Dream Theater: A banda se perdeu em si mesma
Resenha - Dream Theater - Dream Theater
Por Igor Z. Martins
Postado em 02 de outubro de 2013
Ao escutar o último disco do Dream Theater, lançado neste ano e intitulado com o nome da banda, a conclusão a que se chega é que a banda se perdeu em si mesma. Eu sou absolutamente fã da banda e considero os músicos os melhores do planeta, na área do rock, em termos técnicos – exceto por James LaBrie, que continua um chorão com um timbre extremamente enjoativo.
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O problema do Dream Theater é que, ao longo dos anos, aconteceu uma somatória de firulas técnicas, solos malucos, um tecladista fanfarrão que adora fazer um barulhinho (desnecessário) aqui e outro ali, um baixista que não se decide se quer ser um guitarrista ou um baixista e toda aquela novela em torno do finado Mike Portnoy, que transformou a banda num monstro indecifrável. Mesmo sendo fã da banda, chega uma hora em que todos aqueles "bu-lu-lus" vão dando nos nervos. Você está no embalo da música – porrada total! – e, de repente, do nada, surge um treco que te joga um balde de água nas costas num dia de -2 graus; algo tipo um teclado fazendo o som de arminhas a laser do Jiraya ou Jaspion, ou um dedilhado forjado para a entrada das fadas no palco.
Veja bem, caro leitor: técnica não significa musicalidade. Significa, apenas, que você é um estudioso do assunto. Talento, espontaneidade, energia e instinto são coisas bem distintas de um diploma em música. E esse é o problema do Dream Theater atual. Não que os caras não sejam talentosos, mas substituíram todo o "punch" de fazer música numa coisa extremamente chata, como as aulas de matemática que todos tivemos no segundo grau. Exponencial disso, raiz quadrada elevada ao quadrado daquilo, métrica daquele outro e escala em dó ultra diminuto com um ré ligado em escala de si bemol sustenido.
John Petrucci nunca foi tão "wanker" como nesse disco. É um exagero que denota que o sujeito entra no estúdio e pensa: "Eu tenho que ser o mais rápido do mundo – não importa se vai soar legal; Eu tenho que inventar escalas meta-isso-aquele-ali para que todos me considerem um maestro da guitarra – não importa se vai soar legal". E pensam da mesma forma Myung, Rudess e Mangini.
O rock (ou metal) progressivo, por excelência, não é linear, mas quando isso começa a soar como pingos de chuva num rio, sem sentido, ritmo, direção, coerência, começa a perder totalmente o rótulo de música, se transformando apenas em barulheira desenfreada. O que os caras do Dream Theater fizeram nesse disco foi uma competição de peidos: quem peida mais alto e mais fedido. Eles competem uns contra os outros e fica tudo virado num palheiro desorganizado. Aí, param com toda a masturbação, e aparece um sonzinho ambiente que te leva ao Elísio. Lá, você chega e pergunta: "Como vim parar aqui?".
Não cito sequer uma música desse disco, porque nenhuma tem uma identidade. Pegaram todas as notas que compuseram para o álbum, jogaram num liquidificador e gravaram. Aí, saiu esse Frankenstein que temos em mãos. Olha, qual o maldito problema em fazer um acorde em 1ª, 5ª e 8ª? É para fracos? Por que precisa fazer isso em 1ª, 10ª, 20ª com um fá diminuto ligado a um si sustenido menor num compasso 19/13? O que é isso senão tentar soar "sou o cara mais técnico do mundo."? Esse álbum do Dream Theater é o claro exemplo de música sendo deixada de lado e a auto-ostentação tomando lugar. Chato até dizer chega. Não digo sem pé e nem cabeça, porque, para rotular algo assim, precisa-se de uma estrutura mínima, que é uma coisa que o Dream Theater perdeu totalmente.
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