Iron Maiden: 92 minutos de atenção, é o que a Donzela lhe pede
Resenha - Book Of Souls - Iron Maiden
Por Marcos André Farias
Postado em 29 de setembro de 2015
Apenas 92 minutos da sua vida, ininterruptos e atenciosos, é o que o Iron Maiden pede para que consigamos absorver pelo menos metade do total de informações que o "Livro das Almas" tem para nos mostrar. Sim, é um álbum denso e não aconselho a qualquer fã apressado, ou em um dia muito ocupado, se dar o trabalho de ouvi-lo.
O álbum ainda segue a linha (ou a tentativa de) prog metal que vem sendo abordada desde a volta de Bruce Dickinson e Adrian Smith em 1999; na essência, o álbum é um apanhado de tudo o que fizeram nesses últimos 15 anos desde Brave New World (2000). Portanto, se você não curtiu, pelo menos este álbum, você também não precisa se dar ao luxo de dar 40 pilas pra adquirir o formato físico deste que contém uma capa com um Eddie muito bem desenhado em meio a um conteúdo muito simplista, um fundo preto. Será necessário você abrir o encarte para apreciar o que há de melhor da arte de Mark Wilkinson para a banda neste trabalho.
Ainda nas comparações, de todos os trabalhos referidos acima, o álbum se assemelha ao trabalho de 2006, "A Matter Of Life And Death" (minha opinião), tendo em vista o clima um tanto quanto sombrio que o álbum passa e a longa duração de algumas músicas; dos 92 minutos, 43 estão concentradas em três (The Red and The Black, The Book Of Souls e The Empire Of Clouds).
O álbum também quebra um pouco com o padrão de abertura desse conjunto de álbuns lançados no novo século, ao não termos uma música com um ritmo mais rápido e "pra cima" para este posto. Em outras palavras, digo que Speed Of Light não faria um mal trabalho se encaixando na faixa 1; aliás, Speed Of Light é a única nesse estilo no álbum todo. E é a única que vocês irão encontrar de mais anos 80 neste novo trabalho; o que não tira o mérito da belíssima If Eternity Should Fail que iria para um álbum solo de Bruce se ele não a tivesse usado. Bela música.
O álbum é muito denso para ser digerido logo de primeira. Não é um trabalho para ter foco unicamente instrumental, é válido você analisar cada aula de história e as homenagens feitas nas letras como em "The Book Of Souls"; uma aula de características da cultura maia e a relevância do "Livro das Almas" para este mesmo povo, que se perdido, significaria o caos daquela civilização. Já em "Tears Of A Clown", eu desafio você não ficar arrepiado ao ouvir Bruce cantar "Life full of fun, where did it go? We saw the sadness in his eyes; it came as no surprise; and now of course, we’ll never know", onde se faz referência a tragédia do ator e comediante Robbie Willians.
Longe de ser um álbum ruim, apenas não é o mesmo Iron Maiden que escutou-se nos anos 80 e 90. Como disse, é muito parecido com "A Matter Of Life And Death" (nota-se que gosto muito desse álbum né!?) músicas longas, tons mais sombrios, na maior parte, mas com letras recheadas de um ótimo e detalhado conteúdo que só a Donzela pode nos proporcionar. Varia de gosto para gosto mesmo, ame ou odeie. Reforço para a importância das letras mais uma vez. No entanto, apesar de ser um sensacional álbum de estúdio que contém a música de maior duração da história da banda -"Empire Of The Clouds" com seus incríveis 18 minutos- são músicas que podem facilmente cair em desuso em shows futuros (assim como as do álbum citado de 2006), já que acho difícil elas funcionarem de forma extraordinária ao vivo. Pra você que quer ouvir 18 minutos de música ao vivo, acho que nunca foi em um show onde eles tocaram Seventh Son Of Seventh Son, ou Rime Of The Ancient Mariner, e notar a agonia que é em alguns momentos (são breves e raros os momentos de emoção e animação, que se substituem por cansaço e tédio rapidamente). Agora imagine em um set-list que pode vir a se tornar longo só por conta de apenas duas músicas, The Book Of Souls (13 mnutos) e The Red And The Black (sensacionais 10 minutos). Desculpe mas não acredito na grande eficiência da execução disso ao vivo; apesar de lhes informar que realmente será um prazer ver a turnê em março.
O Iron Maiden sabe envelhecer, particularmente gosto de tudo que eles fizeram desde o Brave New World (óbvio, tenho minhas críticas em pontos específicos). Aliás, maturidade é algo que não pode faltar em uma banda de tamanha envergadura né!? The Book Of Souls esta facilmente na minha lista de favoritos, mas entendo quem não gostou; é um Maiden diferente, que faz (belos) rodeios sem ir direto ao ponto em 4 minutos como antigamente. No entanto, se ouvir o álbum da forma como descrito acima, você certamente cantará com Bruce no final "Oh the dreamers may die; but the dreams live on!".
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