Rock In Rio: o velho complexo de vira-lata
Por Daniel Junior
Fonte: Aliterasom
Postado em 08 de maio de 2011
Para mim ainda é um mistério o porquê bandas do calibre de Angra, Sepultura e Korzus se submeterem a tocarem fora do palco principal do RiR IV. Mistério porque nada justifica a presença de Gloria, Stone Sour, Coheed and Cambria, NX Zero e Detonautas no púlpito das maiores atrações, mesmo que em dias diferentes do estilo das bandas citadas na primeira linha.
Para não dizer que é partidário o comentário, Mike Patton, Titãs e Ed Motta (juntamente com as bandas que citei) tem muito mais história do que grupos que sempre tiveram um empurrãozinho da mídia para aparecerem para seu público. Não estou defendendo, por exemplo, que o sobrinho "peso pesado" de Tim Maia seja atração no Palco Mundo, justamente por entender que nem com o festival ele tem muita relação, mas se Jay-z, Cláudia Leite, Rihanna e Ivete Sangalo lá estão, porque uma das melhores vozes deste país fica reservado ao Palco Sunset como atração secundária?
Quando falamos de arte e especialmente de música, o ufanismo ou qualquer tipo de paternalismo não tem nenhum tipo de eficácia em seu discurso, no entanto, o complexo de vira-latas que o brasileiro tem quando o assunto é produto estrangeiro ou mesmo, popularidade midiática, é impressionante.
Foi o Sepultura que permitiu, por exemplo, que bandas como Angra, Shaman e Korzus entre tantas outras, pudessem fazer carreiras internacionais. A outra banda muito importante no processo de conhecimento do "material nacional" foi o Ratos do Porão. Mesmo assim, ninguém nunca cogitou que a banda de João Gordo fosse headline de qualquer festival deste calibre em seu país. Pelo contrário, lá fora, a banda punk tem status de banda histórica e é respeitada como uma das maiores do movimento. Aqui o discurso é reticente e apela apenas para uma velha e chata retórica: "João Gordo traiu o movimento".
A ex-banda de Max Cavalera, se não tem a pegada e a popularidade da época do "Arise", ainda é referência internacional quando o assunto é metal. Não vive bons momentos desde a saída, primeiro de Max e depois de Iggor, mas isso não pode apagar o fato que, ao vivo, é uma das bandas mais explosivas em um palco, sendo inclusive uma das atrações principais no Rock In Rio III.
O Angra vive fase semelhante da banda mineira. Lançou Aqua (2010) sem a devida repercussão em terra brasilis, o que não apaga o enorme sucesso que a banda de Edu Falaschi faz fora do território nacional. Sem contar o enorme respeito que todos os seus integrantes possuem na comunidade metal. Mesmo assim, em meio a divulgação do seu mais recente disco, a banda que tem base em São Paulo, toca ao lado de Tarja Turunen, também no Palco Sunset.
Já o Korzus, banda que data de 1983 (!), que já lançou 9 discos e que teve enormes reviravoltas em sua história – entre elas o suicídio de um integrante, Zema (1987) – é uma das bandas mais guerreiras do cenário nacional. Teve sua primeira turnê internacional em 1992, nove anos após seu surgimento para o mundo. Tocaram na edição nacional do Monster of Rock (1998) ao lado de Glenn Hughes, Dream Theater, Megadeth e Slayer. Quase 30 anos depois divide o palco com The Punk Metal All Stars… seja lá o que seja isso.
… Daí volta e meia um figurão do meio diz que as bandas não são unidas. Não sou a pessoa mais apropriada para dizer "isso" ou "aquilo", se isso é verdade ou não, mas ao se venderem por pouco, as bandas dão clara noção de que estão pouco ligando para importância que cada um delas tem para história do rock nacional (especialmente seu ramo mais pesado) e que, o que vale mesmo é participar do evento. Será?
Não sei como contratos são negociados e nem entendo quais são os critérios de seleção, mas Detonautas tocar no mesmo dia de Guns N´ Roses é uma boa demonstração de que sabemos muito menos de música do que imaginamos.
twitter do autor: @dcostajunior
twitter do site: @aliterasom
Foto da chamada: Roberta Forster
Rock In Rio 2011
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