A canção do Jethro Tull que os fãs adoram, mas Ian Anderson "detesta e odeia"
Por Bruce William
Postado em 29 de março de 2025
O Jethro Tull sempre esteve entre as bandas mais ousadas do rock progressivo, explorando sonoridades, estruturas incomuns e letras fora do padrão. Algumas de suas canções, como "Aqualung", se tornaram clássicos absolutos do rock, consideradas atuais até os dias de hoje. "Acredito que os sentimentos da música são tão óbvios agora quanto eram em 1971", diz Ian Anderson, vocalista e cérebro criativo por trás do grupo.
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Andreson nunca teve medo de tentar coisas novas - e, consequentemente, de cometer erros. Ele mesmo reconhece que nem tudo saiu como gostaria, apesar de ser considerado por pessoas do porte de Steve Harris como um dos letristas mais talentosos de todos os tempos. "Ele é um músico fantástico e suas letras podem ser desde humorísticas até instigantes. O que posso dizer? Não sou digno!"
Mas uma dessas tentativas de Ian de inovar acabou virando um de seus maiores incômodos. A música em questão é "Living in the Past", lançada como single em 1969 e depois incluída na coletânea de 1972 com o mesmo nome. Ao contrário do que se espera de uma banda que desafiava os padrões da época, essa faixa foi feita com um objetivo bem claro: emplacar um sucesso comercial. "Foi escrita especificamente como um single", revelou Anderson em entrevista ao Songfacts (via Far Out).

Apesar disso, ela mantém uma característica incomum: está escrita em compasso 5/4, o que dificulta seu apelo imediato. Mesmo assim, a combinação de melodia, ritmo marcante e título de efeito acabou funcionando. "Tentei fazer algo que tivesse um certo apelo, mesmo com um tempo não convencional. E deu certo", explicou o músico.
O problema é que, para Anderson, o sucesso dessa música representava um afastamento da identidade artística que ele tentava construir. "Para ser honesto, eu sempre odiei e detestei essa música. Quando ela virou sucesso, eu me escondia num canto e morria de vergonha", contou ao Kerrang!. Mesmo com o carinho do público e dos colegas de banda, ele nunca conseguiu gostar da própria criação.

Esse tipo de frustração não é raro em músicos com forte senso artístico. Anderson não critica o fato de ter tentado algo diferente, mas sim a sensação de que "Living in the Past" foi um passo fora do tom dentro do que ele acreditava ser a essência do Jethro Tull. Era como se, por um momento, o grupo tivesse deixado de ser ele mesmo. Ainda assim, é curioso observar como a canção resistiu ao tempo, se tornando uma das mais lembradas da carreira da banda. E mesmo sendo renegada por seu autor, é prova de que, às vezes, aquilo que o artista mais evita pode ser o que o público mais abraça.

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