Dream Theater: Uma resenha detalhada de The Astonishing
Resenha - Astonishing - Dream Theater
Por Renato Ridolfi
Postado em 15 de março de 2016
O primeiro aspecto a ser mencionado nessa resenha é um elemento focado no DREAM THEATER mais do que na maioria das bandas: a bateria. E de fato, tal fator me gerou estranheza a partir das primeiras audições das músicas liberadas antes do álbum, um sentimento que se estendeu às primeiras audições do álbum como um todo. Ressalto que embora o admire, não me remoo pela saída de Portnoy, prefiro inclusive o direcionamento musical da banda após a sua saída, que consistiu em uma reaproximação da sonoridade de "Images and Words" em comparação aos últimos trabalhos com sua participação. Mas o fato é que, de início, embora já estivesse gostando das músicas, tive dificuldade de digerir a abordagem de Mangini. E Tal sonoridade peculiar não é determinada somente pela produção e mixagem, mas pelo seu próprio estilo e escolhas, o que se confirma por sua performance ao vivo. A sonoridade de sua bateria, em especial nesse álbum, é por vezes mais seca e comprimida inclusive do que bandas modernas de djent, que já costumam ter a bateria mais comprimida que o usual, o que neste caso é ainda mais evidenciado pela caixa com um som alto, que por vezes soa trigada, lembrando inclusive a do próprio "Images and Words". Obviamente me ocorriam ideias como: "Como essas músicas soariam com Portnoy, seriam melhores?", mas estas eram logo neutralizadas por outras como "Com Portnoy provavelmente essas músicas não existiriam ou não teriam esse arranjo ou sequer a banda teria esse direcionamento musical, lembre-se do enfoque da banda após Six Degrees". Acho que um engano fundamental que matiza as avaliações e expectativas acerca de Mangini é esperar que ele representaria uma continuidade da sonoridade de Portnoy, ou uma versão ainda mais técnica deste, mas o fato é que Mangini é radicalmente Mangini e ele tem um estilo e preferências próprias e visivelmente dissonantes em relação ao seu antecessor. Felizmente, tal como no álbum anterior, com as repetidas audições pude absorver melhor seu som e inclusive apreciar aspectos de sua performance e diversas nuances despercebidas nas primeiras audições. Com base nas próprias audições, bem como em declarações do próprio baterista, nota-se que em grande parte este é movido por uma busca obsessiva por uma precisão robótica e milimétrica na sincronia de seu instrumento com os demais. Quer goste ou não, trata-se de uma abordagem minimalista, rara, norteada por uma clara tentativa de ser supra-humano (talvez Mangini inclusive reencarne como um NOMAC daqui uns 300 anos), e em diversos momentos dificilmente replicável.
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Mas enfraquecida essa estranheza, por volta da quarta audição, a dimensão do monstro que "The Astonishing" é finalmente foi se mostrando com mais clareza. Trata-se certamente de uma obra sem precedentes na história do DREAM THEATER. Nunca eles dialogaram com tantos estilos musicais e exploraram tantas sonoridades como nesse álbum. Se você é um headbanger mais purista e acha que as obras máximas da banda são "Train of Thought", "Systematic Chaos" ou "Black Clouds and Silver Linings" e que para você ter um "eargasm" precisa necessariamente de riffs cortantes e pesados, punch avassalador e solos ultravelozes e fritadores, corra desse álbum, você provavelmente vai brochar. Mas se você admira outros gêneros musicais e aprecia quando uma banda tenta fazer algo diferente do usual, você pode ter uma experiência maravilhosa, impressionante (ou como você preferir traduzir ‘astonishing’). A tendência inicial ao saber que se trata de um rock opera é também compará-lo imediatamente a "Scenes From a Memory", mas mesmo isso pode ser frustrante. Enquanto este último é um rock opera mais enviesado para o prog-metal, "The Astonishing" é um rock opera que apresenta uma forte interseção com a estrutura de musicais, principalmente da Broadway (as influências mais claras são "os Miseráveis" e "Jesus Cristo Superstar") e, por incrível que pareça, da Disney (cabe ressaltar que Petrucci é declaradamente admirador de tais obras). Isso se reflete claramente no formato de grande parte músicas, em suas estruturas, linhas melódicas, vocais e arranjos. Tal direcionamento fez com que a banda se guiasse como nunca pelos vocais e que as longas seções instrumentais de outrora fossem diluídas em momentos mais breves e numerosos (o que causa a impressão inicial errônea de haver menos solos e momentos instrumentais mais técnicos do que de fato têm), bem como substituídas por momentos mais melódicos, cadenciados e climáticos com o uso de piano clássico e orquestra. E esta última expressa outra forte interface desse álbum. Nunca houve sinergia tão forte da banda com o clássico, seja pelo papel com relevância e intensidade sem precedente concedido a orquestra e corais, bem como pelo enfoque de Rudess, a meu ver musicalmente o grande nome do álbum, na composição e desempenho no piano; esta é certamente a maior contribuição de sua formação clássica para a banda. Outro aspecto que diferencia "Scenes From a Memory" de "The Astonishing" é que o segundo ainda possui uma teia interligada de motivos condutores (frases ou temas musicais ligados a personagens, sentimentos, ideias, eventos, etc.) muito mais variada e complexa que o primeiro, de forma que são necessárias mais audições para captar de forma mais plena a lógica por traz de suas respectivas interações. Além de elementos de musicais e música clássica, obviamente há rock progressivo e metal, bem como partes aonde se sobressaem outros estilos como AOR, pop, jazz, fusion, hard rock, hinos e em um breve momento inclusive tango.
Certamente não dá para comentar detalhadamente cada música, o que se segue são apenas as principais impressões. Pareceu-me bem claro que para uma experiência plena desse álbum, é necessário escutá-lo em sequencia e adentrar na história, e para isto, não basta se familiarizar com as letras, mas acessar o site o ver as informações adicionais acerca de cada música, algumas das quais são imprescindíveis para um melhor entendimento do enredo e de seus possíveis simbolismos. "Dystopian Overture", como uma típica Overture (abertura) introduz os principais temas que permearão a obra, e de primeira me causou uma ótima sensação. Fiquei pessoalmente mais tocado pela melodia de guitarra no início (tema de "The X Aspect"), pelo divertido momento louco de diálogo rápido entre os instrumentos e orquestra (que me lembrou um pouco a peripécia que Rudess faz em uma parte da suíte instrumental de "Endless Sacrifice" e melodicamente antecipa a luta entre Daryus e Arhys), e principalmente com o que o próprio Rudess faz no final: um timbre de teclado e uma melodia belíssima, exaltante e épica (que aparecerá novamente de forma arrebatadora na faixa título).
Como já havia escutado diversas vezes "The Gift of Music", fiquei na expectativa em relação a "The Answer", e a achei ótima. Uma melodia e letra linda, intimista, que já introduz a tônica mais melódica e com piano citada acima. Com Labrie deixando claro que Gabriel terá um timbre mais suave e empático, a música é tão agradável que o único lamento é pelo fato de ser tão curta.
"Lord Nafaryus" é a típica faixa de vilão de musicais, e parece ter saído diretamente de um desenho da Disney. Com os devidos ajustes, a mesma linha vocal e melódica poderia muito bem ter sido utilizada para vilões icônicos como Scar e Jaffar. É extremamente interessante como em um dado momento a música assume ares e brevemente quase se torna um tango (?!) (0:44) e como ao fim é introduzido o tema de Faythe, o qual se repetirá diversas vezes ao longo do álbum, e que no contexto dessa música revela outra dimensão do próprio Nafaryus.
"A Savior In the Square" tem uma das introduções mais belas do DREAM THEATER em muito tempo. Um solo limpo e melódico, que traz um Petrucci investindo puramente do feeling e soando como uma mistura única de Steve Morse e David Gilmour. Em seguida a música adquire um ar medieval e um dos seus momentos mais interessantes é quando ela repentinamente "quebra", produzindo um momento intenso com o coral para expressar o momento em que Gabriel vê Faythe pela primeira vez.
"When Your Time Has Come" consiste em um momento curioso, pois se trata de uma música dentro da música. Este é o único momento no qual não é o DREAM THEATER contando ou representando a história com a música, mas trata-se de uma apresentação do próprio Gabriel para o público. E o que ele faz é um AOR bem agradável e com um refrão altamente pegajoso, o qual possui um vínculo direto com o que acontecerá em "The Path That Divides" e constitui um claro elemento para quem optar por ver um subtexto religioso na história (falarei disso mais à frente). Basta ver a mensagem existencial altamente otimista (e com potencial de interpretação religiosa) da letra, principalmente no refrão no qual Gabriel coloca o poder de sua voz como refúgio e luz para a tomada de decisões.
"Three Days" é a meu ver uma das faixas mais peculiares da história do DREAM THEATER. Além de desenvolver o tema de vilão, Labrie – em sua melhor performance em um álbum desde "Awake" - tem uma um desempenho genial, a meu ver um dos melhores de sua carreira, com uma interpretação de Nafaryus com um timbre ainda mais agressivo e ameaçador. Há ainda um uso eficiente do coral em um refrão pesado e termina de forma inesperadamente agradável com um Jazz turbinado com blast beat.
Em "Brother Can You Hear Me?" os caras simplesmente construíram um hino. Sem exagero, essa mesma linha melódica poderia compor o hino oficial de países ou outras espécies de hinos. Não é difícil imaginar uma multidão a cantando em uníssono com uma bandeira estendida ou algo do tipo. Com o auxílio de uma banda marcial, como pede um hino, essa faixa é uma das mais épicas do álbum, deixando claro que eles não precisam de 20 minutos para criar um momento grandioso. Tal música parece uma clara alusão a "Can you Hear the People Sing", de "Os Miseráveis", mas ainda assim, possui uma qualidade e grandeza própria.
"Life Left Behind" nos brinda com uma fantástica introdução com Jazz Rock/Fusion, bem técnico e que lembra bastante o trabalho os trabalhos solos de Rudess. A música se desenvolve em uma melodia mais acessível que lembra levemente "Solitary Shell". Se fosse retirada a parte final que a liga a próxima faixa ela poderia facilmente figurar em rádios.
"Ravenskill" inicia com uma bela melodia no piano, triste e etérea; é impressionante como com poucas notas Rudess se mostra capaz de criar um cenário e um clima para os eventos. Esta é uma faixa mais teatral e musical, repleta de diálogos cantados e com pouca repetição de melodias; a música, tal como os eventos, simplesmente progride. Por conter pouca repetição, é de mais difícil assimilação, mas ainda assim é mais uma ótima faixa e que cresce com mais audições, e agora já acho uma das mais poderosas do álbum. Destaque absoluto para Labrie que teve que dar uma de esquizofrênico ao representar 5 vozes diferentes na mesma faixa, as vezes as alternando em períodos bem curtos.
"The X Aspect" é a meu ver uma das mais emotivas do álbum. Seu início com o piano seguido do acompanhamento do coral e cordas é simplesmente fantástico. Tal como "Ravenskill" e "Act of Faythe", essa é mais uma introdução que poderia ter se desenvolvido em uma faixa de música clássica. Ela prossegue com uma forte melodia que reflete precisamente a angústia e o pesado dilema de Aryus: escolher a revolução com seus resultados imprevisíveis ou desistir desta em prol da certeza de uma vida abastada para seu filho (o que era justamente a principal motivação de sua luta, conforme é mostrado em "A Better life")?
"New Beggining" é uma das que traz um DREAM THEATER mais técnico e prog. Possui semelhanças com a seção "Full Circle" de "Octavarium" e alguns toques de Genesis. Mais uma grande faixa, bem musical e cuja parte final é um típico momento de virtuose que finaliza brilhantemente com Mangini e Myung praticamente dizendo "Petrucci, a cozinha está pronta, agora faz o que você quiser!" Não é preciso dizer mais nada.
No segundo ato, o enredo traz mais ação, o que faz com que a maior parte das faixas se intercale e tenham uma estrutura mais de trilha sonora, o que, tal como "Ravenskill", se reflete em uma maior dinâmica e prosseguimento nas músicas e torna mais difícil a assimilação e avaliação. Mas antes da ação propriamente dita há ainda a ótima "Momento of Betrayal" e a belíssima balada com ares de Disney "Begin Again", cuja guitarra no inicio lembra "State of Grace" do Liquid Tension.
Com "Heaven’s Cove" tendo previamente bem estabelecido o ambiente para os eventos é possível considerar a parte do álbum que vai de "The Path That Divides" até "Hymm of a Thousand Voices" como praticamente seções de uma mesma música. Dada a dinâmica supracitada torna-se mais difícil destacar partes isoladas, mas os momentos que considerei musicalmente mais intensos, emotivos e interessantes são o fim de "The Path That Divides", toda a "Last Farewell" e o violino e fim de "Hymn of a Thousand Voices" que soa claramente como um hino ou cântico religioso. Após esses momentos, temos o bom e animado hard rock de "Our New World" (cuja melodia já fora introduzida em "A Savior in The Square"). A obra é finalizada com a grandiosa "Astonishing" que inicia belamente com uma poderosa melodia com as cordas, a qual soa claramente como música de trilha sonora de filmes, mas especificamente as que expressam um final feliz. Posteriormente, a faixa reúne os motivos condutores principais do álbum e encerra-o de forma intensa e épica.
Há ainda diversos detalhes e camadas a mencionar e descobrir nessa obra, mas tratar de cada um estenderia demais o texto. De forma geral, a meu ver trata-se de um dos melhores trabalhos da história do DREAM THEATER, pois pessoalmente não tenho uma experiência tão boa com um novo álbum da banda desde o lançamento de "Scenes From a Memory", e isso para mim quer dizer muita coisa. Tematicamente, a história traz figuras arquetípicas que costumam habitar diversas histórias e contos, como um grupo de pessoas oprimido, o "escolhido", o imperador tirano, o amor proibido, a princesa alienada e a redenção em seu fim. É possível ver elementos dos dois musicais citados anteriormente em sua composição. Em relação a "Os Miseráveis" há a realidade de um grupo com dificuldades de satisfazer as necessidades mais básicas de sobrevivência, a criança órfã de mãe que tem um papel relevante na motivação de personagens e no direcionamento da história. (e aqui a homenagem é clara; em "Astonishing" a mãe falecida é Evangeline, em "Os Miseráveis", Fantine), o ideal revolucionário e o sujeito perseguido pelo representante da classe dominante. Em relação a "Jesus Cristo Superstar" a inspiração soa ainda mais clara. Há a figura do escolhido, de um deus entre os homens que cativa os oprimidos, é visto como a esperança para uma vida melhor e que tem poderes miraculosos (a capacidade de Gabriel é descrita como algo místico com poderes curativos em um sentido somático e psíquico; um poder transformador e arrebatador, não um mero talento "terreno" para cantar). Há ainda o imperador/ rei que se sente ameaçado por esse sujeito e a traição por parte de um companheiro (em "The Astonishing" quase traição).
[an error occurred while processing this directive]Mas a meu ver o ponto central para uma possível interpretação espiritualista/religiosa da história é o fato de haver uma personagem que além de fortalecer a fé do escolhido em si mesmo é a catalisadora da redenção do vilão e religação deste com poder da música que jazia em si mesmo (poder não só artístico, mas místico e psicológico/existencial), o que em última instância a torna em uma figura imprescindível para o final feliz e restauração da harmonia e paz entre as pessoas. O nome dessa personagem é... FAYTHE (claramente um jogo de palavra coma palavra Faith). Dado os repetidos emparelhamentos de momentos dessa personagem com menções ao poder da fé, tal escolha obviamente não foi casual. Assim, é ao encontrar FAYTHE que Gabriel ganha um novo ânimo para sua luta e se sente mais seguro em relação a quem ele deve ser, é ao ver o possível fim derradeiro de FAYTHE que Nafaryus larga toda sua ânsia de poder e em seguida se redime ao tê-la "viva" novamente. E é ao readquiri-la que ele desliga os NOMACS, que no caso representariam todo ruído psíquico que nos impede de apreciar a música, a arte e a própria vida. Entretanto, não apostaria em uma interpretação estritamente espiritual/religiosa dessa relação. Acho que esta fé pode ser entendida mais propriamente como a fé do ser humano em seu próprio potencial e na força da arte como instrumento para sua vida seja "astonishing". Especulo ainda que tal aspecto seja o principal fator determinante para o desenrolar e resolução inesperada da história. Diante do fato de que havia uma milícia rebelde montada, bem como um exército imperial, eu, e acredito que grande parte das pessoas imaginava que o enredo culminaria em uma revolução através de uma grande luta armada, que seria a responsável pela restauração de um estado mais equânime entre as pessoas. De fato, inicialmente achei estranho isso não ter acontecido, mas parece que a causa disso reside justamente no objetivo de passar uma mensagem de não violência como meio para a restauração de um estado de coisas justo; para Petrucci, o poder da arte e da música, fortalecido por pela fé das pessoas nele, pode ser muito mais revolucionário do que a guerra.
Sob esse viés interpretativo, creio que o ponto mais essencial a ser extraído desse conto é que uma vida humana plena não deve ser restrita a busca pela satisfação de necessidades básicas (representado pelo povo de Ravenskill), nem de luxo e conforto (representado pelo grupo privilegiado do império), mas não só pode, como deve, ser maravilhosa, estonteante (astonishing). E para isto, a arte, em especial a música, com sua capacidade curativa, transformadora e exaltante (embora exagerada pela história, trata-se de um fato real, não mera obra de ficção), não é um adendo ou um elemento meramente contingente, mas algo essencial, necessário para nossas vidas. Neste sentido, Gabriel pode ser visto como o Alter Ego de Petrucci, do DREAM THEATER ou da música e arte em geral em seu papel de elevar a existência humana. Sob essa perspectiva, a longíssima duração do álbum pode ser vista como uma explícita provocação para os ouvintes, o que se reflete claramente na passagem de "The Gift of Music": "As pessoas não tem mais tempo para a música/ E ninguém parece se importar". É como se eles dissessem: O álbum é longo? Mas o que os impede de dedicar duas horas apenas para escutá-lo e apreciá-lo? Por acaso há "NOMACS" lhe impedindo de ter esse momento de desfrute e contemplação? E se a realidade distópica retratada diz algo acerca de nossa própria realidade, pode-se perguntar: o que hoje pode assumir o papel de um ruidoso NOMAC em nossa sociedade e nos impedir de ter esses momentos? Televisão, smartphones, a exigência onipresente de consumir tudo que puder desenfreadamente e de estar o tempo todo abarrotado de informações, Anita, funknejo?
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