Rock In Rio: a aguardada noite que encerrou o evento
Resenha - Rock In Rio (Cidade do Rock, 02/10/2011)
Por Marcelo Vieira
Fonte: Van do Halen
Postado em 12 de outubro de 2011
Muita coisa aconteceu desde que as portas da Cidade do Rock se fecharam sob forte chuva na manhã do último dia 3, mas o assunto está longe de ser datado visto que a repercussão – mais negativa que positiva – segue firme e forte e não restrita à mídia especializada. A noite que encerrou o Rock in Rio era das mais aguardadas; todo mundo a espera de um grand finale, protagonizado por Evanescence, System of a Down e, principalmente, Guns N’ Roses. Surpresas boas e ruins ditaram as horas finais do Palco Mundo.
Minha maratona de shows no dia 2 começou com o encontro entre Mutantes e Tom Zé no Palco Sunset. Assisti sentado não apenas para economizar energias para o que estava por vir, mas também porque o curto repertório não empolgou. E a presença de Tom Zé, um cara que eu admiro por sua originalidade e ousadia, não causou o impacto que deveria em mim e em ninguém. Em seguida foi a vez de Marcelo Camelo... Sinal verde para eu bater em retirada e me posicionar, estrategicamente, próximo ao Palco Mundo.
Representando a safra roqueira surgida no início dos anos 2000, Detonautas primeiro e depois Pitty incendiaram a galera com uma avalanche de músicas que o povo canta. Ambos investiram pesado no aspecto visual, com vários jogos de luzes e animações nos telões. Tico Santa Cruz, caracterizado a la Mano Brown, convocou o público a mandar José Sarney tomar no c* e, como faz desde sempre, discursou a respeito da situação política atual do País. Já a apresentação de Pitty não teve esse caráter de manifesto. A baianinha queria mesmo era botar todo mundo pra pular e cantar junto. Conseguiu, mas eu não via a hora de ela sair do palco...
Abrir um show com uma música nova de um álbum que sequer foi lançado é arriscado. Mas o Evanescence arriscou e acertou. Não foi só isso: mais da metade do repertório da banda da belíssima Amy Lee foi baseado no vindouro trabalho, que deve sair ainda em outubro. O material novo foi bem recebido e havia gente que, por conta do vazamento das músicas na Internet, sabia algumas letras e soltou a voz em alguns refrães. Amy surpreendeu ao longo da apresentação. Depois de algumas derrapadas nas primeiras músicas – favorecidas e elucidadas pelo som horroroso –, a cantora finalmente se achou e caprichou nas já clássicas "My Immortal" e "Bring Me To Life". Dos hits, faltaram "Everybody’s Fool" e "Lithium" apenas. "Thank you, Brazil" e a promessa da volta no ano que vem. Aguardemos...
Desde o anúncio do System of a Down eu tive a certeza de que os caras fariam O show do Rock in Rio. E fizeram. Foram 29 músicas em quase duas horas sem muita falação no meio. Se a banda peca na pouca presença, cativa pra valer com o modo que executa seus hits ao vivo. Serj Tankian é um monstro vocal e Daron Malakian é um gênio das seis cordas. O som do System é musicalmente complexo, mas, ao mesmo tempo, acessível e caiu no gosto até de quem não é chegado em rock. O feedback do público foi dos mais positivos, com direito a rodinhas e muita insanidade. Teve gente que saiu machucada, passando mal, mas eu garanto que não se arrependeu. Vai ficar pra sempre na memória. Aos que duvidaram de mim, só me resta dizer "eu bem que avisei"...
E o Guns?
Um atraso já era certeza. Estamos falando de Axl Rose, espécie de TIM Maia do rock, que chegou ao Rio no domingo a tarde, para alívio de quem temia um cancelamento em cima da hora. Para temperar a espera, nada "melhor" que uma chuvinha. Que foi aumentando. E aumentando. E começou a ventar. E todo mundo foi congelando enquanto xingava Axl em pensamento. Com o palco todo molhado, a possibilidade de não haver show mesmo com Axl no Rio tornou-se real. Muita gente começou a deixar a Cidade do Rock – não esqueçamos que era domingo –; quem não deixou, começou a mandar Axl tomar no mesmo lugar que Sarney.
Mas eis que o Guns entrou. Quando os telões se acenderam e a introdução de "Chinese Democracy" começou a rolar em playback todo ódio se desfez no coração dos bravos gunners. Vestindo um casaco que mais parecia uma capa de chuva infantil, Axl começou o show cantando mal, visivelmente insatisfeito com o estado do palco – vá processar São Pedro – e pouco comunicativo em comparação aos shows do Guns por aqui ano passado. À medida que o show ia rolando, a voz de Axl parecia entrar nos eixos. Em "This I Love" ficou claro o esforço em fazer bonito. O povo aplaudiu em solidariedade.
No tempo que poderia ter sido usado para outras três músicas, rolaram os solos de Richard Fortus, DJ Ashba e Bumblefoot, os três muito técnicos, mas também desanimados, com exceção de Ashba, que vez ou outra fez uma gracinha, incluindo quebrar uma Gibson Les Paul de raiva após levar um baita tombo. Dizzy Reed fez os mais velhos soltarem a voz tocando "Pinball Wizard" do The Who no piano antes de "Street of Dreams", que havia sido tocada pelo Guns no Rock in Rio de 2001, ainda sob o nome "The Blues".
Até que começou "Estranged". As lágrimas começaram a rolar durante esta que sempre foi a minha música favorita do Guns. Acontecimentos recentes tornaram o momento ainda mais emocionante e indescritível. Muita gente ao meu redor se rendeu ao choro. Uma bela carta, que ficou na manga por quase 20 anos. Por mais que o restante do show tenha sido algo entre o ruim e o regular, se eu tivesse que escolher uma música dentre todas que assisti ao vivo em cada um dos shows que vi desde 2003, seria ela. Vou estar velho, desdentado, rabugento e esquecido, mas para sempre vou lembrar daquele "When you’re talking to yourself...".
O restante do show parecia um roteiro, as músicas de sempre, com os erros – propositais ou não – de sempre. Mas quem estava lá cantou, vibrou e pulou até o raiar do dia, quando o acorde final de "Paradise City" deu vazão para a queima de fogos que encerrou o festival. O Rock in Rio volta em 2013 e eu estarei lá. E, no que depender do Medina, o Guns também.
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Rock In Rio 2011
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