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Engenheiros do Hawaii - Entrevista com Humberto Gessinger.

Postado em 20 de junho de 2000

Na ensolarada manhã de Sampa, um prolixo Humberto Gessinger - corpo e alma dos Engºs. do Hawaii - dava início à estafante maratona de entrevistas nos escritórios da Universal Music, para o lançamento do cd ao vivo "10.000 Destinos - Ao Vivo". Simpático, afirmou que sua banda não faz rock nem pop ("MPB") e admitiu que os demais músicos apenas lhe servem de apoio. Confira os principais trechos da conversa.

Por Paulo Haroldo

Whiplash! / Porque mais um disco ao vivo?

Humberto Gessinger / Para fazer um registro do nosso atual momento, e gravar músicas que faltaram em nossos outros discos ao vivo. Minha intenção é gravar um disco ao vivo a cada três de estúdio.

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Whiplash! / Como surgiu a idéia de gravar a música do Chico Buarque ("Quando O Carnaval Chegar") ?

H.G / Nem passava pela minha cabeça gravar essa música, mas depois que fizemos uma vinheta para a Rádio Mix (de SP) achamos o resultado tão bom que resolvemos incluí-la no cd. Ficou uma mistura de Beatles ("Dear Prudence") e MPB.

Whiplash! / E "Rádio-Pirata"?

H.G / Nunca tínhamos feito regravação de músicas da nossa geração. Aí, participamos de projetos de tributo a Renato Russo e Cazuza, e essa vontade tomou força. Fizemos uma versão mais pesada, com as guitarras substituindo os teclados. Reler RPM dá o que pensaH.G: à luz desses últimos anos de monocultura mais rasteira, parece inacreditável que este tenha sido o mainstream no Brasil... hoje soa quase punk.

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Whiplash! / E por que você não gravou nada de outros artistas antes?

H.G / Eu tenho uma dificuldade muito grande de gravar músicas dos outros. Mesmo para compor para os outros também é difícil para mim. Chamaram-me para gravar uma música para o Paulo Ricardo, mas não saiu. Eu sou meio formalista para compor - talvez por ser arquiteto - e só consigo fazer aquilo que tem a minha cara, que eu vou cantar e tocar.

Whiplash! / Como você vê a evolução das bandas nacionais dos anos 80?

H.G / Bem, hoje em dia cada um foi para um lado mas, o traço mais importante da geração dos anos 0 é que nós nos preocupávamos muito com as letras, coisa que não existe atualmente.

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Whiplash! / O que você acha da relação dos músicos com a internet?

H.G / Por um lado é muito boa, deu um super gás para algumas bandas. Por outro lado, não concordo com a pirataria atrelada aos downloads de mp3, já que isso não prejudica somente os músicos, mas uma série de profissionais que dependem da indústria do disco. Eu uso o computador mais para escrever música e passar e-mails... nunca baixei um mp3. Prefiro comprar o disco. Aliás, tenho bastante saudade dos tempos do vinil.

Whiplash! / Como você encara a invasão da eletrônica no universo musical?

H.G / Há uns 10 anos eu já sentia o impacto da coisa digital, dos timbres da bateria eletrônica, porém, quanto mais ela se aperfeiçoava - as programações, tal... - mais eu valorizava o músico humano. No começo, todo mundo se impressionou com a bateria eletrônica e depois de 6 meses a gente já sacava todas as programações, etc. O ouvido acaba se acostumando com isso e, por melhor que seja a programação, o lance da arte fica mesmo é com a humanidade. E é engraçado como isso influi na molecada de hoje, que a despeito de toda a descartabilidade existente, acaba por sentir uma referência no trabalho dos Engºs, por 15 anos de estrada.

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Whiplash! / Por falar na molecada, você desenvolve algum trabalho para apoiar as novas bandas do Sul?

H.G / Olha, tem muita banda nova por lá, mas eu sou meio ermitão, não tenho muito contato com eles nem com o meio musical. Não vou muito a show, nem a lugar nenhum... nem à missa! (risos)

Whiplash! / Mas por quê ermitão? Por quê você se isola?

H.G / Eu sempre fui assim, cara, desde moleque. Se eu não estou assim é por que estou numa situação forçada. Engraçado, eu odeio viajar. Estava dizendo isso para o meu professor de tênis (N.R.: se diz um adepto confesso da geração Guga), "como eu gostaria de ter um trabalho de rotina!" e não ter que viajar... E o pior é que o pessoal me achou com cara de estrela, por que eu vendia um montão de discos e não ia ao show de ninguém (risos). Mas não é isso, se eu não vendesse eu também não iria... é meu jeito, o pessoal já me conhece. Além de tudo, não acho necessário o cara sair por aí para se informar. Eu dou mais valor à arte espontânea de um Garrincha, que não conseguia dizer uma frase atrás da outra, do que a desses caras que conseguem explicar tudo muito auto-conscientemente. A minha maior dificuldade é falar alguma coisa entre as músicas em um show... E os artistas que eu gosto também são mais voltados para o seu próprio interior, não dependem de muita informação externa.

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Whiplash! / Entre Acústicos e Valvulados, Tequila Baby e Maria do Relento, qual a sua preferência?

H.G / Ah! Ouvi um som legal do Tequila, que tem um hit bem bom (N.R.: ele não citou, mas deve ser "Velhas Fotos", que andou rolando nas rádios de P.A.). Gosto também dos Acústicos, que é uma banda que já tem um número maior de canções. Essas bandas estão fazendo um movimento lá e tenho notado que no Brasil inteiro tem pintado muitos artistas locais; essa coisa da tecnologia tem facilitado o lançamento do 1º cd, mas está muito mais difícil para o artista cruzar a fronteira do seu estado. Mas pelo menos agora as bandas têm mais estúdios para gravar, tanto aqui em P.A. como na Bahia, e conseguem sobreviver dentro de seus mercados regionais.

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Whiplash! / O que você anda lendo?

H.G / O último livro que eu li se chama "Flashbacks", do Timothy Leary (N.R.: um dos porta-vozes da contra-cultura dos anos 60, famoso por suas experiências com drogas alucinógenas). É um livro muito bom. Achei fascinante ainda mais por que eu nunca me dei bem com drogas, nunca lidei com isso. Então ler aquilo me deu uma baita inveja... "será que não consigo abrir as portas da percepção?" (diz em tom de piada).

Whiplash! / Quantas páginas tem o livro?

H.G / 245.

Whiplash! / Você consegue ler livros mais grossos?

H.G / Sim, leio livros de 700 páginas tranqüilamente. Tenho um péssimo costume, que é o seguinte: quando passo da 2ª página de um livro, vou até o fim, por pior que ele seja. Antigamente eu lia dois livros de uma só vez mas depois ando meio relaxado.

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Whiplash! / O que você anda escutando?

H.G / Eu gostei do último disco dos Smashing Pumpkins. Radiohead acho legal também... achava que era uma banda nova e descobri que é super antiga (risos). Eu só consigo gostar de uma banda depois do 2º ou 3º disco. E tenho um "dom" que não falha: quando eu pressinto que uma banda vai fazer sucesso, é batata... vira o maior fracasso! (risos) Foi assim com o Grant Lee Buffalo; achei que ia estourar mundialmente e... A primeira vez que ouvi "Garota Nacional", do Skank, pensei "coitados desses caras, isso aí não vai tocar em lugar nenhum..." (gargalhadas)

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Whiplash! / Então você jamais pensou que os Engºs fossem fazer sucesso...

H.G / Rá! Obviamente que não. Eu jamais escolheria um nome desses se soubesse que isso iria tomar conta da minha vida... (risos)

Whiplash! / E não tem a menor cara de surfista... branco desse jeito.

H.G / Ah não, não sei nem nadar, cara!

Whiplash! / O que você acha desse movimento do hip hop estar crescendo cada vez mais?

H.G / Eu acho legal essa mistura, cara. Mas o hip hop em estado bruto nunca me fascinou muito. Essa mistura de ritmo e poesia... eu prefiro impressa do que ouvindo.

Whiplash! / Mas agora os caras estão mudando, como o Eminem, que entra com instrumentos de verdade, como baixo e bateria...

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H.G / Acho isso bacana. É uma resposta legal ao caos que essa molecada tá pegando nas esquinas. Eu acredito em som assim, que o cara não escolhe pra fazer... faz por que é obrigado. Às vezes me perguntam "por que você não faz um som mais pesado ou sei lá o que..." e eu digo que não sei fazer, não é a minha onda.

Whiplash! / Os Engºs são conhecidos por ser uma banda que as pessoas amam ou odeiam. Como vocês reagem a isso?

H.G / É verdade, mas eu tenho por princípio não responder à crítica nem ninguém. Eu não escolho a música que estou fazendo, ela sai daquele jeito. O que eu acho muito escroto é esse papo velho de "odiados pela crítica, amados pelo público". Isso não é bem a verdade.

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Whiplash! / Você acha que os Engºs fazem rock ou pop?

H.G / Eu acho que fazemos MPB. Não sei se somos pesados o suficiente para sermos rock, por outro lado a gente não é tão volúvel como é o pop. Se eu pudesse escolher entre o pop e o rock, eu escolheria o rock, por não ser tão baseado em fotografias, rostos e danças, e sim mais no som mesmo. Teve um ícone que guiou muito os Engºs, que é o rock progressivo dos anos 70, cuja influência se fez notar bastante na segunda formação da banda, essa coisa do trio.

Whiplash! / E o que te influencia mais hoje em dia?

H.G / Bom, eu sempre serei influenciado pelo progressivo dos anos 70, Pink Floyd e Rush, etc., mas os outros caras da banda não tem muito essa cultura, de fazer músicas longas e tal. No início, quando eu nem era músico, assisti a um show dos Paralamas e me interessei pela idéia de fazer um trio, à la Police. Mas eu nunca botei disco dos outros pra tirar a linha de baixo, nem fiz cover. Antes de tirar uma música dos outros eu fiz a minha. Jamais teria uma banda cover, como é o que acontece com muita gente que está começando.

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A essa altura, o funcionário da gravadora anuncia que o tempo da entrevista acabou, enquanto Humberto reclama do ar condicionado, que não existe na sala. Alguém ainda pergunta qual a opinião dele sobre o trabalho do Planet Hemp, e ouve que ele nunca faria aquele tipo de música, cujo "papo" é melhor do que o som propriamente dito. Até às 7 e meia da noite o ritmo das entrevistas continuará intenso. Vida de popstar não é mole...

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