Ken Hensley: seguindo sonhos, como nos bons tempos
Por Bento Araújo
Postado em 20 de outubro de 2007
Para os muitos fãs do Uriah Heep que existem por aí, dúvida é o que não falta: Gary Thain ou John Wetton? Mark Clarke ou Trevor Bolder? David Byron ou John Lawton? Peter Goalby ou Bernie Shawn? Lee Kerslake ou Chris Slade? Mas de uma coisa não resta dúvida – existem duas versões distintas de Uriah Heep, uma com Ken Hensley e outra sem ele. O tecladista, guitarrista e principal compositor do grupo abandonou o barco em 1980 e deixou para trás um rastro fenomenal de grandes álbuns e canções.
Hensley também lançou discos solos legais, outros apenas bacanas e alguns decepcionantes. Mas o motivo dele estar de volta à cena musical é seu novo projeto "Blood On The Highway", que compreende um disco, um livro, um DVD ao vivo e um documentário. Para falar mais sobre a sinuosa trajetória de um rockstar e sobre seus recentes projetos, batemos um papo exclusivo com essa lenda do rock pesado dos anos 70.
Whiplash - Como surgiu a idéia do novo álbum? De onde vieram as histórias que compõe o álbum?
Ken Hensley - Jurgen Jakobsen, o responsável pela gravadora da qual faço parte, leu a primeira edição da minha autobiografia e me chamou para ver se nós podíamos contar o lado musical da história em um CD. Eu pensei na proposta por um tempo e escrevi algumas canções novas. Depois nos encontramos na Espanha, ouvimos as músicas e decidimos que o projeto poderia ser feito! O "conceito" é principalmente inspirado nos mais de 10 anos da minha carreira com o Uriah Heep.
Whiplash - A capa do novo álbum (pílulas e seringa pela estrada) representa algum momento especial na sua vida?
Ken Hensley - Não realmente não. É um complexo e belo trabalho de arte, mas a ilustração é apenas um pouco conectada ao título...
Whiplash - As pequenas inserções que vem na forma de "Doom (Scene 1)" e "Doom (Scene 2)" contam importantes passagens da sua fase no Uriah Heep: o momento no qual você assume as rédeas do grupo e depois quando você sai da banda. Quais os tipos de problema que esses acontecimentos lhe causaram?
Ken Hensley - Na verdade, as pequenas sketches de "Doom" podem ser aplicadas a qualquer músico dessa era. Esta "interferência" de uma companhia feminina aconteceu com muitos, muitos cantores e músicos... não apenas com o Spinal Tap!
Whiplash - A parte instrumental das músicas do álbum apresenta uma absurda sincronia com as letras. Conte-nos sobre o processo de criação das composições instrumentais e das letras.
Ken Hensley - Isso se deu de forma usual, primeiro eu escrevi as letras, porque o tema central do disco já estava estabelecido - a vida de um rockstar dos anos 70. Eu apenas selecionei alguns temas individuais da minha autobiografia e foquei neles. Uma vez que a produção das letras já tinha se iniciado – por volta de 50% concluída – a música veio rapidamente. Para mim, a conexão entre letra e música é mais bem desenvolvida durante o período de arranjo, gravando em estúdio. Neste caso eu apenas fiz como costumava fazer com o Uriah Heep, fui para o estúdio com as canções finalizadas e trabalhei com Ovidio, Juan Carlos e Antônio para criar o arranjo e dar pra cada canção sua forma e característica individual.
Whiplash - Você tem algum conselho a dar para quem se interessa em fazer parte do mundo do rock’n’roll?
Ken Hensley - Eu acho que não é minha intenção ser "instrutivo", mas sim informativo. Quando eu era jovem, muitas pessoas me davam conselhos, mas eu seguia adiante e fazia as coisas do meu jeito em qualquer ocasião.
Whiplash - O novo álbum funciona como um diário pessoal e traz convidados especiais como Glenn Hughes, John Lawton e outros. Houve alguma predileção nessa escolha? O rock te deu muitos amigos?
Ken Hensley - É difícil discutir o rótulo de "amigo", porque diferentes pessoas definem esta palavra de diferentes formas. Eu conheci muita gente e alguns relacionamentos têm durado bastante, então não é tão difícil reunir um bom grupo de cantores, por exemplo. Eu sou um cara com sorte por conhecer muitos excelentes músicos que sempre estarão disponíveis e aptos a trabalhar comigo.
Whiplash - Falando em termos de qualidade de composição, você acha que suas canções atuais podem se situar lado a lado de seus trabalhos clássicos?
Ken Hensley - Definitivamente! Elas vêm da mesma cabeça, do mesmo coração e das mesmas mãos e Deus manteve minha fonte de inspiração!
Whiplash - Você sempre quis ser um rockstar?
Ken Hensley - Quando eu era jovem, depois de assistir Elvis na televisão, eu decidi ser um rockstar. (risos)
Whiplash - Como esse período afetou sua vida?
Ken Hensley - Minha adolescência foi consumida pela tentativa de ser um músico profissional, onde evitei a todo custo ter um trabalho convencional. Os últimos anos foram uma experiência incrível, com muitos altos e baixos. O livro irá mais a fundo, com muitos mais detalhes sobre essa fase.
Whiplash - Se você não fosse músico, o que você faria para sobreviver?
Ken Hensley - Eu poderia ser um jogador de futebol, mas se eu tivesse feito isso nos meus 16 anos de idade, certamente eu não saberia o que fazer nos dias de hoje! (risos)
Whiplash - Qual a diferença entre escrever uma canção pop e uma canção de rock?
Ken Hensley - Na verdade eu não sei. Eu me concentro nas canções e deixo que elas criem vida naturalmente, da forma mais natural possível. A definição do que é uma canção pop ou rock pode vir das letras, as de pop tendem a ser mais leves, mais acessíveis; mas provavelmente essa classificação vem da instrumentação e da atitude dos músicos.
Whiplash - Neste ponto da sua carreira, o que é melhor: reconhecimento por suas empreitadas, ou ter um álbum nas paradas de sucesso?
Ken Hensley - Ambas as coisas são legais, mas eu estou numa fase em que não preciso de nenhuma delas! (risos)
Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Whiplash - Você fica emocionado em saber que existe uma nova geração de pessoas descobrindo sua música exatamente agora?
Ken Hensley - Fazer idéia disso é excitante e interessante por várias razões. A diferença dessa nova geração é a forma com que eles têm descoberto e obtido minha música. Não havia Internet nos anos setenta. Eu adoraria ver mais deles indo aos shows e vendo músicos de verdade, tocando instrumentos de verdade e cantando ao vivo de verdade!
Whiplash - Durante a fase áurea do Uriah Heep a banda teve uma das piores recepções da mídia especializada, mais do que qualquer outra banda em voga na época. Por que você acha que isso acontecia e como você se sentia naquela época com relação a essa recepção da crítica?
Ken Hensley - Em primeiro lugar você deve entender que nós – não quero dizer só o Heep – quebramos todas as regras que vigoravam na música até o fim da década de 60. Apenas demandou um pouco de tempo para estabelecermos as novas regras: sem gravatas e paletós, mas sim com cabelos longos, música pesada e alta, etc. Demorou algum tempo também para as rádios e as publicações entenderem o que nós estávamos fazendo e ver e aceitar que estava sendo criada toda uma nova indústria bem em baixo dos narizes deles! Eles não sabiam como reagir à primeira impressão, assim eles apenas comparavam-nos com o que vinha sendo feito antes e decretavam nosso fracasso.
Whiplash - Você considera Mick Box um verdadeiro amigo? Ele é alguém que você convidaria para um jantar em sua casa?
Ken Hensley - Pra dizer a verdade, não.
Whiplash - Sua passagem pelo Blackfoot ajudou você a crescer como músico? Com eles você conseguiu exercer suas habilidades, musicalmente falando?
Ken Hensley - ‘Pra dizer a verdade, não’ parte II. (risos)
Whiplash - O que você curte mais, uma turnê como artista solo, ou sendo membro de alguma banda?
Ken Hensley - Eu prefiro as turnês com minha própria banda, o Live Fire.
Whiplash - Qual fato sobre você surpreenderia seus fãs?
Ken Hensley - O fato de eu ser na verdade um cara quieto e tímido!
Whiplash - Qual projeto ou sessão que você participou através desses anos que os fãs provavelmente ainda não sabem?
Ken Hensley - Nos dias de hoje e com essa idade, os fãs sabem mais sobre a minha pessoa do que eu mesmo sei. (risos)
Whiplash - Conte-nos alguma coisa que você nunca disse para ninguém antes.
Ken Hensley - Meus dedos do pé são feios! (risos)
Whiplash - Qual a coisa mais estúpida que você já ouviu (ou leu) sobre si mesmo na imprensa?
Ken Hensley - Pessoas que eu sequer conheço chegaram a me ‘matar’ centenas de vezes na imprensa.
Whiplash - Com quem você gostaria de tocar?
Ken Hensley - David Beckham. (risos)
Whiplash - O que nós podemos esperar do segundo semestre desse ano na sua carreira? Quais outros planos existem para o futuro?
Ken Hensley - No momento estou 100% focado na divulgação de Blood On The Highway. O CD está indo muito bem por enquanto. Começaremos na metade de outubro a fazer shows para promover o álbum. Isso será feito em pareceria com nossos diversos distribuidores pelo mundo. A campanha promocional norte-americana acabou de começar, então eu estou muito ocupado com entrevistas e esse tipo de coisa. A segunda – e ampliada – edição do meu livro, também chamado Blood On The Highway, foi lançada em agosto, por isso estou trabalhando muito para promovê-la também. Além disso, estamos lançando também uma edição limitada de Blood On The Highway, que consiste numa caixa contendo o CD, o livro, o DVD ao vivo, um documentário, uma camiseta e muitos outros souvenirs. O documentário traz algumas passagens pelos estúdios, quando estávamos gravando o disco.
Blood On The Highway, o disco

Os anos setenta segundo um renomado rockstar que sobreviveu a todos os excessos e ainda possui credibilidade para passar isso para o papel e para o cd player. Resumindo, Blood On The Highway é isso, um álbum conceitual que deve agradar tanto os fãs de Uriah Heep como os fãs de rock clássico. Hensley sempre foi fiel aos seus princípios e sempre quis viver de música, não importando o que pintasse pelo caminho. Isso fica claro durante os agradáveis 14 temas do álbum. Logo de cara, temos "(This Is) Just The Beginning" e você jura que é David Coverdale cuidando dos vocais. Errou, é o carismático norueguês Jørn Lande, que cuida também de outras quatro canções do disco. Glenn Hughes aparece em dois temas, "The Last Dance" e "What You Gonna Do" e John Lawton, um dos bons comparsas de Hensley, ataca com "It Won’t Last". Blood On The Highway traz Ken Hensley seguindo seus sonhos, como nos bons tempos.
Poeira
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Bangers Open Air dá pistas sobre as próximas bandas do line-up
Festival Sonic Temple anuncia 140 shows em 5 palcos para 2026
O álbum "esquecido" do Iron Maiden nascido de um período sombrio de Steve Harris
Megadeth terá uma música com "Puppet" no título em seu último álbum
Viúva de Ronnie James Dio afirma que ficou feliz com último show de Ozzy Osbourne
Documentário de Paul McCartney, "Man on the Run" estreia no streaming em breve
Fabio Lione e Luca Turilli anunciam reunião no Rhapsody with Choir & Orchestra
Axl Rose é criticado por sua voz após Guns N' Roses homenagear Ozzy com cover no Brasil
Bryan Adams fará shows no Brasil em março de 2026; confira datas, locais e preços
Guns N' Roses homenageia seleção brasileira de 1970 em cartaz do show de São Paulo
O álbum do Rush que Geddy Lee disse ser "impossível de gostar"
O disco de prog que Ian Anderson disse que ninguém igualou; "único e original"
Baterista confirma que o Bad Company tocará no Rock and Roll Hall of Fame
O primeiro tecladista estrela do rock nacional: "A Gloria Pires ficou encantada"
A reação de filha de Elvis Presley ao descobrir que Michael Jackson era virgem aos 35 anos
Titãs e a música que quase não entrou no disco e foi um dos maiores sucessos da banda
O maior guitarrista de hard rock de todos os tempos, segundo Tom Morello

Garagens dos Anos 60
Grand Funk Railroad: A Maior Potência do Hard Norte-Americano
Black Sabbath: a passagem de Ian Gillan pela banda
A lista de clássicos do Rock que foram regravados em versões pesadas pelo Iron Maiden
Resenha - Jethro Tull (Credicard Hall, São Paulo, 20/03/2004)
Lynyrd Skynyrd x Neil Young: Amigos ou inimigos?
Tommy Bolin: Os excessos estavam acabando com aquele cara
Jerry Lee Lewis: o dia em que ele quase matou John Lennon
The Who: Quinze minutos de fama no lugar de Keith Moon
Poeira: Rockstars e as bandas que eles sonhavam fazer parte
Bon Scott, o eterno Rocker...
Blind Faith: uma das capas mais polêmicas da história
Black Sabbath: a "era Mob Rules"

