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Iron Maiden: Book Of Souls é superlativo, para o bem e para o mal

Resenha - Book Of Souls - Iron Maiden

Por João Paulo Andrade
Postado em 28 de agosto de 2015

Quando a Warner Music me escreveu no dia 14 de agosto com a possibilidade de alguém do Whiplash.Net ouvir o disco novo do Iron Maiden antes de todo mundo, me surgiu a dúvida de para quem eu deveria passar a responsabilidade.

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Com o Whiplash.Net sendo um site colaborativo, não havia grandes vantagens objetivas para o site em ter acesso prévio ao álbum. Algumas resenhas de sites gringos já haviam sido publicadas e com certeza junto com o Whiplash.Net muitos veículos estavam recebendo o acesso ao novo álbum. Assim que o álbum estivesse disponível receberíamos opiniões para publicação mais rápido do que conseguiríamos escrever quando recebêssemos o acesso antecipado. Para complicar, a Warner pedia que a resenha fosse publicada apenas alguns dias depois.

Ao ler o acordo que liberaria a audição, não restava muita dúvida de que era necessário um bocado de responsabilidade. O medo de problemas com vazamentos ajudou a tomar a decisão de que não confiaria em ninguém para passar o link do streaming... e eu mesmo iria ouvir e comentar o novo álbum antes de todo mundo. Com fones de ouvido para não ter perigo de algum vizinho estar gravando.

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Decisão tomada por motivos puramente técnicos e de paranoia mas...

MASSA! ANTES DE SER DIRETOR DO WHIPLASH.NET, IRON MAIDEN É MINHA BANDA FAVORITA! E EU ESTAVA ANSIOSO PARA OUVIR ESTE ÁLBUM. :-)

Sou um fã antigo do Iron Maiden. Não sou nem um pouco radical, respeito os trabalhos novos da banda, mas sou realmente fã dos mais antigos, particularmente dos quatro primeiros álbuns, com músicas mais simples, rápidas, curtas, viscerais. Não gosto de "The Rime of the Ancient Mariner". Shame on me! Mas é a vida!

Ao saber que o novo The Boook Of Souls seria duplo, e com uma faixa passando dos 18 minutos, era normal arriscar que não se tornaria um dos meus álbuns favoritos. Mas não esperaria, nunca, que a banda voltasse aos hits simples dos primeiros álbuns. A vida segue. A banda ficou tecnicamente melhor... e produções mais rebuscadas são o caminho natural. Eu posso não gostar, outros gostarão. A vida segue.

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Impossível não começar a ouvir o álbum questionando se a voz de Dickinson estará lá inteira visto que ele gravou o álbum quando tinha câncer, um tumor na boca então não diagnosticado. Na boca! Porra! Tinha de ser na boca? E a voz está lá! Inteira! Talvez não tão rasgada quanto nos primeiros álbuns, não tão aguda quanto nos primeiros álbuns, mas isso foi consequência mais da idade e experiência do que do câncer. O álbum foi gravado pouco antes do diagnóstico e tratamento. Dickinson estava perfeito com a doença de que ainda não sabia, e muito provavelmente vai continuar perfeito depois de tratado. Chupa essa, câncer! :-)

O resto da banda continua sendo o que se espera. Não poderia ser diferente. O baixo de Steve Harris está lá reconhecível no primeiro "ploc". As guitarras de Adrian e Murray estão lá tão perfeitas quanto sempre. A guitarra de Janick está lá tão impecavelmente imperfeita como sempre. Nicko continua tocando bateria como quem chupa laranja, com muito carinho.

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Não apenas a banda, Kevin Shirley também está lá. "The Book Of Souls" é o mesmo bom Iron Maiden dos últimos anos. Se algo mudou foi irem adiante do que fizeram nos últimos álbuns. Era de se esperar. Sem surpresas. O álbum é apenas um superlativo do que fizeram nos últimos álbuns.

Não há unanimidade, claro. A banda está mais madura para o bem e para o mal. Tocam melhor a cada dia. Produzem mais elaborado a cada dia. O "mais elaborado" vai soar como "mais burocrático" para alguns. Eu sou um destes alguns. Para mim o álbum soa mais longo do que o necessário. Muito mais longo do que o necessário. Tem muitas introduções. Tem muitos teclados. Como falei acima sou um fã da época das faixas de no máximo cinco minutos. O Iron Maiden hoje soa superlativo, para o bem e para o mal.

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Mas quem sou eu para questionar estes senhores. Com certeza sou eu o errado!


1. If Eternity Should Fail (Dickinson) 8:28

1m35s de intro. Vou fazer uma comparação injusta, mas é mais forte do que eu. Com 1m35s, "Prowler", a primeira faixa do primeiro disco, já estava quase chegando na metade. Pronto. Vou tentar parar de reclamar dos excessos. Vocês já entenderam o meu ponto. Há excessos em praticamente todo o álbum. E estes excessos chegaram para ficar e muitos vão adorar. Quem pensa diferente e acha que eles podem voltar aos primórdios, ou não tem acompanhado a evolução da banda desde sempre, ou está sendo bobo. :-)

Mas precisava desse tecladinho? Pronto! Agora parei de verdade! :-)

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Alguém já sabe o que é exatamente aquela narração bizarra no final? Quem fez? E qual o tema? Aguardo ansioso por detalhes.

2. Speed Of Light (Smith/ Dickinson) 5:01

Não poderia ter sido melhor escolhida a primeira faixa de divulgação. A segunda mais curta do disco, o que leva a crer que alguém da direção da banda talvez saiba o quanto são comercialmente arriscadas as faixas mais longas. E isso significaria que eles não têm medo de arriscar, o que é sempre ótimo.

Talvez por ser mais simples, talvez por ter sido a que mais ouvi, sem sombra de dúvidas a minha favorita do álbum. A verdade é que sou um ouvinte medíocre. Fato! :-)

E aquele cowbell na bateria? Excelente! Já tinham usado antes? Confesso que adoro cowbell.

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3. The Great Unknown (Smith/ Harris) 6:37

Baixo na intro. Um vocal quase narrado. Mas assim que engrena, justiça seja feita, é o bom e velho Iron Maiden e a intro é perdoada. E isso vale para todas as vezes neste disco em que alguma intro soe desnecessária.

4. The Red And The Black (Harris) 13:33

Como disse acima não sou fã de músicas enormes. Não gosto nem mesmo da clássica "Rime".

Mas "The Red And The Black" é uma exceção. Me agradou em cheio. E se agradou a um chato como eu, deve agradar a todo mundo. Da intro ao encerramento com o baixo tocando em acordes (sim, é um baixo).

O "Wô ôôô ô-ô-ô" repetido à exaustão vai funcionar absurdamente bem ao vivo.

5. When The River Runs Deep (Smith/ Harris) 5:52

Chuto que vai ser o próximo single. Rápida, com um dos solos que mais me agradou.

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6. The Book Of Souls (Gers/ Harris) 10:27

Muitos teclados e muitos efeitos sonoros. E a intro se repete ao final, como em várias faixas. Podia ser melhor se mais enxuta. Como várias faixas.

7. Death Or Glory (Smith/ Dickinson) 5:13

A música começa tão direto que chego a pensar que seja um corte errado na versão que recebi. Sem intro. Nos canos. Pesada e direta como nos primeiros álbuns. Candidata a single se é que a banda pretende investir em algo mais simples para a divulgação.

8. Shadows Of The Valley (Gers/ Harris) 7:32

Impossível não se lembrar de "Wasted Years" na intro. Vai agradar muito ao vivo. :-)

9. Tears Of A Clown (Smith/ Harris) 4:59

Uma das músicas mais comentadas do álbum por ser uma homenagem a Robin Williams. Talvez por conta da grande antecipação, a que mais me decepcionou. Intro longa e com andamento muito complicado. Longe de ser ruim, claro.

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10. The Man Of Sorrows (Murray/ Harris) 6:28

Uma balada que evolui para algo muito além de uma balada.

11. Empire Of The Clouds (Dickinson) 18:01

Se a longa "The Red And The Black" me surpreendeu muito positivamente, esta foi mais o que eu esperaria de uma faixa tão longa. A faixa leva longos 7 minutos para começar de verdade.

É louvável ver a banda acrescentando pianos e orquestra ao seu som, mas me perdoem por não gostar do resultado final. Longe de ser uma música ruim, apenas não é tão Iron Maiden como eu gostaria (pelo menos não em todos os seus longos 18 minutos). Em meio a tantas mudanças de andamento é impossível não encontrar o Maiden de sempre, claro, e terminar gostando de muitos trechos.

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É um grande épico. Seria esperado que soasse como a trilha de um filme clássico. Infelizmente em alguns pontos me soou como a trilha de um filme hollywoodiano padrão.


Abri o texto com uma frase de Neném Prancha e vou fechar com uma outra dele (há uma terceira escondida).

"O importante é o principal, o resto é secundário."

Eu como alguns fãs antigos com certeza continuarei preferindo os discos sem excessos de décadas atrás.

Mas o importante é que o Iron Maiden continua sendo o Iron Maiden mesmo ao lentamente se reinventar. Nada se perdeu nestas décadas, apenas muito foi acrescentado.

Um puta álbum apesar de todos os excessos.

Link para compra na Saraiva:
http://www.saraiva.com.br/iron-maiden-the-book-of-souls-2-cds-8953604.

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Sobre João Paulo Andrade

Sempre quis viver de Rock e/ou Heavy Metal. Tentou tocar baixo mas era tremendamente incompetente no instrumento. Em 1996 criou o site Whiplash.Net e hoje vive do seu sonho. :-)
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