A atitude teimosa de Erasmo Carlos no Rock in Rio 1985 que prejudicou sua carreira depois
Por Gustavo Maiato
Postado em 19 de dezembro de 2022
O compositor Erasmo Carlos foi uma verdadeira lenda do rock nacional e revolucionou o estilo praticado no Brasil desde seu aparecimento nos anos 1960 no movimento da Jovem Guarda.
Em entrevista ao canal do Júlio Ettore, Rick Ferreira, que trabalhou como diretor artístico do Tremendão, contou como uma atitude de Erasmo Carlos durante sua participação no Rock in Rio 1985 acabou por prejudicar sua carreira naquela ocasião.
"O Erasmo Carlos é roqueiro, mas não metaleiro. De cara, te digo que escalaram ele no dia errado no Rock in Rio 1985. Já começou errado. Só tinha Iron Maiden e tal no dia. Nessa época, apesar do equipamento ser o mesmo das bandas gringas, as nacionais não podiam tocar muito alto. Eu acho que foi um erro dele. Uma espécie de teimosia. Não tínhamos noção na real. Achávamos que íamos fazer o mesmo show que sempre fizemos, com baladinhas como ‘Gatinha Manhosa’. Os rocks eram no final, com ‘É Proibido Fumar’ e tal. Quando começou o show, sentimos que a coisa não ia ser legal.
Começou muita vaia. No meio do show, a vaia ficou ensurdecedora. Mal conseguíamos nos ouvir no palco. O Erasmo foi teimoso. Ele devia ter cortado músicas do repertório. Pular algumas e tocar as mais pesadas. Mas não. Senti que ele ficou meio puto com as vaias e de pirraça fez o show inteiro. Imagina no dia do metaleiro o cara tocar ‘Gatinha Manhosa’ com violão e flauta. Não acreditei naquilo. Ele manteve a postura. Ele insistiu e disse que ia fazer o show dele. Era um show grande, de 1h45min. Resolveu peitar. Não sei se ia resolver o problema, provavelmente não. Na semana seguinte, íamos tocar de novo. Era um dia mais pesado ainda, com Ozzy Osbourne. Chegou uma hora que eu estava em um estado de nervos, antes de começar o show. Minha pressão estava super alta.
Eu estava preocupado e nervoso. Eu era o diretor musical do Erasmo e chamaram ele lá embaixo do palco no escritório do Roberto Medina. O pessoal falou que estavam pensando em nos transferir para amanhã. Na hora, saiu metade do peso que eu estava sentindo. A barra estava pesada e podia ser um risco de integridade física. Eu estava a ponto de falar que não ia ficar lá no palco. Todos concordaram e pulamos para amanhã. Ele pagou um preço muito alto o Erasmo. Ele sofreu um baque grande na carreira por causa dessas vaias nessa época. Deu uma baixa na carreira, foi muita vaia. Isso refletiu a ponto de dificultar venda de shows e discos".
Confira a entrevista completa aqui.
Rock In Rio 1985
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