A canção que ficou 4 anos na cara de George Harrison, e quando ele notou compôs em 3 minutos
Por Bruce William
Postado em 23 de março de 2025
George Harrison sempre foi o mais introspectivo e espiritual dos Beatles. Sua busca por sentido se refletia tanto na vida pessoal quanto na arte que produzia, especialmente durante a carreira solo. Algumas músicas surgiam após longas reflexões; outras, apareciam como se caíssem do céu. Uma delas, segundo o próprio músico, foi escrita em apenas três minutos.


Trata-se de "Ding Dong, Ding Dong", lançada em seu álbum "Dark Horse" (1974). Apesar da letra sugerir renascimento espiritual e novos começos, a origem da música foi bem mais simples. Harrison morava na imponente mansão vitoriana Friar Park, que comprou no início da década de 1970, e foi literalmente dentro dessa casa que a inspiração bateu - ou melhor, esteve sempre à sua frente.
O construtor original da propriedade, Sir Frank Crisp, havia entalhado frases filosóficas e reflexivas nas paredes do local. Harrison, um dia, reparou em duas delas, posicionadas em lados opostos da lareira: ""Ring out the old, Ring in the new" e "Ring out the false, ing in the true". O guitarrista também encontrou uma terceira no jardim: "Yesterday, today was tomorrow. And tomorrow, today will be yesterday".

Essas frases ecoaram em sua mente por anos, mas a música só surgiu depois. Em sua autobiografia I, Me, Mine, George explicou o processo de criação: "'Ding Dong, Ding Dong' foi a música mais rápida que já escrevi. Levei três minutos, mas foram quatro anos olhando para aquilo na parede antes de perceber que era uma canção pronta. Me faz rir porque é muito simples."
Além da letra direta, a música trazia uma mensagem de renovação que Harrison esperava ver aplicada na vida real: "Em vez de ficar preso a um padrão, todo mundo deveria tentar deixar o velho para trás e trazer o novo… As pessoas cantam sobre isso, mas nunca aplicam em suas vidas", comentou na época.
A canção teve um desempenho razoável nos Estados Unidos e passou a ser lembrada como uma espécie de hino de fim de ano. Era, também, uma rara composição de Harrison com temática mais leve e celebratória, contrastando com suas letras habitualmente mais existenciais.

"Ding Dong, Ding Dong" talvez não seja uma das músicas mais lembradas do catálogo solo de George Harrison, mas é um exemplo curioso de como a inspiração pode estar literalmente escrita nas paredes - e de como até uma simples inscrição pode gerar uma música pronta em três minutos.
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