A banda que deixou o Aerosmith confuso em 1974; "É isso que o rock vai virar?"
Por Bruce William
Postado em 14 de abril de 2025
Em 2003, o Aerosmith dividia a estrada com o Kiss numa turnê que se estendeu pelos Estados Unidos até o ano seguinte. A parceria parecia natural, mas escondia uma história cheia de espantos, competição e até mágoas. Segundo Joe Perry, a ideia de sair em turnê juntos já vinha sendo discutida havia pelo menos três anos. "Era uma daquelas coisas que não encaixavam, por agenda. Mas agora acabou dando certo."
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O reencontro nos palcos trouxe lembranças de quando os dois grupos se cruzaram pela primeira vez, quase trinta anos antes. O ano era 1974. O Kiss, ainda dando os primeiros passos, abriu alguns shows do Aerosmith. E causou impacto logo de cara. Perry lembra para a Classic Rock: "A gente viu aqueles caras com jaquetas de couro preto, maquiados, e ficamos nos olhando, pensando: 'Caramba, passamos todo esse tempo aprendendo a tocar, e esses caras vêm com esse lance teatral. É isso que o rock vai virar?'"
O contraste entre os dois era gritante. Enquanto o Aerosmith apostava em uma performance crua, focada na música, o Kiss chamava atenção pela maquiagem, pirotecnia e teatralidade. Aquilo parecia mais um espetáculo visual do que um show de rock tradicional, e deixou os músicos de Boston desconcertados.

Apesar do espanto, o público adorou, e o Aerosmith teve que subir depois e manter o clima em alta. Mais tarde, os dois grupos se reencontraram em Detroit, num show em que, segundo Perry, o clima de competição era evidente. O Kiss já começava a alcançar seu auge, e a disputa por atenção era real.
O tempo passou, mas nem tudo foi perdoado. Em entrevistas anos depois, Steven Tyler deixou claro que a admiração musical não era mútua. Em 2012, ele disse que o Kiss era uma "banda de histórias em quadrinhos, com caras gozadas e uns dois hits." E relembrou um episódio tenso: "Quando tocamos com eles em 1976, um de nossos roadies entrou numa briga de faca com um cara deles. Eu odeio eles desde então."

Apesar de dizer que gosta de Paul Stanley e Gene Simmons como pessoas, o vocalista foi direto quando o assunto é música. "Um lick do Kiss e um lick de Joe Perry - dois mundos diferentes. Dependendo do dia, fico até ofendido. Eu ouço aquilo e fico, tipo: 'Beleza, mas eles estão sendo realmente sinceros?' É por isso que o Aerosmith está aí desde sempre. Nós realmente nos levamos a sério."
Ainda assim, em 2003, as bandas dividiram o palco de forma profissional, com respeito mútuo pelas décadas de estrada. Gene Simmons resumiu: "Existe uma irmandade ali. O Aerosmith sobreviveu e prosperou por quase 30 anos. Só dá pra respeitar isso." Joe Perry concordou, mas confessou que, quando sobe ao palco, o espírito competitivo ainda pulsa: "Sempre tem aquele fator de dar uma cutucada no cavalo e correr mais. A gente não abaixa a cabeça pra ninguém."

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