RECEBA NOVIDADES ROCK E METAL DO WHIPLASH.NET NO WHATSAPP

Matérias Mais Lidas


Outras Matérias em Destaque

Kiko Loureiro explica para Rafael Bittencourt como a pausa do Angra deve ser para dar certo

Jay Jay French ficou feliz com o fim do Twisted Sister nos anos 80

O que é "rastro de cobra e couro de lobisomem" em "Homem com H" de Ney Matogrosso

A música que Max Cavalera mais gosta de tocar ao vivo

O álbum que fez Paulo Ricardo perceber que RPM estava obsoleto: "Foi traumático"

O álbum mais bonito de todos os tempos, segundo Dave Grohl do Foo Fighters

Billy Corgan conta por que fez outra banda para tocar músicas do Smashing Pumpkins

Só pedrada; Slash elege o melhor ano da história para o heavy metal

Novo baterista do The Who sabe que receberá hate de parte dos fãs

Guns N' Roses negocia show em Cuiabá, diz secretário do estado do MT

Túmulo de Paul Di'Anno recebe linda lápide dias antes do seu aniversário; veja a foto

A única banda de rock nacional que Tom Capone não conseguiu manter unida

O dia que John Lennon confidenciou segredo a Pelé no intervalo de sua aula de japonês

Por que o sucesso pode "destruir as pessoas", na opinião de Max Cavalera

Por que Elvis Presley não pode ser considerado rei de nada, segundo Ray Charles


Stamp

Porque "O Trem das Sete" de Raul Seixas é "o último do sertão"

Por Bruce William
Postado em 06 de maio de 2025

Quem ouve "O Trem das Sete" pela primeira vez pode se deparar com uma narrativa simples, quase nostálgica: o trem surgindo de trás das montanhas, levando gente que chora, gente que sorri, alguns que ficam, outros que partem. Mas a canção composta por Raul Seixas e lançada em 1974, no disco "Gita", carrega muito mais do que memórias da infância — ela é uma síntese poética de espiritualidade, crítica social, ocultismo e uma visão radical de transformação.

Raul Seixas - Mais Novidades

Foto: IA - Bruce William
Foto: IA - Bruce William

A imagem do trem é recorrente na obra de Raul. Em entrevista à Rádio Cultura AM, em 1976, o próprio cantor explicou que cresceu viajando de trem pelo interior da Bahia, e que aquilo o marcou profundamente. "Essa cultura do Brasil é fantástica. Eu falo muito do trem como uma imagem de um novo momento que está surgindo", disse ele. Era o símbolo da mudança, da passagem, de um ciclo que se encerra e outro que começa, "um processo civilizatório que bateu no teto".

O número sete, por sua vez, intensifica essa simbologia. Sete dias da semana, sete notas musicais, sete cores no arco-íris. Na Bíblia, sete trombetas, sete selos, sete igrejas. O horário marcado, "sete horas", carrega uma carga mística. Segundo o site Literatura e Poesia, há uma associação com "O Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, onde o destino final depende das escolhas feitas em vida. O trem, então, se torna mais que meio de transporte: é o condutor entre esta existência e outra.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - CLI
Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

Mas por que ele seria o último trem do sertão? A resposta está na sobreposição de referências. Para Raul, esse sertão não era apenas geográfico, mas também simbólico. É o Brasil profundo, o território da fé simples, das ausências e das resistências. E o último trem representa a última chance de mudança — espiritual, política, humana. Não é à toa que "as montanhas azuis" remetem ao céu, enquanto o "trem fumegando" pode ser interpretado como a chegada do divino, numa conexão com Apocalipse 1:7: "Eis que vem com as nuvens...".

Há também um elemento ocultista na música, com influência direta de Aleister Crowley. Raul já demonstrava interesse pelas idéias de Crowley antes mesmo de cantar sobre a Sociedade Alternativa. A letra diz: "Olhe o mal / Vem de braços e abraços / Com o bem / Num romance astral". O jornalista Júlio Ettore explica que essa visão de unidade entre bem e mal está alinhada à proposta de abolir essa dualidade, algo presente tanto no ocultismo quanto nas religiões orientais. "No final da música, temos essa belíssima imagem da Unidade da Divindade", escreve Sylvio Passos no livro "Raul Seixas: Uma Antologia".

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - GOO
Anunciar no Whiplash.Net Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

A ausência de bagagem e passagem, destacada nos versos, também tem papel crucial. Não é preciso pagar nada para embarcar, mas é necessário crer. A análise publicada pelo site As Crônicas Cristãs reforça: o trem não leva bens materiais, só quem compreendeu a mensagem. Não basta existir, é preciso ter consciência da travessia.

O caráter premonitório da canção ainda assombra. Raul morreu no dia 21 de agosto de 1989. Foi encontrado sem vida no quarto de seu flat em São Paulo, pouco depois das sete da manhã — exatamente o horário do "trem das sete". A parada cardíaca aconteceu duas horas antes, às cinco. Dois detalhes, dois horários, duas horas de silêncio que antecederam uma coincidência difícil de ignorar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - CLI
Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

No fim das contas, "O Trem das Sete" é sobre partir — e aceitar que todos, mais cedo ou mais tarde, irão embarcar. É o último trem porque simboliza a passagem final, aquela que ninguém pode evitar. Um trem que parte do sertão simbólico, carregando fé, silêncio e mistério. Só embarca quem entendeu que essa vida é apenas uma das estações — e que, para ir adiante, não é preciso bagagem, só coragem de seguir.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE - GOO
Anunciar no Whiplash.Net Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal
Compartilhar no FacebookCompartilhar no WhatsAppCompartilhar no Twitter

Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps


Manifesto 2025


publicidadeMarcelo Matos Medeiros | Glasir Machado Lima Neto | Felipe Pablo Lescura | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Siga Whiplash.Net pelo WhatsApp
Anunciar bandas e shows de Rock e Heavy Metal

Sobre Bruce William

Quando Socram chegou no Whiplash.net era tudo mato, JPA lhe entregou uma foice e disse "go ahead!". Usou vários nomes, chegou a hora do "verdadeiro". Nunca teve pretensão de se dizer jornalista, no máximo historiador do rock, já que é formado na área. Continua apaixonado por uma Fuchsbau, que fica mais linda a cada dia que passa ♥. Na foto com a Melody, que já virou estrelinha...
Mais matérias de Bruce William.

 
 
 
 

RECEBA NOVIDADES SOBRE
ROCK E HEAVY METAL
NO WHATSAPP
ANUNCIE NESTE SITE COM
MAIS DE 4 MILHÕES DE
VIEWS POR MÊS