
Foi um momento triste. Eles me tiraram da revista, que vacilo.
Até que meu ex editor me chamou pra sair na foto também.
Disse que tava com vergonha e não fui.
Nessa hora, já tava visivelmente emo e larguei mão da fracassada investigação jornalística e também das auto resenhas das bandas da noite pra tentar a cartada final.
Cheguei pra falar com a Fernanda.
"Fê, a parada é a seguinte, cara..."
(...)
(fim de noite, voltando pra casa eu confidencio ao Toother.)

"Virei pra Fernanda, que é quem tá cuidando mais da revista agora e falei pra ela que tava pregando uma peça neles. Neles e em todo mundo. Eu tava criando um personagem e ele tava ganhando forma cada vez mais nos textos.
As pessoas não estavam percebendo ainda, eu tava criando um personagem violento e ninguém tava se ligando, sabe? E a minha idéia era que as pessoas começassem a perceber PÔ, ESSE CARA TÁ MUDANDO MUITO A CADA TEXTO, O QUE SERÁ QUE ESTÁ ACONTECENDO? SERÁ QUE ELE TÁ CRIANDO UM PERSONAGEM?
Então eu contei isso pra ela como se fosse o meu segredo mais secreto de todos e falei que eles tavam estragando tudo tirando a minha coluna porque toda essa história de personagem tinha começado na Lab Pop.

Mandei um recado por ela pra todas as pessoas que mandam na Lab Pop (quem manda na Lab Pop?), falei que sabia que tinha gente na revista que não me entendia, que tem gente que acha que eu escrevo como débil mental, que me achavam meio metido e tal... e que isso tudo eram apenas impressões erradas, era tudo proposital e todos os textos estavam interligados, que tinha uma explicação pra tudo, que era um capítulo especial do meu livro.
Então virei e falei pra ela dar um recado pra todo mundo, que era pra todo mundo..."
"Ir tomar no cu?"
"Não, cara. Que era pra todo mundo se ligar na piada que tava rolando, que eu era uma farsa e tal. Ela olhou nos meus olhos, acho até que se emocionou um pouco e disse OLHA, RICOTTA. PODE TER CERTEZA DE QUE NA PRÓXIMA REUNIÃO EU VOU FALAR ISSO PRAS PESSOAS."

"Mas afinal, isso é verdade mesmo? Você sabia o que tava fazendo na época, esse lance aí de personagem, de textos interligados ou isso é tudo papo furado?"
"Cara, __________________________________________________."
"Podecrer."
* Felipe Ricotta é vocal e guitarra do Carol Azevedo, adora confundir as pessoas e tem certeza absoluta de que vai ganhar a coluna de volta na Lab Pop depois desse texto. Ou não.

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