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Colecionadores de discos e de calcinhas

Por Cláudio Vigo
Postado em 08 de julho de 2004

O Texto abaixo foi escrito há alguns anos. Na época eu escrevia a coluna "Notas do underground" no finado site Rocknet que era uma tentativa de reviver a Radio Fluminense (A Maldita) via Internet. Vivíamos o apogeu da expectativa de que o mundo seria "on line" e que as pessoas iam fazer tudo na frente de um computador.Alguns anos e muitas empresas ponto com quebradas depois resolvi requentar este acepipe. Espero que, com as devidas discrepâncias o prazo de validade não esteja muito vencido.

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Desde então muita coisa mudou (pero no mucho): Hoje já possuo todos os discos tanto do Back door quanto do Colin Hodgkinson, o Sparks já não me causa tanto espanto e descobri que a quantidade de tarados é muito maior que eu imaginava. Freqüento uma serie de listas de discussão tanto sobre Rock quanto Jazz o que me proporcionou conhecer pessoas fantásticas e gerar um grupo selecionadíssimo que conversa Via e-mail diariamente há alguns bons anos e se abastece reciprocamente com tudo que possamos imaginar.

Posso dizer que hoje é muito difícil não encontrar algo que deseje escutar basta teclar uma mensagem e rapidamente me vem pelo correio uma copia do obscuro objeto do desejo junto a inúmeros mimos variados.

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Com o desenvolvimento das Bandas Largas, compartilhamentos de Arquivos etc... o céu é apenas o limite para estes alucinados que acumulam coisas que possivelmente nem seus netos terão tempo de ouvir. Fiz uma conta básica outro dia e cheguei a conclusão que se colocar para escutar tudo o que tenho em casa seguido vinte quatro horas por dia sem repetir uma musica ia levar dois meses pra terminar a empreitada. Exagero? Que nada... Isso é brincadeira de criança perto de gente que eu conheço que dificilmente teria tempo de escutar um cd mais de duas vezes tal a quantidade de coisas que recebe diariamente. Sem mais delonga, segue o texto:


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Não existe diferença entre colecionadores de discos ou de calcinhas

A distância entre um colecionador de discos e um tarado colecionador de calcinhas é muito menor do que possamos imaginar. Nos dois casos o que importa é o objeto, o fetiche, ficando o contemplado, tanto a mulher quanto à música, em segundíssimo plano, só interessando a aquisição de uma nova presa que será venerada por alguns minutos até instigar a eterna sede para o próximo alvo. Parece maldição de filme de vampiro; o sujeito na verdade vive insatisfeito e macambúzio porque não é proprietário de todos os discos (ou calcinhas) do mundo. Uma verdadeira maldição. Não existe diferença entre colecionar discos de rock, estampilhas de Eucalol, selos ou revistas pornográficas.

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Se o ato de colecionar passa a ser mais importante que o usufruto daquele objeto, o perigo de se tornar um devasso do acúmulo é iminente. Eu já passei perto disto (não, caros amigos, não eram calcinhas que eu colecionava) e consegui escapar através de uma auto imposta quarentena regeneradora que me levou a desprezar a compulsão por aquele disco de progressivo sueco, aquele pirata da infância do Johnny Winter e outras bizarrices que tinham graça porque ninguém tinha ou conhecia e me davam um orgulho desmedido em apresentar a patuléia ignara como se fossem pérolas atiradas.

No meio de tudo isto eu tinha um disco piratão em que tocavam o já citado Winter com Hendrix e Jim Morrison (cantando numa Água total) que era tenebrosamente tocado e gravado, mas que eu insistia em tocar pra todo e qualquer visitante como se fosse mulher barbada de Circo de Cavalinhos. Todo mundo fazia "oh!" E eu me enchia de orgulho.

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Os debates e as disputas com meus pares eram acirradíssimos. Falávamos muito mais de discos raros do que da Música propriamente dita e certa vez fui terrivelmente desafiado dentro de minha casa quando um filhote de vampiro destes afirmou conhecer todos aqueles grupos finlandeses, russos, tchecos e argentinos dos anos 60 que eu lhe mostrava como se fossem troféus de Honra ao Mérito do Lions Clube. Mas percebendo ser impossível que ele conhecesse tais petiscos raros, inventei descaradamente um grupo imaginário inglês com discografia pirata e tudo mais e quando percebi que havia mordido a isca o desmascarei sem dó nem piedade. Foi constrangedor ver o embusteiro se retirar com o rabo entre as pernas enquanto eu sapateava em seu orgulho com um sorriso beatífico e alucinado. Uma coisa impressionante.

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Quando percebi o rumo obsessivo que as coisas estavam tomando resolvi dar um tempo e fazer a promessa de ouvir um disco de cada vez, dar preferência aos clássicos e esquecer as pirotecnias raras. Podem acreditar, isto me fez um bem enorme, mas de vez em quando tenho lá minha recaída e fico procurando um disco loucamente até conseguir, custe o que custar.

Foi assim com um grupo que eu adoro, mas bem pouco conhecido por aqui. Trata-se dos Sparks, maravilhoso grupo de Glam Rock dos 70 que é uma dificuldade para conseguir qualquer coisa mesmo em importadoras (só encomendando) e que tenho ouvido direto desde a recente aquisição. Formado em 1971 pelos irmãos Rom & Russel Mael, o Sparks tinha uma sonoridade que tinha ecos de vaudeville, umas guitarras à la TRex e umas vocalizações hilárias que ensandeciam as platéias. O visual era alopradérrimo.

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Enquanto um fazia a linha "andrógino flamboyant", o outro tocava de farda com um bigodito nazista e o couro comia em discos como Kimono My House, Propaganda e Indiscret. Imperdíveis para quem gosta de Marc Bolan, Bowie, Roxy Music e outras coisas semelhantes. Coloquem para ouvir Propaganda e At Home, At Work, At Play e depois me contem.

Outra raridade histórica que tenho procurado obsessivamente sem sucesso é uma banda também setentista chamada Back Door, uma espécie de Morphine pré-histórica. Eram também um trio de baixo, sax e bateria, só que tocavam um blues jazz rock de primeiríssima e tinham no baixo do genial Colin Hodgkinson, que solava como guitarrista, sua principal atração.

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Ando obcecado pelo tema e quem puder ajudar agradeço. Mas em todo caso, devo confessar: estou quase curado e já consigo passar por uma loja de CDs sem entrar, simulando uma indiferença próxima do tarado na porta do show room da Du Loren.


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Sobre Cláudio Vigo

Da safra de 62 , Claudio Vigo ganha a vida com a poesia, o jazz e o rock n roll. Paga as contas como arquiteto.
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