Carol Morreu - Nando Reis no Caneção
Por Felipe Ricotta
Postado em 11 de novembro de 2004
Era minha primeira vez no Canecão e confesso que fiquei meio decepcionado.
(fer)Nando Reis.
Rio. Canecão.
"O amooooooooorrrr é o calooooooorrrr que aqueeeeeeece aa almaaaa(?!)"
É aqui mesmo nesse mega restaurante chic que vai rolar um show de rock? Será que eu vim parar no show da Alcione por engano?
Acabei desabafando com a moça do bar.
"Pô, o que são essas mesas aí? É o cara que vai tocar mesmo?"
Pelo visto, mosh nem pensar.
(...)
Minha fotógrafa da noite, ex-namorada e assistente de moda enrustida ficava horrizada com os modelitos masculinos que desfilavam perante nosso olhos.
"Ninguém merece aquele cara ali com camisa xadrez social pra dentro da calça."
"Olha aquele ali então! Camisa social de manga curta é algo que não merece comentários. Você compra uma de manga longa e dobra, será que ele não sabe disso?"
"Sério? Eu tenho uma verde de manga curta que eu adoro. Uso direto."
"Rasga. Joga fora, pelamordedeus!"
(...)
Vem cá, me diz onde foi parar o sex appeal do rock nacional?
Por que diabos só tem gente feia fazendo rock hoje em dia?
Nando Reis, Los Hermanos, CPM 22, Detonautas... cadê os galãs?
Cadê o Paulo Ricardo fase rocker de nossa geração? Por quem as menininhas roqueirinhas gritam atualmente? Pelo Chorão Gordão? Pelo Dinho Tiozinho?
"Olha, eu acho o Nando Reis um fofo."
"Fofo? Pô, mas o cara é todo magrelão, não tem nem o que apertar, como ele pode ser fofo?"
"Sei lá, ele tem todo um estilo de cantar e..."
"Podecrer, ele faz aquela Dancinha Do Joelho Que Dobra, né?"
"Pois é, isso mesmo."
Mas não podemos esquecer que o Nando merece crédito entre os estilosos por ter sido um dos pioneiros do vizoo "ErikMarmo-Ninho-De-Passarinho-Na-Cabeça" que tava super na moda um tempinho atrás por aí. Aliás, a aceitação desse style fez muito bem à auto estima de quem sempre quis ter o cabelo grande, mas que morria de vergonha das minhoquinhas miojeanas que brotavam de suas cabeças.
(...)
"Peraí que eu vi a Luize Altenhofen passando por aí."
"Sério? Aonde?"
Chegamos perto e minha decepção foi imensa após perceber que tinha viajado muito feio e que a gordeenha que acompanhava seu namorado feio não tinha nada a ver com a Luize Altenhofen.
"Nossa, Felipe. Realmente parece muito! Até a celulite do braço dela é idêntica!" - ela não me perdoou pela rata e foi muito cruel comigo.
(...)
Assim que os Hare Krishnas entraram abrindo o espetáculo, nos dirigimos à cara do palco (no Canecão, você bate fotos ajoelhado no chão pra não atrapalhar quem está jantand... err, assistindo o show) e o segurança bobalhão duvidou de minha condição de Imprensa só porque eu bebia uma cerva.
"Pô, tá bebendo aí e vem me dizer que tá trabalhando? É brincadeira comigo!" - e me tirou da frente do palco educadamente.
Dei um desconto pro mano, visto que ele não deve saber que mentes perturbadas como a minha produzem bem melhor em companhia de aditivos alcóolicos e/ou entorp's variantes, e levei numa boa, largando minha companheira trabalhando sozinha.
Ela acabou batendo mais fotos do Hare Krishna que ela tinha achado gatinho do que do Nandão, e foi devidamente repreendida e castigada com leves chibatadas pela falta de profissionalismo e pelo mole descarado.
(...)
Mas o que me deixou bolado mesmo foi que depois de um show maravilhoso, tocando pérolas como "Luz Dos Olhos" e "Relicário" muito bem acompanhado pelos seus Infernais, o cara quase põe tudo a perder fechando seu set como se estivesse tocando na praça de alimentação do Shopping Tijuca.
"Whisky a Go-Go" do Roupa Nova (a música que ele queria ter feito) e "Do Seu Lado", de sua autoria mas que ficou mundialmente conhecida na gravação do JayQuest, agitaram grosseiramente a galera e tudo que eu queria era me esconder no banheiro, até que aquele surto coletivo chegasse ao fim.
Deixando bem claro o drama, o cara conseguiu transformar o Big Caneca numa espécie de fim de festa de casamento de quinta categoria, fazendo aquelas pessoas que estavam comportadas e sentadas em suas mesas o tempo todo levantarem e dançarem aos 45 do segundo tempo, todas irritantemente/politicamente corretas e sem medo de serem felizes, quase como que cumprindo o script imaginário das boas maneiras em um show de rock light.

E nessa hora, eu tive tanta vergonha do meu compositor preferido que me senti como o adolescente que não se conforma com as tias gordinhas dançando com os sapatos na mão e os tios completamente bebuns dando vexame com as gravatas amarradas em suas carecas suadas no casamento de sua prima do interior.
(...)
"Adorei o show. Só fiquei decepcionada porque eu adoro quando ele canta 'vem me ensinar ter você' e ele cantou 'vem me ensinar a te comer'! Odiei!"
E minha fotógrafa, em off, bolou com o amadorismo da garota.
"Pô, mas será que ela não sabe que 'ter vc' e 'te comer' quer dizer EXATAMENTE a mesma coisa?"

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