Bizz: revista volta às bancas depois de ausência de cinco anos
Por Ricardo Seelig
Postado em 30 de outubro de 2005
A revista Bizz, considerada por muitos até hoje a publicação de música mais importante que o Brasil já teve, está de volta às bancas depois de uma ausência de cinco anos.
Independente do estilo musical preferido de cada leitor do Whiplash, esta é uma notícia que deve ser comemorada, e atesta a crescente maturidade que o mercado musical brasileiro vem adquirindo ano após ano.
Surgida em meados dos anos oitenta, a Bizz teve papel fundamental no cenário, revelando bandas e levando a milhares de leitores em todos os cantos do país matérias antológicas sobre os maiores nomes do rock daqui e lá de fora, além de apresentar centenas de novas bandas para seus famintos leitores.
Este retorno começou a tomar forma com o especial "A História do Rock Brasileiro", publicado em quatro volumes, ao qual se seguiram diversas outras reportagens especiais (como "As 100 Melhores Capas" e a excelente "A História do Rock", publicada em quatro volumes e tendo a sua partida cronológica no ano de 1936). Estes especiais mostraram para a Editora Abril que havia um grande público que estava órfão de uma publicação sobre música e comportamento. Apesar do excelente trabalho feito pela revista Roadie Crew (que eu considero, com grande folga, a melhor publicação de música pesada do Brasil e uma das melhores do mundo) e outras, o fã de rock, pop e música em geral não tinha uma revista específica, e este papel, até segunda ordem, deve ser da Bizz.
Eu cresci lendo a Bizz, a Metal, a Somtrês e outras revistas da época, e a minha formação, o meu conhecimento sobre música, passou por horas e horas de páginas e mais páginas destas revistas.
A primeira edição (193, seguindo a ordem cronológica), com os Stones na capa, mantém a característica jornalística da publicação, com textos completos e agradáveis, ainda que, em alguns momentos, excessivamente pretenciosos e com o desejo de mostrar que a redação está "antenada" com as últimas novidades da cena mundial. Isto se verifica facilmente através de duas resenhas: a de "4", novo álbum dos Los Hermanos, e a de "Octavarium", do Dream Theater.
A crítica ao novo álbum da banda carioca endeusa e coloca o grupo vários degraus acima de todas as outras bandas do Brasil. Independentemente da qualidade ou não do álbum (não ouvi e provavelmente não vou ouvir, porque não é o tipo de som que me agrada), verifica-se no texto o desejo de detectar tendências e solidificar a sua posição de referência no mercado, tentando agregar valor à publicação através de um nome que é referenciado e adorado pelos "ditadores-do-bom-gosto" encontrados aos montes por este país (aí incluídos nomes como Caetano Veloso, Maria Rita e todos os outros ditos "mudernos"). Desnecessário, muito desnecessário ...
Já o texto sobre o novo álbum do Dream Theater mostra desconhecimento sobre a carreira da banda americana, se prendendo aos clichês que se julgam adequados aos grupos de rock progressivo dos anos setenta, como Yes, King Crimson e companhia. O álbum é reduzido a uma tentativa do grupo de Mike Portnoy em tentar fazer música mais acessível, afirmação esta que cai por terra com apenas uma audição mais atenta às músicas. E aqui eu quero fazer um elogio público à postura adotada pela Roadie Crew, que delega a tarefa de analisar os trabalhos de cada grupo a redatores que conhecem e acompanham a carreira das bandas, o que gera críticas muito mais fundamentadas na realidade de cada grupo (infelizmente esta postura da Bizz se verifica também na crítica ao DVD "Family Jewels", do AC/DC).
Mas, apesar desta crítica, o resultado final é compensador. Qualquer iniciativa, seja ela um simples blog ou um programa de TV, tendo a música como assunto principal, é digna de aplausos. A minha opinião é de que ouvir, ler, assistir, discutir música é sempre muito bom. Não importa se você prefere este ou aquele estilo, o rock é maior que todos.
A paixão dos brasileiros pelo heavy metal, e pelo rock, é pura, única e contagiante. É ela que faz os maiores nomes do mundo realizarem shows antológicos em nosso país. É ela que faz uma cena inteira sobreviver firme e forte, mesmo sem o apoio da grande mídia (aliás, ela é tão forte que fez surgir os seus próprios veículos de mídia, que não ficam nada a dever às principais publicações internacionais do estilo). É essa paixão que faz pessoas como eu e todos que escrevem aqui para o Whiplash (e certamente todos que se empenharam para trazer a Bizz de volta e que, de alguma forma ou de outra, colaboram para o desenvolvimento da cena musical brasileira) compartilharem o fascínio e amor pela música com milhares de pessoas que pensam como a gente.
Rock Faz Bem
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