Resenha - Final Tour - Shadows
Por Nelson Endebo
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Com uma carreira permeada por altos e baixos, os Shadows influenciaram gente de todas as searas; Tony Iommi disse, certa vez, que começou a tocar por causa de Hank Marvin; Mark Knopfler não cansava de colocar o trio entre seus grupos favoritos; até Trey Spruance, do Mr. Bungle, já furou seus compactos em busca de referências. "The Final Tour" é, como o nome diz, o registro da última turnê da banda, após um hiato de quinze anos sem tocarem juntos. O CD duplo é essencial para quem gosta de rock e providencial para quem não conhece a obra de Marvin, Bruce Welch (guitarra) e Brian Bennett (bateria), uma vez que não há lançamento nacional de disco algum deles. Há desde clássicos absolutos como "Riders In The Sky", "Theme For Young Lovers", "Geronimo", "The Rise And Fall Of Flingel Bunt" e "Apache" até pepitas menores, como "Guitar Tango", "Little B", versões para temas de cinema, como "Going Home", que Mark Knopfler escreveu para o filme "Local Hero", e preciosidades pinçadas do vasto cancioneiro norte-americano, como "Don’t Cry For Me Argentina", de Andrew Lloyd- Webber e Tim Rice, sobrando espaço até para uma releitura de Jean-Michel Jarre, "Equinoxe V". Auxiliados pelos excelentes Mark Griffith (baixo) e Cliff Hall (teclados), a banda promete e cumpre em duas horas de celebração à música. Quarenta e duas faixas (isso mesmo!) em que a própria história do rock ganha uma releitura necessária à sensibilidade das novas gerações.
"The Final Tour" é essencial para se entender a evolução do chamado rock instrumental. E não se espante se chegar à conclusão de que os primórdios oferecem desafios mais intensos e interessantes do que a modorrenta "música para guitarra" dos imorais tempos pós-modernos. Nesse sentido, os Sombras deixam à sua sombra os "experimentais", "técnicos" e "inventivos" guitarristas de hoje, cuja existência pressupõe toda a teoria em detrimento da prática. The Shadows é uma Banda. Pode apostar.