Análise: a chuva de Lives embusteiras que toma conta da web na quarentena
Por Jorge Felipe Coelho
Fonte: Rádio Catedral do Rock
Postado em 18 de abril de 2020
Um dos resultados diretos da pandemia do coronavírus, que saiu da China e se alastrou pelo mundo, é o cancelamento de praticamente todos os eventos musicais agendados. Ao longo desse período de afastamento social, os artistas começaram a buscar alternativas de proximidade com o público. Desde então, o instagram e o facebook passaram e ser o habitat diário de músicos na contramão do tédio da quarentena para produzir conteúdo.
As transmissões ao vivo (Lives) começaram a ser feitas de forma tímida, eram músicos solitários e sozinhos na sala de suas casas com seus instrumentos tocando canções de forma simples buscando interação. A coisa toda cresceu de tal forma que hoje já temos programação oficial das Lives diárias com horários de apresentação dos artistas, o que começou a ser motivo de piadas na web e mais: críticas severas aos artistas que contrariam as recomendações de isolamento na promoção de shows altamente estruturados com equipes diretamente de suas casas.
A esta altura, estariam os artistas arrumando meios de diminuir a distância social (com responsabilidade) para interagir com seus fãs ou isso já ficou para trás e chegamos ao ponto da competição feroz pela audiência nas Lives diárias? O cantor Marcelo Falcão, ex-vocalista do O Rappa, foi um dos primeiros a botar o dedo nessa ferida. Para ele, o caminho seguido pelas Lives já fugiu do propósito inicial e se tornou uma disputa. Recentemente o músico manifestou-se assim no twitter.
"Essa parada de Live é uma coisa pra ser de coração como se fosse uma roda de amigos numa Vibe boa. Virou competição. Levar um Som pra alegrar esse momento difícil é a parada. Música não é competição de quem ostenta mais."
Cabe lembrar que há artistas nacionais que ultrapassaram a marca de milhões de expectadores com a superprodução de suas transmissões ao vivo realizadas por um time de pessoas. O que os leva a serem sucesso de audiência, mas ao mesmo tempo negligentes para com o momento atual e o risco de propagação de um vírus de baixa letalidade mas altamente contagioso. Outra crítica observada é em relação às doações, já que alguns músicos anunciam contribuições em suas apresentações, mas que na verdade são feitas por fãs ou patrocinadores, não por eles mesmos.
Ainda que haja diversos estudos produzidos e ainda em produção sobre diferentes modalidades de isolamento social, e especialistas que defendem cada uma dessas correntes distintas de pensamento sobre a questão, eu passo ao largo da seara tecno-científica. Prefiro citar o exemplo de Live que demonstra autenticidade e desafio musical na busca pelo entretenimento e diversão à distância. Ela foi realizada por Sammy Hagar & The Circle.
Jason Bonham (bateria) iniciou a brincadeira em sua casa e gravou com o próprio celular uma linha de bateria. Após isso, repassou o vídeo ao seu companheiro de banda Vic Johson (guitarra) que fez o mesmo. Os vídeos com a linha de bateria e o riff de guitarra foram encaminhados para Michael Anthony (baixo) criar sua parte e finalmente chegarem até o ex-vocalista do Van Halen, Sammy Hagar. Ele improvisou uma letra e embrulhou o pacote. O resultado criativo da interação foi batizado de Funky Feng Shui, confira no vídeo a seguir.
Leia mais no Boletim do JF, disponível no link abaixo.
https://radiocatedraldorock.com/?p=350
Coronavírus - Cancelamentos e problemas devido à pandemia
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