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Angra: muito distante da criatividade de outrora

Resenha - Ømni - Angra

Por Breno Rubim
Postado em 03 de março de 2018

Nota: 7 starstarstarstarstarstarstar

Todo lançamento em torno de uma grande banda causa um grande alarde entre os fãs, e, certamente, a maioria deles irá elogiar o trabalho. Com o Angra não foi diferente: todas as resenhas até aqui publicadas neste site elogiaram bastante o novo disco, "Omni". Este que vos escreve, porém, seguirá na direção oposta, numa resenha que segue na contramão das resenhas anteriores, e é, por isso mesmo, corajosa.

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Muito embora o Angra tenha se formado no ano de 1991, lançando seu primeiro álbum "full-length" em 1993 (o espetacular "Angels Cry"), só conheci a banda em 2003, através do álbum "Rebirth" (2001). Desde então, já se perfazem 15 (quinze) anos ouvindo atentamente a discografia dos paulistas e acompanhando com olhos (e ouvidos) atentos cada lançamento. O primeiro lançamento da banda cujos bastidores acompanhei foi o extraordinário "Temple Of Shadows" (2004).

Todos os álbuns da banda até "Temple Of Shadows" destilavam uma mistura de power metal, prog metal, symphonic metal, hard rock e até pop de forma soberba, com criatividade nas letras e composições e técnicas nos solos. Todos os álbuns foram esplêndidos. Porém, desde o álbum "Aurora Consurgens" (2006), o que se percebeu foi uma nítida queda dessa criatividade (que culminou com o horrendo "Aqua", de 2010).

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Para ilustrar, nesse mesmo ano de 2006, o então vocalista Edu Falaschi lançou o disco de estréia do "Almah", homônimo, que eu considerei bem melhor que "Aurora Consurgens", de sua banda "principal" à época. Foi aí que comecei a perceber que alguma coisa já não ia bem.

Em 2012, com a saída de Edu e a chegada de Fábio Lione nos vocais (figura já cativa na "comunidade powermetálica") e, um pouco mais tarde, o jovem Bruno Valverde na bateria, eu, como fã que sempre fui, imbuí-me da empolgação de que a banda tivesse obtido um novo fôlego para retomar a inspiração para lançar grandes trabalhos outra vez. No entanto, não foi isso que aconteceu: "Secret Garden", de 2014, é um disco apenas mediano, e este novo trabalho, "Omni", é apenas ligeiramente melhor que o antecessor.

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Comentemo-lo faixa a faixa, apenas no que tange às minhas opiniões pessoais acerca da musicalidade em si, e não o enredo por trás do conceito do álbum, pois este eu confesso que não pesquisei a fundo.

O play abre com "Light Of Transcendence", cujo tema operístico de teclado é bastante similar ao da música "Nova Era", que abre o excelente "Rebirth", de 2001. O que escutamos é um ótimo power metal, que, embora seja um gênero meio datado, ainda funciona. O tema que intercala as estrofes é interessante, temos um bom refrão, e sem dúvidas o ponto mais alto é o lindo solo de guitarra: rápido e técnico, mas ao mesmo tempo melódico. Angra como tem que ser.

A segunda faixa é "Travelers Of Time", já divulgada semanas antes do lançamento oficial do álbum. Aqui, já começa a dar as caras a veia "prog" que o grupo vem cada vez mais encampando em suas composições. Trata-se de outra boa faixa, com refrão grandioso permeado por um teclado bem colocado. Pelos idos da metade da música, somos surpreendidos por um coro vocal operístico aliado a uma velocidade de riff meio thrash metal, depois entra pela primeira vez o vocal de Rafael Bittencourt (o qual comentaremos mais à frente), enfim, é uma música bastante diversificada, que traz elementos clássicos power da banda, mas também nos presenteia com elementos mais modernos. Outro ponto positivo do CD.

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"Black Widow's Web", terceira faixa, é a tão comentada faixa com participação da cantora pop Sandy no vocal inicial. A intersecção do vocal singelo de Sandy com o vocal tenor de Fabio Lione e o gutural de Alissa White-Gluz traz uma certa estranheza nas primeiras audições, mas é uma música recompensadora para quem se propõe a ouvi-la mais vezes: possui uma boa construção (embora não tão comum ao padrão a que estávamos acostumados a ouvir na banda) e um refrão que, embora não seja excelente, também funciona. Destaque novamente para os rápidos e técnicos solos. A propósito, seria interessante vermos Sandy dividindo os palcos com os rapazes num show especial ou algo assim, para checarmos como seria sua desenvoltura num show de metal.

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Em seguida entra "Insania", começando, desde já, com um coro vocal operístico que me remeteu ligeiramente ao começo e fim de "Running Alone", de "Rebirth". É um começo poderoso, que gera aquela sensação de "opa!" no ouvinte. Em seguida, entra uma linha de baixo interessante de Felipe Andreoli, criando uma boa atmosfera. A partir daí, a canção se desenvolve de uma forma que não dispersa a atenção do ouvinte. Na minha opinião, esta música representa um dos pontos ápices do álbum, sobretudo devido ao excelente refrão e ao lindo tema de guitarra que o acompanha - tema este que ganhou até um "ô ô ô" ao final (Iron Maiden?). Em termos de criatividade e feeling musical, esta música é uma das melhores do álbum.

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Até aqui, temos um ótimo álbum, correto? Correto. Mas, a partir de agora, as coisas começam a desandar um pouco.

Como quinta música, temos "The Bottom Of My Soul". Antes do lançamento do álbum, Rafael Bittencourt revelou que fez questão de cantar essa canção, pois era muito íntima, muito pessoal. Essa expectativa que ele criou, associada ao título forte ("o fundo da minha alma") me gerou a sensação de que seria uma daquelas grandes baladas que a banda sempre soube fazer tão bem, como "Reaching Horizons" (dos primórdios), "Deep Blue" (do álbum "Holy Land, de 1996), "Lisbon" e "Gentle Change" (do álbum "Fireworks", de 1998), "Heroes Of Sand" (do álbum "Rebirth, de 2001), "Bleeding Heart" (do EP "Hunters And Prey", de 2002) ou "Wishing Well" (de "Temple Of Shadows"). Mas, após ouvir a faixa, tive uma total decepção: o que temos é uma balada morna, sem inspiração, e o pior, com um vocal mal colocado de Rafael. Explico: ele tenta imprimir um feeling e uma emoção que soa excessivamente forçada, contrastando com o instrumental singelo da maior parte da música. Em suma, além do instrumental ser pobre, ele é preenchido com um estilo de voz que ele não pede. Primeira bola fora do play. Sigamos em frente.

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"War Horns" novamente derrama aquele speed/power metal datado, que não funciona tão bem quanto "Light Of Transcendence". Sua musicalidade é fraca e não empolga, nem nas estrofes e nem no refrão. O que salva a faixa de um total desastre é o ótimo solo de guitarra de Kiko Loureiro, co-fundador da banda, hoje integrante do "Megadeth": novamente, solo "a la Angra", com velocidade, técnica e uma progressão meio sinfônica que nos remete aos primeiros trabalhos do Symphony X. E por falar em Symphony X, é impressionante a semelhança de algumas músicas deste CD do Angra com os trabalhos mais recentes dos prog metallers estadunidenses ('Iconoclast", de 2011, e "Underworld", de 2015). Riffs e timbres de guitarras que lembram bastante aos de Michael Romeo.

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A próxima faixa é "Caveman", que novamente nos surpreeende, desta vez com um pouco de brasilidade, com os integrantes cantando em português "olha um macaco na árvore / o outro naquele galho / onde que eu não tô vendo? / embaixo daquela flor / quem quer matar o diabo / atire a primeira pedra". Tudo isso permeado por um riff cru que lembra um pouquinho de "Roots", do Sepultura. A bateria cadenciada, em alguns momentos, é em estilo meio "baião"... Enfim, muitos elementos tupiniquins nesta canção, algo que o Angra sempre soube fazer muito bem. Trata-se de uma ótima canção, um dos highlights do disco, embora longe da beleza do swingue brasileiro de uma "Hunters And Prey", por exemplo.

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"Magic Mirror" se inicia por um tema direto de guitarra que me fez lembrar um pouco a ótima "Waiting Silence" (especialmente na guitarra base). Entretanto, inicialmente, achei as melodias meio pobres, desaguando num refrão igualmente pobre e que não me arrebatou. No entanto, lá pelo meio, entra um riff rápido e nervoso que "acorda" o ouvinte deste tédio (novamente muito parecido aos trabalhos recentes do Symphony X), e depois tudo se quebra numa calmaria de piano/teclado que cria uma atmosfera um pouco sombria. Logo em seguida, mais riffs. Essa estrutura de calmaria de piano + riff pesado me lembrou imediatamente o interlúdio instrumental da ótima "Winds Of Destination". Em arremate, podemos dizer que é mais uma faixa de forte influência progressiva, que não empolga no início mas cresce à medida que progride.

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"Emendada" a ela, surge mais uma balada, a bonitinha "Always More", desta vez cantada por Lione. De ritmo cadenciado, o timbre do tema de guitarra nos lembra "Blink-182" (isso mesmo, compare com o início de "Please Take Me Home", por exemplo). E taí, uma boa balada! Singela, de musicalidade interessante, funciona, embora também esteja muito aquém da inspiração das baladas de álbuns anteriores, que já mencionei acima. Lione canta com suavidade e emoção, dando à música exatamente o que ela pede (aprende, Rafael!). Devido ao seu apelo de cunho pop radiofônico, dá pra mostrar praquela "mina" que não curte metal, e mesmo assim ela provavelmente irá gostar.

E aqui fechamos a bolacha com a música que dá nome ao disco, dividida em duas partes, "Silence Inside" e "Infinite Nothing". A primeira eu achei enfadonha, em seus mais de 8 (oito) minutos que não prendem a atenção. Rafael e Lione dividem vocais sobrepostos a melodias pobres e sem inspiração. A segunda já empolga mais, pois condensa de forma orquestral os principais temas melódicos espalhados pelo álbum inteiro, de forma semelhante ao que foi feito em "Gate XIII", de "Temple Of Shadows". Um bom encerramento, similar ao do álbum de 2004, mas este álbum ficou muito longe de sequer se igualar ao brilhantismo daquele.

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Como grande fã dos álbuns lançados pela banda até "Temple Of Shadows" (na minha opinião, o epítome da inspiração da banda), é inevitável que chaja a comparação de "Omni" a esses trabalhos anteriores. E, a partir do momento em que entramos no terreno da comparação, a decepção com "Omni" é simplesmente inevitável.

É inegável a capacidade lírica de Rafael Bittencourt como compositor, mas, neste álbum, ele ainda não consegue atingir o que ele conseguiu atingir nos 5 (cinco) primeiros álbuns. Marcelo Barbosa assumiu até com certa altivez a vaga de Kiko Loureiro, mas o que ouvimos em seus solos é mais do mesmo: a tentativa de soar técnico simplesmente por ser técnico - e eu acho que a banda pecou por tentar excessivamente mostrar a habilidade técnica desse novo integrante, por vezes desprezando o feeling nas notas: há poucos daqueles solos marcantes que podemos cantarolar, assobiar, etc (o que dizer dos solos memoráveis de "Lisbon", "Heroes Of Sand", "Rebirth", "Waiting Silence"?). Felipe Andreoli está novamente apagado, com o baixo tendo proeminência em pouquíssimos momentos (como infelizmente é de praxe em power/symphonic metal). Bruno Valverde faz um trabalho "ok" no sentido de preciso, técnico também, mas não nos traz aquele arrepio de exclararmos "uau, que trabalho de batera foda nesse CD!", isto é, algo que extrapole o comum e nos faça arregalar os olhos e prestarmos atenção especificamente às linhas de bateria. Em minha modesta opinião, um trabalho muito mais marcante de bateria é o que ouvimos com Pedro Tinello, no mais recente álbum do "Almah", "E.V.O" (2016).

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E, por fim, Fabio Lione. O que dizer sobre ele? Não "me desce" no Angra. Fui (e ainda sou) um grande apreciador dos trabalhos dele nos tempos áureos do Rhapsody, lançando trabalhos memoráveis como "Dawn Of Victory" (2000) e Power Of The Dragonflame" (2002). Como tenor, sua voz se encaixava perfeitamente no estilo excessivamente pomposo e operístico da banda italiana. Mas, no Angra, que faz um estilo diferente, não tão pomposo, e com mais pitadas de prog metal, hard rock e pop rock, na minha opinião sua voz não casou com essa proposta sonora. No Angra, salvo raras exceções, o que observamos é Lione cantando de forma redonda e afinada, porém com técnica demais e feeling de menos. Basta ouvirmos cuidadosamente as interpretações que ele faz de clássicos da era André Matos ou Edu Falaschi. Soa... estranho. A meu ver, diversos vocalistas brasileiros seriam pessoas bem mais indicadas para assumirem esse posto, como Humberto Sobrinho (ex-Hangar), Nando Fernandes (também ex-Hangar) ou Alírio Netto (ex-Age Of Artemis), este último que, inclusive, já dividiu palco com a banda. São vocalistas excelentes, que dosam a técnica ao feeling, e o melhor, são brasileiros! Ao não escolher um deles, a banda perdeu uma excelente oportunidade de acentuar nossa identidade musical, evidenciando o talento que existe aqui. Ao escolher um "gringo", caiu na vala comum de outras tantas bandas que fizeram isso, tais como o Sepultura, ao recrutar um crooner estadunidense.

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É com tristeza que vejo, cada vez mais, que o Angra se reduziu a uma sombra de si mesmo. Além de muito distante da criatividade de outrora, "Omni" tem uma sonoridade que, embora imbuída do nobre interesse de modernizar o som do grupo, acabou tornando-o "sem sal", sem forte identidade, sem aquela sonoridade tão gostosa que ajudou a consagrar a banda nas primeiras décadas.

Infelizmente, nunca tive a oportunidade de ir a workshops de membros da banda na minha cidade. Mas tenho amigos próximos que já foram a workshops de Rafael Bittencourt e Ricardo Confessori, e, em todas essas ocasiões, os fãs pediam ardorosamente que tocassem músicas clássicas da banda. Fui aos shows de todas as turnês a partir da de "Temple", e, igualmente em todos eles, os clássicos é que levantavam a platéia. No show da turnê de "Secret Garden" é que isso ficou ainda mais visível: quando as músicas do novo disco eram tocadas, o público ficava morno; quando os clássicos eram executados, todos iam à loucura.

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Abro um parágrafo para ressaltar que sempre torci o nariz para bandas de power/sinfônico/hard caminharem pela senda do prog metal. Na grande maioria dos casos, isso não funciona bem - vide exemplos como o "Sonata Arctica" (antes predominantemente power) e o "Kamelot" (antes predominantemente sinfônico) que, a partir da segunda metade da década passada, tentaram tornar suas composições mais intrincadas e complexas. Um desastre. Já o Angra sempre conseguia flertar com esse estilo sem tornar-se enfadonho. Músicas como "Streets Of Tomorrow", "Evil Warning" e "The Shadow Hunter" têm lá suas pitadas prog: uma mudança de ambientação aqui, um "tempo quebrado" ali. Mas o que ouvimos após esta mudança de formação é a banda não mais flertando, mas namorando mesmo, de forma escancarada, com o prog em várias músicas. Isso, além de tornar o som da banda mais enfadonho, também contribuiu para essa perda da identidade sonora que a banda consagrou. O pensamento que fica é: deixem o prog metal para bandas de prog metal!

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Sou um viúvo dos tempos clássicos da banda na voz de André Matos e Edu Falaschi, mas não vivo tanto assim do passado, pois tenho a mente suficientemente aberta para apreciar um novo trabalho da banda, caso ele faça jus a esse reconhecimento. Infelizmente, não foi o que ocorreu em "Omni", devido a tudo sobre o que já discorremos.

Talvez, se este mesmo CD tivesse sido lançado como um projeto paralelo de Rafael Bittencourt, eu o ouviria com a mente bem mais aberta, e, por isso, certamente o apreciaria muito mais. Mas, lançado sob o nome de "Angra", infelizmente isso gera automaticamente um filtro mental que o compara com trabalhos anteriores, o que sobremaneira diminui seus méritos.

Dizem que o principal teste de uma obra musical é o teste do tempo. É o tempo que, organizando a mente dos arroubos iniciais de empolgação e decantando as idéias, irá dizer verdadeiramente se um álbum vinga ou não. Hoje, 15 (quinze) anos depois de conhecer a banda, ainda me pego escutando "Angels Cry", "Holy Land", "Fireworks", "Rebirth" e, sobretudo, "Temple Of Shadows". Mas, sinceramente, não me vejo mais escutando "Omni" a partir dos próximos meses.

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ANGRA - ØMNI (2018)
Gravadora: earMUSIC

01. "Light Of Transcendence" - nota: 9,0
02. "Travelers Of Time" - nota: 8,0
03. "Black Widow's Web" - nota: 8,0
04. "Insania" - nota: 8,5
05. "The Bottom Of My Soul" - nota: 5,0
06. "War Horns" - nota: 6,5
07. "Caveman" - nota: 7,5
08. "Magic Mirror" - nota: 7,0
09. "Always More" - nota: 8,0
10. "Ømni - Silence Inside" - nota: 5,5
11. "Ømni - Infinite Nothing" - nota: 7,0

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