Do Metallica ao Angra - passando por outras bandas -, um breve resumo do "Megadethverso"
Por Mateus Ribeiro
Postado em 27 de novembro de 2025
Se você acompanha este site com frequência, provavelmente já se deparou com o termo "Angraverso" em algum momento. A expressão faz referência à lista - relativamente extensa - de músicos que, de uma forma ou de outra, possuem ligação com o Angra. Trata-se de um conjunto curioso de conexões que ajuda a entender como o grupo deixou sua marca em diferentes nichos do metal brasileiro.
Há outra instituição do heavy metal que também possui seu "próprio universo": o Megadeth, ícone absoluto do thrash metal. Formado há quatro décadas, o lendário projeto liderado por Dave Mustaine passou por inúmeras mudanças em sua configuração, e essas alterações deram origem a uma verdadeira "árvore genealógica" repleta de ramificações. A seguir, apresento um panorama dessas transformações ao longo dos anos. Separe alguns minutos e embarque neste breve passeio pelo "Megadethverso".

Expulsão do Metallica e as primeiras formações
A gênese do Megadeth está diretamente ligada a um dos maiores nomes da história da música pesada. O guitarrista Dave Mustaine integrou o Metallica no início dos anos 1980, mas acabou expulso devido ao seu comportamento, digamos, complicado - em parte provocado por uma relação instável com álcool e drogas. Foi durante a longa viagem de ônibus de volta para casa que Mustaine decidiu montar sua própria empreitada musical. Nascia, assim, o Megadeth.
Embora Megadeth e Dave Mustaine sejam praticamente sinônimos, o músico precisava de aliados para levar seu projeto adiante. Não demorou para encontrar o baixista David Ellefson, oriundo de Minnesota. Músicos com fortes influências de jazz, o baterista Gar Samuelson e o guitarrista Chris Poland - ambos vindos de Nova York - completaram a formação responsável pelos dois primeiros discos: "Killing Is My Business… and Business Is Good!" (1985) e "Peace Sells… But Who's Buying?" (1986). Antes de o time se consolidar, outro ícone das seis cordas passou pelo projeto: Kerry King, fundador do Slayer, que realizou algumas apresentações antes de retornar ao seu posto original.
As primeiras mudanças na formação
Chris Poland e Gar Samuelson foram demitidos do Megadeth em 1987, e as separações, ao que tudo indica, não ocorreram em bons termos . Eles seguiram com outras empreitadas musicais, embora nenhuma tenha atingido o impacto do núcleo comandado por Mustaine. O baterista, infelizmente, faleceu em julho de 1999.
A dupla foi substituída por Jeff Young e Chuck Behler, músicos praticamente desconhecidos do grande público. A passagem deles pelo Megadeth, iniciada em 1987 e encerrada em 1989, rendeu apenas um disco: "So Far, So Good… So What!" (1988), que contém a clássica "In My Darkest Hour".
Assim como seus antecessores, Young e Behler não alcançaram grande projeção após deixarem o projeto. O guitarrista - que teria tentado "furar o olho" de Mustaine - segue carreira solo e integra o Kings of Thrash, iniciativa que também conta com David Ellefson.
A formação clássica
Com mais duas baixas, Mustaine precisou reorganizar sua equipe mais uma vez. Para a bateria, recrutou Nick Menza, enquanto o posto de guitarrista ficou com Marty Friedman, parceiro de Jason Becker no Cacophony.
Reunido em 1990, o quarteto formado por Mustaine, Friedman, Ellefson e Menza se manteve unido até 1998, quando o baterista foi demitido. Trata-se da formação clássica do Megadeth, responsável por alguns dos principais lançamentos da carreira, com destaque para "Rust in Peace" (1990), "Countdown to Extinction" (1992) e "Youthanasia" (1994).
Menza chegou a retornar ao Megadeth em 2004, mas sua segunda passagem foi breve. De forma trágica e prematura, o músico faleceu em 21 de maio de 2016, enquanto se apresentava com a banda OHM - liderada por Chris Poland.
Após um período de estabilidade, sucessivas mudanças
O veterano Jimmy DeGrasso, que já havia tocado com Alice Cooper e Suicidal Tendencies, assumiu as baquetas do Megadeth em 1998. Técnico e preciso, iniciou sua trajetória na banda com o polêmico "Risk" (1999). Foi durante a turnê do álbum que a formação clássica sofreu mais uma baixa: Marty Friedman decidiu abandonar o barco. Al Pitrelli, ex-Savatage, assumiu a função.
No início do século XXI, o Megadeth tentou se recuperar de "Risk" com "The World Needs a Hero" (2001). Apesar das boas intenções, o disco teve desempenho comercial decepcionante. Em 2002, Mustaine decidiu colocar um ponto final temporário na história da instituição musical que havia criado.
O retorno - e mais mudanças
O hiato do Megadeth durou cerca de dois anos. Em 2004, Mustaine reativou a banda e chamou músicos de estúdio - incluindo Chris Poland - para gravar "The System Has Failed" (2004). Para a turnê de divulgação do álbum, o frontman trouxe o guitarrista Glen Drover e seu irmão, o baterista Shawn Drover - ambos oriundos do Eidolon, sendo que o primeiro teve uma passagem rápida pelo King Diamond. O baixista James MacDonough, ex-Iced Earth, substituiu Ellefson, fiel escudeiro do "patrão" por quase duas décadas.
MacDonough deixou o Megadeth em 2006 e cedeu lugar a James LoMenzo, cujo currículo reúne trabalhos com Zakk Wylde, White Lion e outros nomes relevantes. No ano seguinte, "United Abominations" (2007) foi lançado, e não demorou para ocorrer mais uma mudança: Glen Drover deixou o time, dando espaço para Chris Broderick (ex-Jag Panzer e ex-Nevermore).
Pois bem, a estabilidade durou pouco. Em 2010, Ellefson - que havia cortado relações com Mustaine - se reconectou ao velho parceiro e voltou ao Megadeth. Assim, LoMenzo seguiu seu rumo.
Um período curto de "paz" e outro "entra-e-sai"
Era difícil imaginar que o Megadeth fosse permanecer estável por muito tempo, mas, contrariando as expectativas, Mustaine, Broderick, Ellefson e Shawn Drover trabalharam juntos entre 2010 e 2014. O quarteto gravou dois discos: "Th1rt3en" (2011) e "Super Collider" (2013).
A tranquilidade terminou em 2014, quando não apenas um, mas dois membros deixaram o Megadeth quase simultaneamente. Chris Broderick e Shawn Drover saíram, supostamente, por conta de uma reunião da formação clássica - que nunca saiu do papel. O guitarrista integra o In Flames desde 2019, enquanto o baterista canadense toca no Withering Scorn ao lado de seu irmão.
O Brasil - e o Angra - chegam ao Megadethverso
Mais uma vez, como já havia acontecido em outras ocasiões, Mustaine se viu apenas com David Ellefson ao seu lado. Foi então que ele recorreu a Chris Adler, baterista fundador do Lamb of God, um dos nomes mais influentes do metal contemporâneo. Faltava, contudo, alguém para completar a escalação. E esse alguém foi Kiko Loureiro, guitarrista do Angra, que passou a integrar o Megadethverso.
Com sua formação renovada, o Megadeth gravou "Dystopia" (2016), álbum que rendeu um Grammy ao grupo. Adler chegou a fazer alguns shows, mas saiu da banda - e, posteriormente, do próprio Lamb of God. Dirk Verbeuren, ex-Soilwork, foi escolhido para assumir a bateria.
Câncer, pandemia, Ellefson demitido e Kiko Loureiro fora
A segunda metade dos anos 2010 reservou um período conturbado para Mustaine. Em 2019, ele foi diagnosticado com câncer na garganta, mas felizmente conseguiu superar a doença e seguir em frente com sua carreira.
Pouco depois, o mundo foi surpreendido pela pandemia de Covid-19, e a indústria do entretenimento ficou em pausa. Os fãs do Megadeth, que aguardavam um novo disco, precisaram ser pacientes.
Superado o momento mais crítico da pandemia, o Megadeth iniciou as gravações do sucessor de "Dystopia". Foi quando mais um integrante precisou "passar no RH": David Ellefson, que acabou demitido após uma polêmica envolvendo vídeos íntimos. Steve DiGiorgio, do Testament - com passagens por Death, Sadus e outros projetos - gravou as linhas de baixo de "The Sick, the Dying… and the Dead!" (2022). Posteriormente, LoMenzo voltou a ser oficializado como baixista do conjunto.
Kiko Loureiro parecia perfeitamente adaptado ao Megadeth. Contudo, no segundo semestre de 2023, em um movimento inesperado, o guitarrista decidiu se afastar do grupo - não sem antes preparar cuidadosamente seu substituto, o finlandês Teemu Mäntysaari, vindo do Wintersun.
A turnê de despedida
Depois de quarenta anos dedicados ao heavy metal, Dave Mustaine resolveu encerrar as atividades do Megadeth após a turnê de divulgação do último - e autointitulado - disco, com lançamento previsto para janeiro de 2026. A série de shows passará pelo Brasil, mais precisamente por São Paulo, no dia 2 de maio.
Atualmente, o Megadeth é composto por Dave Mustaine, Teemu Mäntysaari, James LoMenzo e Dirk Verbeuren. Tudo indica que esta seja a última formação da história do grupo, mas, dada a natureza caótica e sempre em transformação desse universo, nunca se sabe. O Megadethverso está em constante movimento - e talvez essa seja justamente sua maior marca.
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