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On The Road: Mais do Mesmo

Por Cláudio Vigo
Postado em 13 de agosto de 2006

Você sente que o tempo está passando quando seus heróis não estão mais morrendo de overdose e seus inimigos cada vez mais estão no poder. E o pior, quem disse isso tem tempo que também já se foi.

Este ano tem sido difícil e foi um desfilar interminável de baixas entre meus mitos queridos que morreram de velhice mesmo. Mas deixando a morbidez de lado, o que vemos cada vez mais entre os dinossauros é uma postura de duplo equivoco: Ou se tenta "modernizar" o som e se aproximar das camadas mais jovens, como o Santana, Por exemplo, que anda fazendo um som parecido com Ivete Sangalo, Jan Akkerman gravando dance music ou mesmo Al Di Meola (que tenta surfar na mesma onda Axé world pop cheio de alalaô) ou se monta uma tour caça níquel onde se vai tocar o óbvio, pra turma do cabelo branco levar os filhos, ficar chapado e lembrar os velhos tempos de glória. As contas bancarias ficam refeitas, todo mundo comenta que o cara ta caidaço mas ulula com os velhos hits. Tem muita gente fazendo isso e tem muita gente querendo isso esta é a questão.

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Mas há quem se revolte com o modelito e em nome de uma coisa simples como honestidade de propósito resolve dar um basta neste jogo e resolve ir em frente, com dignidade. Esta semana tive duas belíssimas surpresas com dois antigos ídolos que acompanho desde que me entendo por gente e que resolveram jogar as fichas no que sabem fazer de melhor, com uma grande diferença, material fresco e novo sem mudar as características
originais.

Não há quem tenha vivido nos anos 70 que não tenha tido sua vida mudada ou pelo menos fortemente marcada pelo Pink Floyd. Acho que conheço cada segundo de cada disco gravado até "Animals" (depois a banda virou cover de si mesma, apesar da originalidade de "The Wall" que me permito não gostar apesar de respeitar muito). Acho que ouvi o "Dark Side of the Moon" milhares de vezes e tinha uma ampliação daquela invertida sobre os ombros da capa interna do "Wish you were here" pendurada no quarto. Viagem pouca era bobagem ao som de "Echoes" e até "Ummagumma" no escuro equivalia a dar a volta no espelho.

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Pois bem, isto posto fica claro que sempre adorei aqueles solos etéreos e viajantes de David Gilmour e comprei e ouvi até furar os dois discos solo anteriores. Quando soube que o cara havia se recusado ao retorno da banda para mais um tour de revival (com Waters junto!) e que depois de vender sua casa por uma montoeira de dinheiro havia doado tudo pra caridade dizendo que já tinha dinheiro suficiente e que o que queria era fazer um som que acreditasse, fiquei pasmo de admiração.

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Quando peguei meu exemplar de "On An Island" não sabia bem o que iria encontrar e temia ouvir o repeteco de algo requentado. Nada disso, o disco é tudo aquilo que um velho fã do Pink Floyd esperava só que de uma simplicidade cristalina e franciscana. Vinte e dois anos maturando (possivelmente em barris de carvalho) e o que sai equivale em frescor a água de cascata.

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Cheio de convidados ilustres (Crosby, Nash, Manzanera etc...) e com um trabalho gráfico primoroso o disco começa com um velho solo daqueles que parece estar saltando do "Meddle" sem remeter a nenhum em especial.

Melodias assobiáveis, "On An Island" poderia estar em qualquer clássico Floydiano. Até do perigo de botar a mulher pra tocar junto (mal que sucumbiu a dupla Lennon & Mc Cartney) o cara escapou. Sua cara metade assina junto com ele algumas destas pérolas sem comprometer.

Nenhuma surpresa, ou melhor, uma bela surpresa, mais do mesmo só que adiante sem ficar olhando pra trás. O homem manteve as origens e foi em frente sem emular o passado glorioso . Até um belo sax (tocado por ele) comparece. Muita gente desta geração deveria dar uma escutada neste CD antes de botar o bolor excursionando pra arrumar mais um qualquer.

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Quando se ouve falar no nome de Donald Fagen vem logo à mente produção caprichada, arranjos metódicos, ou seja, perfeição ou a busca dela.

Outro belo exemplo de sinceridade de propósitos podemos perceber em seu novo trabalho (também longamente maturado) chamado "Morph the Cat" onde ouvimos o mesmo pop, jazz rock com letras afiadas e aquela levada funky inigualável. Poderia também estar entre os discos clássicos do Steely Dan que não envelhecem nunca.

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Aqui a simplicidade é apenas aparente. Uma multidão de timbres, detalhes, são sempre a melhor escolha rumo ao bom gosto. Uma audição atenta com fones dá uma aula de como se monta uma melodia pop sem cair na mesmice, na repetição e no truque que resvala no clichê. Nada demais, mas nada de menos também. Complexo e coeso.

Quem está lendo estas mal traçadas pode estar tendo a impressão que estou fazendo o culto ao imobilismo e uma ode ao saudosismo. Muito pelo contrario, a lanterna de popa está apagada e ando cada vez menos saudosista procurando sempre a surpresa do novo, seja numa banda de garagem lançada mês passado, seja numa música escrita há trezentos anos atrás. Apenas a constatação que se pode manter a dignidade criativa e o frescor tendo tido muito sucesso há muito tempo. Gente que poderia estar imóvel administrando seu quinhão de tempo e de ouro gasto, vivendo de memória e mesmo assim resolve ao trilhar velhas estradas conhecidas, dar mais um passo adiante e pular no futuro.

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Sobre Cláudio Vigo

Da safra de 62 , Claudio Vigo ganha a vida com a poesia, o jazz e o rock n roll. Paga as contas como arquiteto.
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