Discos pouco falados no mundo do rock: The House of Blue Light
Resenha - House of Blue Light - Deep Purple
Por Zé Elias
Postado em 21 de março de 2018
"Perfect strangers" significou mais do que um álbum; foi o marco do badalado retorno, após um hiato de oito anos, de uma das bandas de rock pesado mais populares e influentes dos anos 1970, cuja história não se fez apenas de discos e músicas relevantes para a época, mas também de inúmeras confusões e trocas de integrantes.
Lançado três anos depois (portanto, em 1987), "The house of blue light" chegou com outra aura. Outra, porque diferente da que envolveu seu antecessor, mas não era uma situação nova. Sucessor de um trabalho histórico e marcado pelos desentendimentos entre Ian Gillan e Ritchie Blackmore, o álbum até poderia por isso ter o título "Who do we think we are II". E tal qual o disco de 1973, está longe de ser ruim; porém, ficou obscurecido pelas circunstâncias.
Algumas das faixas caberiam sem surpresas no seu antecessor: "Bad attitude" (com uma intro de teclado marca registrada de Mr. Lord), "Mad dog", "Hard lovin' woman" e "Dead or alive". Só que outras sonoridades foram ressuscitadas da década anterior. "The unwritten law" tem uma condução de bateria não convencional, uma ideia semelhante à de "The mule". "Black or white" traz de volta a gaita. "The spanish archer" soa medieval como o Rainbow dos primeiros discos. Para mim, os pontos fracos são "Call of the wild", que foi feita para ser o hit para tocar nas rádios e virar videoclip da MTV, atitude comum nas bandas daquela década; e "Mitzi Dupree", um blues com letra tosca e... bem, é um blues semelhante a 99% dos blues existentes. E por fim, minha favorita: "Strangeways" (escute logo abaixo), talvez a mais psicodélica música feita pela banda em sua história (considerando o que entendo por psicodélico ahahahaha), com um riff repetido ao longo de quase todos os sete minutos e uma viagem progressiva construída em cima dele, cheia de climas e dinâmicas. Tão hipnótica pros meus ouvidos quanto "Carouselambra" do Led Zeppelin.
Eu vou apanhar, mas... É um disco que escuto muito mais do que "Perfect Strangers".
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