O que é a traqueostomia, procedimento pelo qual Mingau passou
Por Gustavo Maiato
Postado em 13 de setembro de 2023
O baixista Mingau, do Ultraje a Rigor, passou por uma traqueostomia em decorrência do tiro que levou na cidade de Paraty (RJ). Os médicos estão tentando salvar sua vida e seu estado atual é grave de acordo com os últimos boletins médicos.
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Mas o que é exatamente a traqueostomia? Quais os riscos envolvidos? Para quem é indicado esse procedimento? O Whiplash.Net foi atrás das recomendações do Ministério da Saúde sobre o tema.
De acordo com o protocolo multiprofissional do Ministério da Saúde, o procedimento envolve a abertura da parede anterior da traqueia, comunicando-a com o meio externo por meio de uma cânula, possibilitando a permeabilidade da via aérea.
Qual o objetivo?
"Tem como objetivo primário servir como alternativa artificial e segura para a passagem do ar quando existe alguma obstrução nas vias aéreas naturais do paciente. Trata-se de um dos procedimentos mais realizados em unidades de terapia intensiva (UTI) e sua opção é vantajosa em relação à intubação orotraqueal, uma vez que: facilita a alimentação do paciente; facilita a aspiração de secreções da traqueia, bem como a mobilização dessas secreções, trazendo maior conforto; diminui a incidência de pneumonias; facilita o desmame ventilatório; promove o retorno precoce da fala; facilita a respiração, por diminuir o espaço morto e a resistência ao fluxo aéreo. A comunicação da traqueia com o meio externo, possibilitada pela traqueostomia, permite uma redução de 10 a 50% no espaço morto anatômico", diz o texto.
Quais são as indicações?
"As indicações para a realização da traqueostomia são: permitir ventilação mecânica em intubações orotraqueais prolongadas (isto é, quando a extubação é improvável entre 10 a 14 dias de intubação orotraqueal); liberar uma obstrução de vias aéreas superiores; permitir higiene pulmonar, incluindo indivíduos com aspiração laringotraqueal; e permitir a ventilação em pacientes com debilidade na musculatura respiratória por diminuir o espaço morto".
Quais os riscos?
"As complicações já verificadas pela literatura científica abarcam desde o período intraoperatório até o pós-operatório tardio. Elas podem ser significativamente minimizadas com treinamento profissional para seu manuseio, utilização de materiais para os cuidados e autocuidado do paciente. Em termos de garantia de uma via aérea superior prolongada, as complicações da traqueostomia são significativamente menores do que a intubação orotraqueal ou a cricotomia.
As principais complicações da traqueostomia são: hemorragia, pneumotórax, enfisema cirúrgico, infecção local, deslocamento da cânula traqueal (devido ao ato cirúrgico ou posicionamento do circuito do ventilador mecânico), extremidade da cânula bloqueada, caso esteja pressionada contra a carina ou a parede traqueal, obstrução do tubo por secreção, herniação do balonete (causando obstrução da cânula), irritação traqueal, ulceração e necrose (causadas, geralmente, pela hiperinsuflação do balonete ou excessiva movimentação da cânula), traqueomalácea, estenose traqueal, fistula traqueoesofágica e infecção da árvore traqueobrônquica".
Como é o procedimento?
"A traqueostomia deve ser realizada por um cirurgião, acompanhado por um cirurgião auxiliar, um anestesiologista e, quando disponível, um instrumentador. É recomendável que seja um procedimento realizado no bloco cirúrgico. Porém a sua realização em leitos de enfermaria e UTI podem ser possíveis, desde que avaliado pela equipe assistencial a sua execução e disponibilidade de outros colaboradores. É preciso que se tome as devidas precauções para evitar exposição do procedimento a outros pacientes que compartilham a mesma UTI ou enfermaria, devendo-se atentar ao uso de cortinas ou outros acessórios que impossibilitem a visão do leito em que se encontra o paciente no procedimento".
Quais os cuidados no pós-operatório?
"No período de pós-operatório imediato, o paciente deve ser monitorizado continuamente e deve ser realizada radiografia de tórax para avaliar a distância da cânula em relação à carina. O paciente deve ser posicionado com o decúbito elevado (entre 30 e 45°) e com a cabeça posicionada de forma que não oclua a traqueostomia.
É essencial manter umidificação adequada (entre 36 e 40mgH2O/L), o ar umidificado deve ser oferecido continuamente para reduzir a tendência de acúmulo de secreções e promover a patência do tubo. A cânula deve ser mantida limpa por aspirações sempre que haja indicações clínicas de obstrução. A primeira troca de tubo, assim como a retirada de fios inabsorvíveis, deve ser realizada a critério do médico assistente do paciente".
Mingau, do Ultraje a Rigor, baleado na cabeça em Paraty
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