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Rock in Rio 2011: um balanço desta edição do festival

Por Marcelo Prudente
Fonte: Território da Música
Postado em 16 de outubro de 2011

Depois de dez anos fazendo biquinho ao público brasileiro, e como todo bom filho a casa retorna, o festival, que hoje se gaba de ser intercontinental, Rock in Rio foi oficializado novamente no município do Rio de Janeiro. Como todo bom projeto, as variáveis e os desafios de tirar do papel aquele que já foi um sonho - todavia, hoje se conforta sendo mais do que uma real conquista - não estavam listadas no hall das tarefas mais simples. Afinal, não é só armar uma tendinha com som meia-boca e duas garrafas de cerveja quente e, voilá!, está pronto o festival. A coisa é mais embaixo, amigo. Eventos desse porte requerem estudos elaborados, planejamentos, estratégias para as mais diferentes situações, que vão desde o transporte público à hora que você, camarada, for fazer seu xixi nas dependências do festival. Enfim, são muitas as variáveis e muito trabalho duro para fazer a festa acontecer.

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Economia

Como foi oficializado há bom tempo antes de todo arrasta pé acontecer, organizadores e produtores, aliado ao poder público do Estado, fizeram o dever de casa, tentando diminuir a zero todos os problemas que eram certos de acontecer, quando as engrenagens do festival começassem a rodar. Escalado para o mês de setembro e começo de outubro, onde o setor hoteleiro do município do Rio fica quase às moscas, o Rock in Rio veio com a ‘responsa’ de suprir essa lacuna, além disso, alavancar a economia do Estado que não está lá essas coisas e, lógico, entreter o público.

Pelo o que foi apurado até o momento, segundo nota apresentada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o festival foi mais que benigno à economia carioca, estimando a injeção de um número superior a quatrocentos milhões de dólares à economia do estado. E que contou também com uma taxa de ocupação média de 98% do sistema hoteleiro, segundo levantamento realizado pela ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) a pedido da Riotur.

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Sem dúvida são estatísticas a serem comemoradas, mas ainda é um olhar pequeno, talvez até romântico, perto dos problemas sentidos na pele pelas centenas de pessoas que visitaram a Cidade do Rock, e, sem dúvida, pela grande parcela de cidadãos que queria na melhor das hipóteses prestigiar o festival de bem longe - de preferência no aconchego do lar -, mas, infelizmente, se viram no meio do furacão. E esse furacão veio na forma de grandes congestionamentos; policiamento pouco informado e menos ainda educado; transporte público insuficiente diante do volume de pessoas, o que foi prato cheio ao transporte irregular com preços que atravessavam, fácil, fácil, a estratosfera. E a cereja desse indigesto bolo foram os gatunos de plantão que se aproveitaram da ocasião e fizeram sua festinha, digamos, particular.

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Isso dá uma breve noção do quanto o governo do Estado do Rio de Janeiro - isso se aplica para os outros Estados também - precisa investir em infra-estrutura. Se o país está imbuído da idéia de deixar de ser colônia investindo na área cultural. O que é excelente e já passou mais que da hora. Ações enérgicas devem ser tomadas para ontem, anteontem... E se os jogos Olímpicos e Copa do Mundo estão "certos" de terem o Brasil como sede é mais que necessário os Estados, aliados ao poder Federal, se debruçarem sobre os projetos com total entrega. A melhora das infra-estruturas dos municípios é uma necessidade que não pode ser deixada para qualquer dia ou para o dia que pintar vontade, a menos que a pretensão do poder público seja retroceder na corrida pelo desenvolvimento, onde o Brasil não é o lanterna, mas, tampouco, deixou de ser retardatário.

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Rock in Rio

O ano de 1985 pode ser considerado decisivo para a composição da história do Brasil. Algum desinformado olharia com desdém e perguntaria por que. A resposta mais simples e direta seria o processo que o país atravessava com a redemocratização. Junto a isso, e até alicerçando esse processo, o festival Rock in Rio foi decisivo em carimbar o país como rota dos grandes concertos internacionais. O Brasil já tinha sentido gostinho de hospedar apresentações internacionais como Genesis, Alice Cooper Group, Carlos Santana, Queen, Van Halen, Kiss, etc. Mas era algo que acontecia uma vez na vida e outra na morte, como é expresso no ditado popular, tendo em vista a tamanha carência do povo em relação a shows internacionais, e se bobear à cultura em geral.

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Filho do produtor carioca Abraão Medina - idealizador das noites de gala, paradas de Natal - o publicitário Roberto Medina trouxe o conceito de festival musical de grande porte ao país, algo até então inédito, levando em conta a infra-estrutura que a festa demandou e a quantidade de pessoas que o evento comportava e atingia direta e indiretamente. Não adianta uma ou outra viúva chorona bater o pé dizendo que o Brasil tinha esse ou aquele festival. É fato que as coisas começaram ganhar moldes profissionais - ou se preferir, começou a melhorar - com o Rock in Rio 1.

Na primeira edição do festival, entre os dias 11 e 20 de Janeiro de 1985, dispôs, como ressaltado anteriormente, de uma infra-estrutura inédita aos parâmetros brasileiros até aquele momento, com shoppings, lojas de fast-foods, centros médicos, etc, o que, junto às atrações da festa, foi algo determinante ao alcance do sucesso. Se o primeiro festival foi para abrir os caminhos do Brasil aos grandes shows, a segunda edição, no ano de 1991, veio numa versão mais reduzida realizada no Estádio do Maracanã com a bandeira de enaltecer o Brasil no circuito mundial dos principais shows. As edições de 2001 e 2011, com o país mais que consolidado na rota dos principais artistas, o Rock in Rio teve o trabalho de administrar o jogo ganho e não cometer nenhuma insensatez.

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Não chega ser insensatez ou um ultraje, mas as bolas chutadas acima do gol na atual edição do festival ficaram por conta das cansativas filas para alimentação; a má comunicação do festival em veicular em seu site oficial a informação que era proibida a entrada de qualquer tipo de alimento, quando na realidade não era - o mal entendido foi desfeito para segunda semana do festival; os banheiros, pelo menos o masculino, não comportaram o volume de xixi da moçada, entupindo, e para piorar, com inúmeras poças se formando pela área do banheiro, era quase como pisar num terreno minado; o fraco policiamento dentro da área do festival, o que possibilitou um número elevado de furtos na primeira semana de shows e, por fim, os preços de alimentos e bebidas um pouco acima da realidade econômica do país.

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Artistas

Comentei que o banheiro masculino parecia campo minado, certo? Mas campo minado mesmo, caro leitor, é meter o bedelho no delicado assunto: cast do festival. Mas o bom é cutucar a fera com vara curta. O assunto é cheio de nove horas por um erro de interpretação, o festival se chama Rock in Rio, sendo essa sua marca, e não deve ser veiculado diretamente ao estilo. Parece bobagem comentar sobre isso, entretanto, há uma parcela de pessoas que não entendem, ou se fazem de desentendidas, o que é o estopim para a guerra começar onde as afiadas armas são as palavras.

Desde sua primeira edição o festival acobertou atrações fora da "jurisdição" do estilo rock ‘n roll, artistas como George Benson, James Taylor, Ivan Lins, Gilberto Gil, The Go-Go’s e B’52’s destoam do pessoal que é mais chegado no peso das guitarras. O mesmo conceito estava presente na segunda edição do festival, prova disso fora as escalações de grupos/ artistas como A-Ha, Information Society, Debbie Gibson, Jimmy Cliff e Colin Hay. As outras duas edições seguiram o roteiro. E novamente a mesma indagação sobre as atrações em comparação direta ao nome do festival aconteceu, com alguns radicais fazendo birra porque atrações como Katy Perry, Ke$ha, Ivete Sangalo, etc, fizeram parte do cast do festival.

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Cabe a uma boba, mas válida analogia a restaurante: ninguém é obrigado comer o que não quer ou o que não gosta, ou seja, cada pessoa analisa o cardápio e julga o melhor para si. Em festivais de música cabe a mesma ideia e analise: consuma aquilo que for do seu agrado. Simples assim. E a melhor parte é que todo mundo se diverte sem precisar pisar num terreno que não fale sua língua.

O bacana que a festa voltou para seu endereço de origem, e é muito bem vindo, diga-se. Afinal, foi com o pontapé dado pelo festival que o Brasil começou a ser enxergado na área do entretenimento pelo pessoal gringo. Então, que venha outras edições do festival alicerçado em uma infra-estrutura ainda melhor e com menu recheado de rock, metal, pop, blues...

http://rockonstage.blogspot.com/

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Sobre Marcelo Prudente

Marcelo Prudente, 28 anos, nascido em Volta Redonda/Rio de Janeiro. É profissional da área de Comunicação, trabalha com Publicidade e Jornalismo. Começou a tomar gosto pela música quando criança por influência dos pais e tio. Louco pela carreira do velho madman, Ozzy Osbourne. Curte também Iron Maiden, Kiss, Rammstein, Rob Zombie, Alice Cooper, etc. E já perdeu a conta dos bons shows que já assistiu e dos ótimos discos que tem. Para mais informação: http://rockonstage.blogspot.com/. Long live to Rock n' Roll.
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