Rolling Stones: Há 45 anos era lançado o álbum "Exile On Main St"
Resenha - Exile On Main Street - Rolling Stones
Por Jeferson Oliveira
Fonte: Rolling Stones Brasil
Postado em 12 de maio de 2017
A maior obra-prima, ou como diria Sheryl Crow, a bíblia do rock n' roll, "Exile On Main St", tem inúmeras histórias obscuras, cheias de mistérios, egocentrismo, caos, atrasos na produção, no qual o resultado final, apesar de tudo, ficou surpreendentemente, maravilhoso. É como se uma fênix ressurgisse e trouxesse a criatividade que estava bloqueada numa certa mansão no sul da França, em que nada saia do lugar. Nem as músicas. As únicas coisas que rolavam em Nellcôte eram drogas, bebidas, loucuras, um entra e sai de gente estranha, traficantes, muitos banquetes para os "convidados" e produzir que é bom, nada. Pouquíssimas canções foram feitas na casa. Não havia condições atmosféricas para isso. Tudo era muito desorganizado e descompromissado. O que, certamente, causou gastos excessivos. Tudo que a banda estava fugindo, de gastos. Afinal de contas, eles estavam fugindo de Londres para não pagarem os tais impostos caríssimos que o país cobrava deles.
Rolling Stones - Mais Novidades
Apesar de ter seu lançamento em 1972, a primeira música que fez parte do álbum a aparecer em uma sessão foi "Loving Cup", que teve seu primeiro take ainda nas sessões do álbum "Let It Bleed", no Olympic Sound Studios, em 1969. Um ano antes, Mick Jagger começou a escrever "Shine A Light" como um puxão de orelha em Brian Jones. Na época, a canção se chamava "Get A Line On You", e acredita-se que foi gravada pela primeira vez ainda em outubro de 1969 – mesmo período em que gravaram "All Down The Line" pela primeira vez, ainda sem guitarras elétricas – nas sessões para o álbum homônimo que Leon Russell lançou em 1970, a faixa acabou não entrando para o disco do músico, mas foi lançada como faixa bônus no relançamento do álbum em 1994. Em julho de 1970 uma demo de "Shine A Light" foi gravada, desta vez com Jagger nos vocais e Leon apenas no piano, fontes afirmam que nessa sessão feita em Londres, a guitarra é de George Harrison e a bateria é de Ringo Starr, além de Jagger, o único Stone presente nessa gravação era Bill Wyman, embora também se fale em David Spenner ter tocado baixo naquele dia. Ainda seguindo na linha do tempo das gravações do álbum, só em 1970 que canções do futuro "Exile On Main St." apareceriam novamente nas sessões, desta vez, do álbum "Sticky Fingers". "All Down The Line" seria melhor trabalhada, enquanto os covers de "Stop Breaking Down" (gravada originalmente por Robert Johnson em 1937) e "Shake Your Hips" (originalmente gravada por Slim Harpo em 1965) apareceriam pela primeira vez nas sessões que aconteceram entre os meses de junho e julho. A faixa "Shine A Light" começaria a ganhar mais vida com a primeira contribuição de Billy Preston na música, em uma sessão que ocorreu no dia 23 de julho de 1970, naquele mesmo dia a faixa com o nome de trabalho de "Candlewick Bedspread" foi gravada, que logo ela se tornaria "Sweet Virginia" e teria mais elementos adicionados em estúdio ainda naquele dia com o piano de Ian Stewart, mas só voltaria a ser mais bem trabalhada em outubro daquele ano.
Após o lançamento do álbum ao vivo "Get Yer Ya Ya's Out" e da Turnê Europeia de 1970, os Rolling Stones estavam de volta ao estúdio em gravações que aconteceram na cidade de Newbury, Stargroves na casa de Mick Jagger, gravações também foram feitas no Olympic Sound Studios naquele mês. Naquele período, "Sweet Black Angel" apareceu pela primeira vez em uma sessão, e "Tumbling Dice" era trabalhada com o título de "Good Time Women". No início de 1971, as gravações para o álbum "Sticky Fingers" já estavam finalizadas, mas a situação dos Stones com impostos ficava cada vez mais delicada. Com a banda deixando a DECCA e Allen Klein, os Stones acabaram enfrentando uma ação judicial com o criador da ABKCO e perderam o direito de lucrar com o material gravado em seus primeiros 6 anos de catálogo, já as canções "Brown Sugar" e "Wild Horses" se tornaram propriedade conjunta de Klein e dos Stones por conta das gravações de ambas terem começado em 1969. Em 1971, a banda já tinha gastado o dinheiro que lhes restava em impostos, e deixaram a Inglaterra em abril após a Farewell Tour – 4 a 14 de março de 1971. Após a festa de despedida em um hotel em Maidenhead, Berkshire, que teve entre os convidados John Lennon e Yoko Ono, Keith Moon, Roger Daltrey, Eric Clapton, junto de outros nomes famosos, os Rolling Stones começavam a deixar seu próprio país. Os primeiros a sair da Inglaterra com destino à França foram Bill Wyman e Mick Taylor em 1º de abril, já no dia 3, Keith Richards e Charlie Watts fazem o mesmo e voam para Nice, diferente de Mick Jagger, que foi para Paris com sua futura esposa Bianca Pérez-Mora.
"Gravar no meu lugar era uma necessidade. A ideia era encontrar outro lugar para gravar como uma casa nas colinas. Mas eles não encontraram nenhum local, então eventualmente eles viraram e olharam para mim. Eu olhei para Anita e disse: ‘Ei, meu bem, nós vamos ter que aguentar isso’. Anita tinha que organizar o jantar às vezes para 18 pessoas. Nós refizemos a cozinha do porão em um estúdio." – Keith Richards
Após se instalarem na França, uma mansão no sul do país seria a casa de Keith Richards e o local de trabalho dos Stones pelos próximos meses. A localidade era na Villefrance-sur-Mer, e a residência, a famosa Nellcôte. Ali seria gravada a maior parte do álbum, a banda colocou o equipamento de seu estúdio móvel no porão da mansão, e gravaram de 10 de julho a 14 de outubro. Eles trabalharam em clássicos como "Rocks Off", "Rip This Joint", "Happy", a colaboração entre Jagger, Richards e Taylor "Ventilator Blues", entre outros. Um período regado a sexo, drogas e Rock And Roll que não traz apenas boas lembranças, no dia 1º de outubro de 1971, a coleção de guitarras de Keith Richards foi roubada em Nêllcote.
Em novembro, Mick Jagger já estava mixando o álbum, e a partir de 4 de dezembro, as sessões de overdub começavam com o produtor Jimmy Miller e o engenheiro de som Andy Johns. Até 19 de dezembro, a banda estava no Sunset Sound Studio junto de músicos como Nicky Hopkins, Bobby Keys, Bill Plummer, Kathi McDonald, Clydie King, Venetta Fields, Jesse Kirkland, Tammi Lynn, Sherlie Matthews, Joe Green, Dr. John, Richard Washington e Al Perkins.
"A França é ok, com tanto que você consiga sair. Eu já estive na França por mais tempo do que estive na Inglaterra. Há toda a porra da música ao vivo aqui, há Jacques Brel e música eletrônica. Até os que tocam acordeão estão mortos." – Mick Jagger
O lendário álbum abre com a animada "Rocks Off", com um riff característico de Keith Richards. A seguir, entram Charlie Watts, Bill Wyman e Mick Taylor. Pronto! Está formado a estrutura musical. Jagger está cantando MUITO bem. Nesta primeira faixa, dá pra sentir o sabor do Hard-Rock setentista. De fato, os Stones influenciaram milhares de bandas do estilo.
A segunda faixa, "Rip This Joint", é um rockabilly. Piano e saxofone comandam a base musical. A cozinha entre Charlie e Bill está impecável. Música rápida -- um soco no estômago! Vale ressaltar a fúria de Jagger -- o vocalista demonstra habilidade e força na voz.
Chegou a hora do Blues. A terceira faixa "Shake Your Hips" (originalmente lançada por Slim Harpo, em 1965) tem como destaque o feeling da banda. É nítido o entrosamento entre Taylor e Keith. Vale ressaltar as linhas de Sax -- eterno Bob!
Mais uma dose de Blues! A quarta faixa "Casino Boogie" é um dos mais belíssimos tributos ao Blues. O grande destaque aqui é Bobby Keys -- solos intermináveis de Sax.
O álbum continua... De volta ao rock n' roll, agora com o clássico "Tumbling Dice". A quinta faixa tem uma bela introdução -- Keith e seus riff's mágicos. Na sequência entra Charlie -- uma das melhores linhas de bateria do álbum -- e o resto da banda, inclusive os backing vocals de Clydie King, Venetta Fields e Sherlie Matthews. Mick Jagger (novamente) dá uma aula de canto -- que tom de voz!
Agora, a banda dá uma pausa, temos o country "Sweet Virginia", com vilões -- música acústica. A introdução tem acordes do instrumento e logo a seguir, Mick Jagger esbanja talento tocando sua gaita -- harmonia perfeita. Charlie conduz com maestria sua bateria acústica. A sexta faixa começa de forma triste e tem um final alegre com os backing vocals de Mick, Keith, Taylor, Gram Parsons, Clydie King, Venetta Fields, Dr. John, Shirley Goodman e Tammi Lynn.
A sétima faixa, "Torn and Frayed", é mais um Country a lá Stones. O tema tem como protagonista Keith e Taylor. Os dois músicos dividem as bases.
A banda dá mais uma pausa, agora temos "Sweet Black Angel", música sobre a ativista Angela Davi. A oitava faixa tem Keith e Taylor nos vilões e Mick (como de praxe) mostrando todo seu talento na gaita.
A nona faixa "Loving Cup" é um dos grandes clássicos dos Stones. É lembrada (quase sempre) nos shows. A introdução de piano fica por conta do lendário Nicky Hopkins. O refrão é um dos pontos fortes -- facilmente decorável.
A décima faixa é a clássica "Happy", música cantada por Richards. O tema é totalmente Rock N' Roll. A introdução é matadora -- Keith Richards e seu poderosíssimo riff.
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
O álbum continua... Agora temos "Turd on the Run" com uma levada acelerada. A décima primeira faixa tem como destaque a percussão -- Bob tocando maracas. Também vale ressaltar o contrabaixo (double bass), dando um ar mais ruralista para o instrumental -- genial Bill Plummer.
A décima segunda faixa, "Ventilator Blues", tem uma levada bem mais lenta -- um Blues escrito pelo Stone Mick Taylor.
Com um ritmo mais lento, agora é a vez do clássico gospel "I Just Want to See His Face". Bill Plummer é o protagonista da décima terceira faixa -- o músico mostra todo seu talento no instrumento de quatro cordas.
A décima quarta faixa "Let It Loose" mantém a mesma pegada. Aqui os Stones mostram feeling e emoção. Keith Richards faz todo o trabalho no instrumento de 6 cordas. Bob Keys e Jim Price nos metais fazem toda a diferença -- que melodia! Nicky Hopkins faz um belíssimo trabalho no piano. Vale ressaltar os belíssimos backing vocals de Venetta Fields, Clydie King e Jesse Kirkland.
Pronto! Chegamos em um dos melhores momentos do álbum. A décima quinta faixa "All Down the Line" é uma música bem Stones! Richards se destaque logo no início com seu riff -- umas das melhores introduções do lendário álbum. O tema é alegre. Envolvente. Jagger está cantando como nunca. Watts e Bill estão inspirados -- que cozinha fantástica! Os metais ficam por conta de Bob Keys e Jim Price -- novamente eles.
A décima sexta faixa "Stop Breaking Down" é uma -- belíssima, diga-se de passagem -- homenagem a Robert Johnson. Um Blues cru, direto e com maestria por parte da dupla Taylor e Keith.
A décima sétima faixa "Shine a Light" nasceu gospel -- Brian Jones ainda era vivo --, mas ganhou uma levada um pouco mais rápida. Mick Taylor faz o trabalho no instrumento de seis cordas -- na metade do tema o próprio faz um solo impecável. Jagger canta com emoção. A cozinha fica por conta de Bill e Jimmy Miller. Billy Preston faz um excelente trabalho no piano.
"Soul Survivor" fecha o álbum. A décima oitava faixa tem o trabalho de apenas três Stones: Jagger, Keith e Charlie. Keith fez a guitarra, baixo e backing. Os metais (novamente) são de Bob e Jim. Nicky fez o trabalho no piano. E assim termina uma obra-prima sem igual dentro do rock n’ roll.
O álbum "Exile On Main St." foi lançado em 12 de maio de 1972, alcançando o 1º lugar em mais de 6 países, incluindo Inglaterra, EUA e Noruega, ainda no ano de seu lançamento. Em países onde o disco não saiu no mesmo dia do álbum britânico, o período de lançamento foi de 22 a 26 de maio.
-
Texto: Jeferson Oliveira/Marcos Magalhães/Milena Calado
Outras resenhas de Exile On Main Street - Rolling Stones
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Download Festival anuncia mais de 90 atrações para edição 2026
Show do AC/DC no Brasil não terá Pista Premium; confira possíveis preços
A banda com quem Ronnie James Dio jamais tocaria de novo; "não fazia mais sentido pra mim"
Os álbuns esquecidos dos anos 90 que soam melhores agora
O clássico do metal que é presença constante nos shows de três bandas diferentes
A inusitada homenagem de Dave Grohl ao Korn que fez banda reagir nas redes
O disco do Metallica que para James Hetfield ainda não foi compreendido; "vai chegar a hora"
A música lançada há 25 anos que previu nossa relação doentia com a tecnologia
Os melhores guitarristas da atualidade, segundo Regis Tadeu (inclui brasileiro)
A música do Kiss que Paul Stanley sempre vai lamentar; "não tem substância alguma"
Tuomas Holopainen explica o real (e sombrio) significado de "Nemo", clássico do Nightwish
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Steve Morse admite ter ficado magoado com o Deep Purple
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
Greyson Nekrutman mostra seu talento em medley de "Chaos A.D.", clássico do Sepultura
Antes da fama: Atores que apareceram em clipes do Korn, Offspring, Aerosmith e outros
Os 10 melhores álbuns do brutal death metal, em lista onde o melódico não tem vez
A banda brasileira que Bruno Sutter achou que não fosse de verdade devido técnica extrema

Os álbuns dos Rolling Stones que Mick Jagger detesta: "Nem na época eu achei bom"
O único frontman que Charlie Watts achava melhor que Mick Jagger
O megahit dos Beatles que Mick Jagger acha bobo: "Ele dizia que Stones não fariam"
As duas lendas do rock contracultural que Keith Richards considera "músicos puros"
A maior cantora de todos os tempos, segundo Keith Richards; "não tem só a ver com cantar"
O apelido que John Lennon dava aos Rolling Stones quando sentia raiva da banda
A melhor cantora de todos os tempos, segundo Keith Richards do Rolling Stones
O lendário guitarrista que Jimmy Page considera como seu igual: "Paralelo a mim"
Quando Frank Zappa se rendeu ao rock britânico por causa de uma linha de baixo
Charlie Brown Jr.: uma experiência triste e depressiva
