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Roger Waters: o fascismo de parte dos fãs é inexplicável

Resenha - Roger Waters (Allianz Parque, São Paulo, 09/10/2018)

Por Diego Camara
Postado em 10 de outubro de 2018

É difícil se imaginar de onde nasce a ideia dos fãs isentões do Pink Floyd de plantão que foram ao Allianz Parque para ver a apresentação de Roger Waters. Não só pelo mau caratismo de desconhecerem a carreira do britânico, sempre avesso a ficar em cima do muro e crítico ferrenho do sistema autoritário e de outros ismos. Quer dizer: são 40 anos de carreira, o público realmente não ouviu mesmo o "The Wall"? Nunca vi uma prova tão gritante do analfabetismo funcional dos fãs.

O show começou muito bem, e quem quiser ter uma leitura isenta e musical pode ir ler minha outra resenha – separo ambas por motivo de bom senso, por um lado, e de que não vou fazer com que um espetáculo memorável perca seu brilho. A apresentação de "Another Brick in the Wall", com as crianças vestidas de presidiário começaram o tom, que prosseguiu no intervalo do show, quando o telão apresentou diversas críticas de Waters acerca da política do Facebook de manipulação de informação, a questão Israel e Palestina, pedindo sempre aos fãs que resistam, resistam como o que estava escrito nas camisetas das crianças na música anterior.

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Parece que estou falando obviedades, mas dado o analfabetismo funcional que parece natural em parte razoável de nossa população – e nem preciso citar nomes, nem vou faze-lo pois não quero ser processado por ignóbeis – quando digo que Pink Floyd é uma banda de esquerda. Você, meu colega, que ouviu "Animals", que ouviu o "The Wall", o "Dark Side" e até mesmo o "Wish You Were Here" – este que é um dos mais brandos politicamente, mas ainda assim bastante ativo – você realmente não compreendeu a mensagem passada pela banda?

"The Wall" não é um disco apenas sobre os problemas psicológicos, abusos e os vícios em drogas do protagonista (e nem sobre construção civil, devemos ressaltar): ele é um grande manifesto contra o autoritarismo em suas diversas formas. O delírio fascista do protagonista com "Run Like Hell" e "Waiting for the Worms", é apenas uma amostra do problema. Em "Another Brick in the Wall" – que parte do público compreendeu bem se manifestando contra o candidato fascista ao pleito Jair Bolsonaro – esta a marca do autoritarismo presente no sistema escolar. Não é por pouco, em uma visão até mesmo foulcautiana da cena das crianças, que elas sejam tratadas como prisioneiras no palco. Foi o filósofo francês que de maneira magistral comparou as escolas com os estabelecimentos prisionais, dizendo que em partes eles tinham, inclusive, as mesmas funções. Assim como eles estão os manicômios.

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Roger Waters sempre se posicionou contra as ditaduras e a dominação autoritária, e muito me espanta seus fãs – ou ditos fãs, já que desconhecem sua história – vaia-lo exatamente por fazer aquilo do qual foi pago (por eles mesmos). O público não paga apenas pelas músicas, ele paga pelo conjunto audiovisual, que contém (pasmem!) inclusive as opiniões do músico em questão. Vaia-lo não é apenas reduzir suas críticas, mas ofender a própria inteligência de quem vaia: a discordância com a opinião de Waters apenas demonstra a própria ignorância de quem o vaiou. Fora outras mensagens risíveis como "vá embora!", que alguns fãs entoaram, como se a presença deles fosse essencial para a continuidade do espetáculo.

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As pessoas não compreenderam que a crítica ao governo em "Mother", entoada belamente no bis, não é apenas uma crítica vazia ao petista Roger Waters: ela empreende a busca crítica do indivíduo de questionar quem ele vota, ou irá votar, com o risco de ir para a "linha de tiro" caso cometa-se o erro de apenas dizer sim ao seu candidato. A postura intransigente do fascismo que aspira alguns dos seguidores do devido candidato é apenas a demonstração de que eles não tiveram condições de realizar a leitura interpretativa de "Mother"

E quem diria ainda fazer uma leitura crítica de "Animals". Veio "Dogs", e talvez o público ache que a música é sobre filhotinhos. Com "Pigs", veio uma crítica direta ao sistema plutocrata que governa o mundo, com Trump sendo elevado a efígie, a símbolo principal do fascismo que cresce em nosso mundo. Para Waters, a infantilidade e a gritaria que causa Trump, não é diferente da causada por certo candidato, que aspira a perseguição sistêmica daqueles que não concordarem com ele.

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Os apoiadores do dito candidato também não compreenderam o que Roger Waters disse: a questão aqui é uma luta da democracia contra a ditadura, da liberdade contra a perseguição. O neofascismo é exatamente a marca dessa disputa, e enquanto os fãs deixarem de lado o pensamento crítico não irão vislumbrar o problema. Apenas irão se arrepender depois de terem trocado a liberdade da guerra, do conflito, pela liderança dentro de uma cela – parafraseando baratamente "Wish You Were Here". Guerra aqui, obviamente, é muito mais do que um conflito armado, é da nossas vidas que ele esta falando.

Leia também:

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Setlist:
Set 1:
Intro: Speak to Me (música do Pink Floyd)
1. Breathe (música do Pink Floyd)
2. One of These Days (música do Pink Floyd)
3. Time (música do Pink Floyd)
4. Breathe (Reprise) (música do Pink Floyd)
5. The Great Gig in the Sky (música do Pink Floyd)
6. Welcome to the Machine (música do Pink Floyd)
7. Déjà Vu
8. The Last Refugee
9. Picture That
10. Wish You Were Here (música do Pink Floyd)
11. The Happiest Days of Our Lives (música do Pink Floyd)
12. Another Brick in the Wall Part 2 (música do Pink Floyd)
13. Another Brick in the Wall Part 3 (música do Pink Floyd)
Set 2:
14. Dogs (música do Pink Floyd)
15. Pigs (Three Different Ones) (música do Pink Floyd)
16. Money (música do Pink Floyd)
17. Us and Them (música do Pink Floyd)
18. Smell the Roses
19. Brain Damage (música do Pink Floyd)
20. Eclipse (música do Pink Floyd)
Bis:
21. Mother (música do Pink Floyd)
22. Comfortably Numb (música do Pink Floyd)

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Sobre Diego Camara

Nascido em São Paulo em 1987, Diego Camara é jornalista, radialista e blogueiro. Seu amor pelo metal e rock começou há 6 anos. Um amante da nova geração, é um grande fã de Arjen Lucassen, Andre Matos e bandas como Nightwish, Hammerfall, Sonata Arctica, Edguy e Kamelot. Também não deixa de ter amor pelos clássicos, como Helloween, Gamma Ray e Iron Maiden e do Rock de bandas como Oasis, Queen e Kings of Leon. Atualmente seus textos podem ser lidos no blog OCrepusculo.com sobre assuntos diversos, além de planos para criação de um projeto totalmente voltado aos blogs de Rock e Metal.
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