"Todo mundo está tentando sobreviver": vídeo viral defende Angraverso e cutuca fã saudosista
Por Gustavo Maiato
Postado em 06 de novembro de 2025
Um novo tributo ao legado de Andre Matos reacendeu uma velha discussão no cenário do metal brasileiro. Anunciado com Thiago Bianchi (vocal), Edu Ardanuy (guitarra), Dani Matos (baixo) e Aquiles Priester (bateria), o projeto All Stars pretende celebrar a obra do maestro com uma série de apresentações e gravações especiais. A proposta é revisitar os grandes clássicos do Angra, Shaman e da carreira solo de Andre - nomes que, até hoje, movimentam multidões e despertam paixões intensas entre os fãs.
Mas, junto da empolgação, veio também a polêmica. Em uma live recente, Milton Mendonça, coprodutor do Prog Power USA, viralizou ao comentar o grande número de projetos e tributos ligados ao chamado "Angraverso" - o universo musical que orbita o legado de Andre Matos e seus ex-companheiros. Para Milton, "tá todo mundo querendo encher o bolso", uma afirmação que gerou debates nas redes e inspirou uma longa reflexão do canal Ibagenscast, apresentado por Manu.

Novo tributo a Andre Matos?
No vídeo, Manu reconhece que o comentário de Milton soou provocativo para alguns fãs, mas defende que ele reflete uma realidade natural da profissão. "Não devia chocar quando alguém diz que está trabalhando para encher o bolso. Mas no Brasil isso ainda causa espanto, talvez pela nossa tradição católica, que associa o dinheiro à culpa. Em países de matriz protestante, isso é visto com naturalidade. Lá, o lucro é parte da ética do trabalho."
O criador do canal prossegue argumentando que os músicos precisam viver de música - e que homenagear o passado não deveria ser visto como um problema. "Esses artistas fizeram parte desse legado. O Edu Falaschi cantou e compôs com o Angra por mais de uma década. O Aquiles Priester foi peça-chave daquela fase. Os irmãos Mariutti ajudaram a escrever a história do Shaman. É legítimo que eles celebrem isso. Eles estão apenas trabalhando."
Um dos pontos mais interessantes do vídeo está na análise sobre as expectativas do público. Manu afirma que muitos fãs cobram "inovação" dos veteranos, mas se esquecem de que esses músicos já cumpriram seu papel criativo na história do metal nacional.
"Esses caras já escreveram seus legados. Não dá pra esperar que reinventem a roda. E, mesmo assim, eles continuam produzindo. O Luiz Mariutti lançou disco solo de baixo, o Hugo Mariutti vem lançando trabalhos autorais incríveis, o Thiago Bianchi mantém o Noturnall. O problema não é falta de material novo, é que o público quer reviver a magia da Nova Era."
Para o apresentador, a persistência dos tributos reflete mais a nostalgia dos fãs do que a falta de criatividade dos artistas. "O público sente falta de Andre Matos, da formação clássica, do Rebirth, da fase Nova Era. É uma carência afetiva, não uma carência de ideias."
Tributo ao Angra e Shaman?
Manu também aproveita o vídeo para relembrar bandas que nasceram justamente desse esforço de renovação - e que acabaram ofuscadas pela própria sombra do Angra e do Shaman.
"O Almah foi deixado de lado. O Hangar, idem. O Noturnall continua, mas o Thiago Bianchi está fazendo turnê tributo a Andre Matos em vez de rodar o país com a própria banda. Por quê? Porque é mais rentável."
E ele vai além: lembra que o próprio Andre Matos enfrentou essa resistência. "Quando o Andre lançou o Symfonia, as casas estavam vazias. A carreira solo dele teve bons momentos, como no Time to Be Free, mas só voltou a lotar com o Turn of the Lights, quando tocou o Angels Cry na íntegra. Ou seja: nem ele conseguia escapar da força da nostalgia."
Na parte final do vídeo, Manu chega à conclusão de que o fenômeno diz mais sobre os fãs do que sobre os artistas. "O Angraverso ainda vende muito, e isso diz tudo sobre o público. Eu entrevisto bandas novas, excelentes, e quase ninguém assiste. Se eu coloco Edu Falaschi ou Rafael Bittencourt na thumb, bomba. Isso mostra que o público quer o conhecido, o que traz conforto, não o novo."
Ele cita exemplos de bandas que lançaram ótimos trabalhos recentes - Abstracted, As The Palaces Burn, Aura Control, Jack the Joker, Thiago Masseti, Jéssica Falk, Helena Nagata -, mas que não conseguem colocar 500 pessoas num show.
"O pessoal quer Angra, quer Nova Era, quer Carry On. Mas tem muita coisa boa sendo feita agora. Vamos ouvir também o novo, apoiar o presente, sem abandonar o passado."
"No fim das contas," conclui Manu, "todo mundo está tentando sobreviver. E se é pra continuar celebrando Andre Matos, que seja com respeito, qualidade - e sem culpa de encher o bolso."
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