Bruce Dickinson conta para Bial como foi o incidente no show do Maiden na 1ª edição do RiR

Durante participação no Conversa com o Bial, o vocalista Bruce Dickinson falou sobre o "incidente" acontecido na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, quando um ensanguentado Bruce chamou a atenção do público presente, ao perceber que ele estava literalmente "dando o sangue" pelo espetáculo

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"A primeira vez que você veio ao Brasil foi há 40 anos atrás no primeiro Rock in Rio", e Bruce concorda com ar de risos, enquanto é exibido o famoso trecho de "Revelations" onde ele aparece tocando uma guitarra, saindo do palco e voltando em seguida com um filete de sangue na testa, resultado de um corte.

Bruce dá risadas e Bial pergunta o que aconteceu, comentando que o público do vocalista adora sangue, pois a plateia estava aplaudindo a performance. "Eu adorava essa guitarra que eu tinha, adorava mesmo essa guitarra", diz Bruce. "E, na verdade, quando bati na minha cabeça, saí correndo porque estava irritado com o som e parti a guitarra ao meio na mesa de som porque estava muito irritado. Era minha guitarra favorita e quebrei!".

O cantor diz que deveria ter quebrado a guitarra no palco, e Bial diz que seria tipo The Who. "Eu tentei limpar o machucado com uma toalha, e um integrante da equipe se aproximou e falou: 'Não, não, O empresário viu as imagens e pediu para não limpar. Esprema. Dá pra sangrar mais?'".

Na autobiografia "Para que serve esse botão?" (link da Amazon), Bruce fala sobre a importância desta apresentação na primeira edição do Rock in Rio. "Foi um show que abriu as portas de um continente inteiro para o Iron Maiden, da noite para o dia", diz o vocalista, que depois conta com mais detalhes como tudo aquilo aconteceu.

"A onda de adrenalina que sentimos ao entrar no palco foi imensa, como doze largadas de provas olímpicas de cem metros rasos concentradas em uma só. Tanta gente, tanta emoção e... o som estava horrível. Havíamos trazido alguns de nossos próprios monitores, mas uma parte do equipamento era local, e o responsável pelos monitores, um estranho. Eu sacudia os braços, entre a cruz e a caldeirinha. Não dá para parar na frente de trezentas mil pessoas e passar o som", conta.

Bruce então fala sobre aquela famosa cena. "Chegou a hora de tocar 'Revelations', e empunhei minha elegante guitarra Ibanez azul-neon. Fazia um bom par com o estiloso violão Ovation da mesma cor que tenho até hoje. Minha raiva se intensificava com as tentativas de comunicação com o técnico na beirada do palco. Nervoso e ansioso, impulsionei o braço da guitarra por cima de minha cabeça e abri um corte na testa".

"Minha cabeça sangrava em profusão quando me aproximei da área da mesa de som", prossegue. "O engenheiro viu o sangue e ficou aterrorizado. 'Ajeita a porra desse som, não fica parado aí feito um peixinho-dourado', vociferei. Imagino que eu tenha lhe parecido louco de pedra, o que naquele momento eu estava. Para deixar isso claro, espatifei minha guitarra contra a mesa de som, partindo-a no meio do braço. 'AJEITA ISSO!' gritei. Como nada aconteceu, joguei todos os monitores para fora do palco".

Sem contar se deu certo ou não, Bruce comenta: "Plateias adoram esse tipo de coisa; acham que faz parte do show. Às vezes faz, mas às vezes não. Todo aquele espetáculo estava sendo transmitido ao vivo pela TV para milhões de lares latino-americanos. Cantei um pouco mais e então fui para trás dos amplificadores para me acalmar. Um roadie me deu uma toalha para tirar o sangue dos olhos, e então outro membro da equipe deu as caras, todo alvoroçado. Olhou cuidadosamente
para a ferida. 'Rod perguntou se você pode apertar e fazer sangrar um pouco mais', disse ele. 'Fica ótimo na televisão'".

De acordo com Bruce, sem ser de forma intencional ele conseguiu chamar a atenção para a banda: "No dia seguinte, a foto estava na primeira página dos jornais: eu, suado e ensanguentado, e trezentos mil novos fãs do Iron Maiden", finaliza.