O guitarrista de Raul Seixas que não curtiu o trabalho: "Eu não achava a menor graça nisso"
 Por Gustavo Maiato
Por Gustavo Maiato
Postado em 04 de agosto de 2025
Em 1983, Raul Seixas já era um ídolo consolidado. Seus discos estavam entre os mais vendidos do país, suas apresentações lotavam ginásios e sua figura era reverenciada por fãs de diversas gerações. Mas, nos bastidores, nem todos compartilhavam da mesma empolgação.
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É o caso do saudoso guitarrista Sydney Valle, conhecido como Palhinha, que integrou a banda de apoio de Raul durante aquele ano. Em entrevista registrada no livro "O Raul que me Contaram", Palhinha fala com franqueza sobre a experiência ao lado do artista.
 
"Foi um trabalho, um trabalho de profissional. Você chega lá, ganha seu dinheiro e vai pra casa. Como eu fiz com tantos outros, com mais de 80 cantores da música brasileira. Não trabalhei só com o Raul, trabalhei com muita gente."
Embora reconheça Raul como uma figura importante na música, o guitarrista deixa claro que sua convivência com o cantor não foi das mais próximas. Segundo ele, Raul se relacionava pouco com os músicos da banda:
"Na maior parte do tempo, quando ele não estava bêbado, ele estava de ressaca e de mau humor. Então ele ficava muito na dele, ficava muito resguardado."
 
A distância entre os dois se ampliava, segundo Palhinha, pelas conversas pouco atraentes de Raul, que passava por uma fase de grande interesse por ocultismo.
"Os papos dele eram muito chatos. Ele estava numa fase de querer pregar Aleister Crowley, falar de satanismo e não sei o quê. Ficava me indicando livro do capeta pra eu ler, esse tipo de coisa. Eu não achava a menor graça nisso."
Raul Seixas e o show no Ibirapuera
O momento mais emblemático da passagem de Palhinha pela banda de Raul aconteceu em 28 de outubro de 1983, durante a segunda semifinal do Festival Interno do Colégio Objetivo (FICO), realizado no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Raul era a atração principal da noite, mas a apresentação foi marcada por confusão e impaciência do público.
 
Conforme explica post no Instagram oficial de Raul, o evento, hoje lembrado com nostalgia por fãs e colecionadores, foi tumultuado desde o início. O atraso no começo do show, a presença de policiais (que Raul detestava), e o consumo de uma garrafa de Drury’s nos bastidores criaram um clima de tensão. Em cima do palco, o cantor foi ajudado por Sylvio Passos, fundador do fã-clube Raul Rock Club, e lidou com a plateia jogando bolinhas de papel e protestando em tom de deboche.
O show terminou antes do previsto. O trio de músicos de apoio — Sydney Valle (guitarra), Pedro Jaguaribe (baixo) e Nonato Teixeira (bateria) — teve de manter o controle e encerrar a apresentação de forma contida. Tudo foi registrado em vídeo pela produção do próprio Colégio Objetivo.
 
Quarenta anos depois, o registro foi digitalizado e restaurado, com autorização de Sylvio Passos, e divulgado no perfil oficial de Raul Seixas nas redes sociais, como parte da memória viva do artista.
Raul Seixas e Sydney Valle
Ao comentar sobre o desempenho musical de Raul, Palhinha foi direto: "Eu não gostei não, porque a minha referência de rock’n’roll era Rolling Stones, Led Zeppelin, grandes cantores como Ian Gillan e Roger Daltrey. E ele não tinha nem um pouquinho o perfil desses caras. Pra mim, ele não era um cantor de rock’n’roll como os cantores de rock’n’roll são."
Questionado sobre o que faltava em Raul como intérprete, o guitarrista respondeu com objetividade: "Gás. Voz mesmo. Minha referência eram os ingleses, os americanos. Tipo Paul McCartney cantando."
 
Apesar da visão crítica, Palhinha reconhece que Raul já tinha uma trajetória consolidada àquela altura. Mas, para ele, o trabalho foi apenas mais uma entre as dezenas de parcerias profissionais realizadas ao longo da carreira. "Ele era um cantor, um cantor conhecido. Mas não era um ídolo pra mim."
Quem foi Sydney "Palhinha" Valle?
Sydney "Palhinha" Cruz do Valle foi um guitarrista, arranjador e compositor brasileiro, conhecido por seu trabalho com grandes nomes da música popular e do rock nacional. Carioca radicado em São Paulo, atuou com artistas como Belchior, Raul Seixas, Walter Franco, Toninho Horta, Naná Vasconcelos, Maria Creuza e Paulinho Boca de Cantor.
Teve papel importante na carreira de Belchior, integrando sua primeira banda de turnê após o disco Alucinação (1976) e participando de gravações marcantes, como o LP Era Uma Vez Um Homem e Seu Tempo (1979), no qual assina violões, arranjos e guitarras, incluindo a faixa "Voz da América". De acordo com matéria do Farofafá, o músico faleceu em 2019.
 
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