O grande erro que tanto Karl Marx quanto Jesus Cristo cometeram, segundo Cazuza
Por Gustavo Maiato
Postado em 19 de agosto de 2025
No livro "Vozes do Brasil – Cazuza", de Carlos Rennó, Eduardo Duó e J.C. Bruno, há um trecho que reúne algumas das respostas mais afiadas e declarações contundentes do cantor — frases que, mesmo décadas depois, continuam revelando seu olhar crítico e provocador sobre política, sociedade e a natureza humana.
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Em entrevista à TV Bandeirantes, em dezembro de 1988, Cazuza afirmou: "O primeiro sentimento do ser humano é a competição. Ele nasce, pega o peito da mãe e já está competindo com o pai. Depois vem a inveja, que é mais ou menos a mesma coisa que a competição. Então, eu acho que Cristo e Marx foram muito ingênuos. Eles tentaram extirpar isso do homem, e é impossível. O ser humano é competitivo. O leão, o tigre é competitivo, os animais são competitivos. Então, é como amputar um dedo: sem a competição as pessoas ficam sem um dedo."
Para ele, a competição era um instinto tão fundamental quanto a própria sobrevivência — algo que nem o cristianismo, nem o marxismo, com seus ideais de igualdade e fraternidade, conseguiriam eliminar.

Ainda nesse conjunto de falas, Cazuza opinou sobre política, deixando claro seu posicionamento: "Na política eu voto no PT, no Partido Verde, eu sei em quem confio. Eu sou socialista e acho que o único caminho para um país do Terceiro Mundo chegar ao Primeiro Mundo é através do socialismo." (Jornal do Brasil, abril de 1988)
Apesar da simpatia pelo partido, ele também fazia ressalvas: "O único medo que eu tenho do PT é o radicalismo de estatizar tudo. Acho que o básico tem que ser estatizado: saúde, escola, essas coisas... Mas eu acho que tem que ter concorrência. Eu acho, por exemplo, que se tivesse um telefone privado ele iria funcionar muito melhor." (TV Bandeirantes, dezembro de 1988)

Cazuza também comparou modelos políticos e demonstrou preferência por democracias mais estáveis: "Eu gostaria de viver numa democracia tipo a dos Estados Unidos ou de alguns países da Europa. Agora, acho que para o Brasil sair mais rápido da merda em que está, teria que ser uma coisa mais radical." (Manchete, julho de 1990)
O livro registra ainda sua percepção sobre as mudanças no cenário ideológico do país: "Antigamente era mais fácil você ser de esquerda ou de direita, ser careta ou ser doidão, as coisas eram mais definidas. Hoje, é uma indefinição total." (Jornal do Brasil, abril de 1988)

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