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On The Road: Mick Jagger, Graham Bond e Geração Bendita

Por Cláudio Vigo
Postado em 19 de fevereiro de 2002

Esta semana sairam duas matérias curiosas no Globo e Jornal do Brasil. Na primeira, John Leland do New York Times falava do desespero de velhos roqueiros como Mick Jagger de quererem se aproximar de uma fatia mais jovem do mercado, que sequer havia nascido quando eles estavam no auge. Na outra (JB) se comentava a descoberta de um obscuro grupo psicodélico setentista de Nova Friburgo que tem seus vinis cotados em até US$2 mil no mercado de colecionadores. Este culto às origens do rock costuma ter resultados ambíguos e curiosos. Quando será o tempo, como dizia Ian Anderson, onde estaríamos "Too Old To Rock'N'Roll, Too Young To Die"?

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A coisa tá feia. Mick Jagger andou ouvindo de sua filha Jade, de trinta anos de idade, o pedido desesperado pra que ele não apareça em público com nenhuma mulher mais nova que ela. O eterno "Dorian Gray" do rock (um tanto encarquilhado é verdade) deu de ombros e para divulgar seu último disco solo, o fraquinho "Goddes In The Doorway", saiu pra tirar umas fotos com o fã Lenny Kravitz (21 anos mais novo) prá ver se chega junto da galera que assiste MTV, acha Britney um tesão e se amarra no Five.

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Não adiantou muita coisa: o disco não passou do 39º lugar da parada e parece que nosso anjo rebelde beiçudo entrou definitivamente naquela categoria de grande clássico, cujos trabalhos antigos continuam vendendo horrores e seus shows continuam entupindo de gente que quer ouvir os velhos hits, mas tem seus trabalhos atuais rejeitados. Não tem jeito, se toca The Who o povo quer "Tommy", se toca Pink Floyd não sossegam sem "Time", e todos estes grandes medalhões quando retornam é pra encher o povo de lágrimas de saudade enquanto se comenta que um "tá barrigudo", o outro "tá careca" e "meu Deus... o que as drogas fizeram com eles!"

Na verdade o que era uma cabeça de ponte para o futuro se transformou em grandes corporações milionárias detentoras de marcas poderosíssimas que ainda vendem uma imagem de transgressão e rebeldia requentadas em antologias e filmes comemorativos. Quando se dizia insatisfeito ("I Can't Get No...") ou que se estivesse cantando "Satisfaction" depois dos quarenta se mataria, talvez nem de longe Jagger imaginasse que um dia estaria forçando uma barra pra se aproximar da garotada.

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Muitos medalhões estão na mesma canoa, o que não é o caso do macaco velho Keith Richards que costumava dizer que os Stones deveriam, na medida em que envelhecem, seguir artistas de blues como Muddy Waters, aparecendo de surpresa para tocar em bares sem pensar nas últimas tendências. Haveria algum valor no método de Richards: "a platéia poderia aproveitar a sabedoria dos veteranos ao confrontar seu envelhecimento" diz a certa altura o repórter. Bob Dylan parece ir nesta direção contrária ao servilismo juvenil.

O tema é complexo e tem um monte de variantes, mas não tenho como negar que os últimos trabalhos de toda esta turma costumam dar uma vontade danada de colocar os discos antigos pra tocar ou ouvir algo novo de alguém que surgiu com uma proposta nova e que não tem passado algum pra comparar. Nessa de ouvir umas velharias bateu uma certa missão arqueológica e uma vontade danada de falar dumas coisas bem antigas. Empoeiradas mesmo, mas que serviram de matriz para um monte de tendências posteriores.

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Recebi numa troca esta semana um velho disco da Graham Bond Organization que foi a origem de muitos grupos que por sua vez influenciaram muita gente. Já tinha lido sobre e ouvido falar à exaustão sem nunca ter escutado e foi muito interessante ouvir como novidade, reconhecendo retroativamente pelos influenciados, muita coisa que curti a vida inteira.

Sabe aquele amigo que mesmo sem ter nada de diferente reúne um monte de gente a sua volta? Sabe aquele jogador de meio campo que pouco aparece, mas sem ele o time não funciona? Pois é, este é o caso de um músico que deu as cartas no início dos anos 60 no que se chamou o boom do Rythym & Blues inglês e que propiciou uma geração de ouro de grupos fundamentais na história do Rock (Cream, Colosseum, etc...). Vamos afastar um pouco da poeira da memória e falar do grande Graham Bond. O avô do Blues Inglês (junto com John Mayall e Alexis Korner) e um dos pais do Jazz Rock.

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Graham John Clifton Bond nasceu em 1937 em Essex na Inglaterra e se entupiu de Jazz (foi escolhido a nova estrela do Jazz inglês em 1961), tocando sax no Don Rendall Quintet e participando ativamente do circuito Hard Bop da Ilha, até conhecer a dupla Ginger Baker e Jack Bruce na já mítica formação da Alexis Korner Blues Incorporated, uma verdadeira universidade que congregava todos os músicos emergentes que se interessavam em reproduzir a música dos velhos mestres sulistas que tinham estado há pouco por lá. Os gritos eletrificados de Muddy Waters ainda ecoavam, quando essa garotada resolveu esquentar esta mistura em pequenos clubes enfumaçados, onde em intermináveis jam sessions foi se formando o núcleo de varias bandas que tempos depois se tornariam a nata do Rock Inglês.

Em 1963, já tocando órgão Hammond e com um garoto chamado John Mclaughlin na guitarra, além de Bruce e Baker, forma a primeira leva de sua Graham Bond Organization, fazendo um som que era uma estonteante mescla de Soul Jazz e Blues de raiz se tornando uma das sensações do circuito local. A banda tocava covers geniais e um material próprio muito interessante e Bond possivelmente foi o primeiro músico de Rock a gravar com um Mellotron e caixas Leslie na história.

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Quando em 66 Bruce e Baker saíram para formar o Cream com Eric Clapton (uma das mais fascinantes bandas que já existiu) foram substituídos pelo baterista John Hiseman e o saxofonista Heckstall Smith, que depois, junto com Dave Greenslade e Clem Clempson, formariam o Colosseum.

A partir de 1969 gravou um trabalho solo e excursionou na Ginger Baker's Airforce, Jack Bruce Band e formou a Holy Magic, até que o abuso de quantidades inacreditáveis de birita e drogas diversas misturadas com uma paranóia ocultista botou tudo a perder. Se dizendo filho de Aleister Crowley, passou a cultivar um esoterismo mórbido que o levou a se jogar sob um metrô Londrino em 1974 aos 37 anos.

Apesar da carreira curta, a influência de Graham Bond foi enorme principalmente na sonoridade de um dos meus grupos preferidos desta época que misturou com muito talento o Rock com Jazz com fortes pitadas do progressivo que surgia então. Estou falando do Colosseum, que embalou muitas das minhas tardes ouvindo os quase vinte minutos de sua "Valentyne Suite".

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Formado em 1968 por uma turma que tinha acabado de participar do antológico álbum de John Mayall, "Barewires", o Colosseum gravou em sua fase clássica apenas quatro discos e teve sua melhor formação com John Hiseman (bateria), Dick Heckstall Smith (sax), Dave Greenslade (teclados), Dave "Clem" Clampson (guitarras), Mark Clarke (baixo) e Chris Farlowe (vocal). Com um som altamente elaborado com músicos de primeiríssima linha, quase todos remanescentes do boom do blues inglês e com forte formação jazzística, a banda chegou ao ápice no segundo disco chamado de "Valentyne Suite" onde se esparramam por dezessete minutos em uma bela composição de Greenslade (que chamou a atenção deste tecladista fantástico que pouco depois viria a se transformar em um dos ícones do rock progressivo com a banda com seu próprio nome).

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O disco ao vivo ("Live") de 1971 é pau puro do início ao fim e traz Clempson em excelente forma, só faltando fazer chover na guitarra. Em 1975 Hiseman remontou a banda com o nome de Colosseum II com Gary Moore na guitarra e tudo mais, mas com resultado bem inferior na minha opinião.

Após uns concertos comemorativos ensaiando um retorno em 1994, gravaram um álbum com a formação Clássica tentando um resultado mais atual e porque não mais Pop chamado "Bread & Circuses". Ouvi e particularmente não gostei e parece que o mesmo problema que aflige Jagger apareceu por ali, guardada as devidas proporções. Na ânsia de dar um frescor ao som a coisa pareceu meio embolorada. Apesar de todo mundo tocando bem, o resultado ficou muito aquém da capacidade; se era pra isso, não deveriam ter voltado. Deve ser complicada a cobrança da montoeira de fãs doidos por um pouco mais, mas deixa quieto pra ver como é que fica num é?

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Trazendo mais poeira ainda pro papo, vou lembrar da outra reportagem que eu li esta semana. Nova Friburgo é uma bela cidade serrana do Rio de Janeiro famosa por sua colonização Suíça, baixas temperaturas e uma longa tradição bicho grilo. Foi (junto com Visconde de Mauá) a Meca da contracultura carioca no final dos anos 60 e inicio dos 70. A quantidade de comunidades alternativas, cultores de pirâmides, iogues, tomadores de chá de cogumelo ou simplesmente alucinados em geral que habitaram (alguns ainda habitam) aquelas montanhas não era bolinho.

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Quem não ouviu Beto Guedes gemendo suas utopias em "Lumiar"? Pois é, era lá que o "bicho pegava" e aquelas estradas viram de tudo um pouco. Freqüentei bastante a região, pois um amigo tinha um sitio fantástico com lago, estufa, jipe etc, onde uma média de quinze a vinte pessoas iam sempre e onde a atividade principal era caçar Saci à noite ao som de Black Sabbath ou partidas de sinuca de quatro horas de duração. A cidade tinha um bar na praça principal com um enorme pôster de uma paisagem alpina onde todo mundo ficava horas observando cada vaquinha e sabendo de cor a camisa de cada Tirolês que aparecia na foto. Uma vez fiquei em um hotel vegetariano / escola de ioga onde tinha mesa com comida pra duende, uma cartomante paraguaia entrou em transe no refeitório dizendo que tinha uma "mensagem" pra mim - só de lembrar ainda sinto um gelo na barriga!

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Com todo este conhecimento local foi com enorme susto que me deparei com a notícia que um obscuro grupo de garagem de Friburgo chamado Spectrum era a nova coqueluche de colecionadores estrangeiros, e que uma cópia de seu esgotado vinil lançado em 1971 chamado "Geração Bendita" chegava a valer US$ 2 mil. Uma nova prensagem havia sido esgotada e o lançamento em CD estava vindo por aí. As músicas faziam parte de um inacreditável "primeiro filme hippie brasileiro" com o mesmo nome que inclui cenas explicitas de incineração de aparelhos de TV, devoção ao cânhamo e nudez alucinada (não necessariamente nesta ordem).

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Não ouvi, mas fiquei muito curioso, pois dizem ser uma mistura de Hendrix, Cream e Steppenwolf com vocais à la Mamas & Papas e Simon & Garfunkel - pelo menos era a descrição da reportagem. Para maiores informações (fui ver correndo é claro) vale ir ao site www.spectrum.mus.br e aguardar o lançamento em CD pois duas mil doletas é coisa de gringo doido. Dizem também que Big Boy se amarrava no disco e que depois dele faziam um som mais pra Led zeppelin. Ouvir para crer.


Pois é, no meio desta poeira toda o negócio é ir em frente. Se tio Mick desistiu de mim por causa dos meus cabelinhos brancos e dos quarentinha de estrada, pior prá ele! Que acabe fazendo jam com os Back Street Boys enquanto eu continuo dando razão a Keith Richards acreditando que pedras que rolam não criam limo.

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Sobre Cláudio Vigo

Da safra de 62 , Claudio Vigo ganha a vida com a poesia, o jazz e o rock n roll. Paga as contas como arquiteto.
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