A sacada genial de Humberto Gessinger para despachar fotógrafo sem dizer que não gostou
Por Gustavo Maiato
Postado em 03 de março de 2025
O designer gráfico Ricardo Leite, responsável por algumas das capas mais marcantes do rock brasileiro, falou ao canal Pitadas do Sal sobre seu trabalho com os Engenheiros do Hawaii. Na conversa, ele relembrou detalhes da criação de duas capas emblemáticas da banda: "Dançando no Campo Minado" (1996) e "Surfando Karmas & DNA" (2002).
"Essa capa tem muitos elementos de design. Eu já estava trabalhando com uma equipe na época. É um Photoshop fazendo uma ilustração a partir de desenhos do Trimano, grande ilustrador", explicou sobre "Dançando no Campo Minado". O conceito gráfico foi pensado para dialogar com o título do álbum. "Como era Dançando no Campo Minado, colocamos uma tesoura presa, com as pernas não conseguindo fechar. É muito sofisticado", disse.
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Já sobre "Surfando Karmas & DNA", Leite destacou um jogo tipográfico mais ousado, que brinca com as letras da banda e do título. "A Surfando Karmas chama mais atenção, aqui é um jogo diferente. O W se junta no A. O I do Hawaii vira uma exclamação dupla. Tem mais ousadia", explicou.

Ele também atribuiu o mérito da arte a um parceiro fundamental no projeto. "Essa capa eu credito praticamente ao Trimano, um ilustrador genial que fazia ilustração de imprensa e foi apresentado ao Humberto Gessinger pelo seu empresário, Gil Lopes. Eu sou fã do Trimano, então embarquei também no projeto. O Trimano desenhou o retrato e comecei a trabalhar nas cores", contou.
Segundo Leite, Gessinger teve participação direta nas escolhas visuais. "O Humberto sabe muito o que quer. Quando ele vai discutir a arte do disco, já diz onde quer cada letra. O designer ou vai entrar em choque ou vai ceder. O disco é do cara, eu não faço o trabalho para mim e sim para quem me chama para fazer. O disco é um projeto artístico musical e eu, como capista, tenho que traduzir aquilo", disse.
O processo de aprovação foi simples e rápido. "Eu lembro de conversarmos sobre a capa e batermos o martelo. É uma capa direta e forte. Eu só não atrapalhei. Tem uma asa atrás dele. A tipografia é baseada no W e no A. E também nos Ns. Eles têm pontas muito agudas. Essa fonte foi explorada nesse sentido, principalmente na palavra Hawaii. Essa capa não deu nenhum trabalho para aprovar", afirmou.
As duas capas foram produzidas em sequência, e Ricardo Leite relembrou uma situação curiosa ocorrida nesse período. Ele queria trabalhar com um fotógrafo que admirava pela estética inovadora. Levou-o, então, para uma reunião com Humberto Gessinger, na sede da gravadora, na rua Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
"Entramos na sala de reunião ali na rua Jardim Botânico. Como sempre, surgem ideias. Ele queria pegar uma locação e não sei o que mais. Ele era cheio de ideias", contou Leite. No fim do encontro, Gessinger o chamou para uma conversa particular e fez um comentário inusitado sobre o fotógrafo:
"Ele disse algo que adorei: ‘Ricardo, acho que vamos ter que achar um fotógrafo um pouco pior’. Eu achei isso absurdamente genial. É de uma delicadeza. Ele tinha ideia demais e ia bater de frente", recordou.
Confira a entrevista completa.

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