O que significa "poeira se escondendo pelos cantos" cantado em "Teatro dos Vampiros"
Por Gustavo Maiato
Postado em 21 de abril de 2024
A música "O Teatro dos Vampiros" saiu no álbum "V" da Legião Urbana, no ano de 1991, e traz consigo uma mensagem sobre tédio, desilusão dos jovens e dificuldades econômicas que assolavam o país naquele início de década.
Um de seus versos mais enigmáticos acontece logo no começo da primeira estrofe, quando Renato Russo canta: "Sempre precisei de um pouco de atenção / Acho que não sei quem sou / Só sei do que não gosto / E destes dias tão estranhos / Fica poeira se escondendo pelos cantos".
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Mas o que será que significa esse trecho final onde Renato cita a poeira se escondendo pelos cantos? Para contextualizar a letra como um todo, o site da Clicrbs explica:
"Por mais que a música pareça como um retrato de um momento difícil que o Brasil estava passando, na verdade ela não foi composta pensando somente nisso. Em entrevista a MTV, Renato comentou que ele e Marcelo Bonfá fizeram uma música que era pra ser sobre a televisão.
É o retrato da vida de muitos jovens, homens e mulheres em meio à crise financeira e as dificuldades de conseguir emprego. Renato quis retratar na música o sentimento de perdidos e desiludidos enquanto o país enfrentava uma crise".
Por falar na figura do jovem, o site Nesello diz que essas pessoas na juventude apresentam uma necessidade de aparecer e a poeira pelos cantos pode ser um segredo ou um acontecimento resultado desses dias estranhos.
"O primeiro verso mostra uma necessidade de aparecer, chamar a atenção. Imagino que todo ser humano passe por um período assim, na infância. Mesmo na vida adulta, ocorre uma batalha para chamar a atenção (mais sutil do que na infância, é verdade, mas ocorre). O segundo e o terceiro se complementam.
O indivíduo não tem certeza de quem é, apenas do que não gosta. A pessoa se conhece pouco, mas conhece muito do ambiente(a ponto de dizer o que gosta ou não). O quarto e quinto versos possuem dois sentidos, já que o Renato canta NESSES, enquanto escreve DESTES. Basicamente, na versão cantada, a poeira se escondendo pelos cantos ( que pode ser um segredo, um acontecimento, algo pequeno, qualquer coisa que possa ser simbolizada por poeira) está inserida nos dias estranhos, enquanto, pela escrita, ela é resultado dos dias estranhos".
Já o Rebobinando Memória fala que o narrador da música é alguém tímido e introvertido e essa poeira simboliza a sujeira dos governos e autoridades.
"Logo nesta primeira estrofe, o eu lírico da canção se define, vemos a imagem de alguém tímido, introvertido, solitário e que necessita de atenção, alguém que ainda não sabe o que quer, quem é e pra que veio, mas que tem uma posição definida em relação a tudo que é errado, a tudo que desaprova, a tudo que não gosta, um jovem ingressando na vida adulta.
Os dias eram estranhos, a esperança de que a democracia traria mudanças significativas no país, não se concretizaram. Algo de muito errado estava acontecendo, enquanto que o governo tentava alimentar o clima de esperança, maquiando os problemas do país, como a sujeira que é jogada para debaixo do tapete, a poeira que é jogada pelos cantos, apresentando soluções e planos para acabar com a crise. Era o ano do trigésimo segundo Presidente do Brasil, Fernando Collor de Melo".
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