O cantor folk "apaixonado e mercenário" que Bob Dylan cultuava: "Ele reinava absoluto"
Por Gustavo Maiato
Postado em 23 de agosto de 2025
No turbulento início dos anos 1960, quando o Greenwich Village fervilhava de artistas, poetas e músicos que buscavam transformar a cena cultural americana, Bob Dylan ainda era apenas um jovem de Minnesota tentando encontrar sua voz.
Bob Dylan - Mais Novidades
A cidade respirava música em cada esquina, e os bares, clubes e cafés se tornavam palcos improvisados de um movimento que moldaria a história da canção popular. Entre tantas figuras que transitavam pelas ruas estreitas do Village, havia uma que se destacava não apenas pelo talento, mas também pela presença quase mítica: Dave Van Ronk.
Na autobiografia "Crônicas: Volume 1", Dylan revela o quanto o veterano do folk o impressionou. Já no Meio-Oeste, antes mesmo de desembarcar em Nova York, ele havia escutado discos de Van Ronk e chegava a copiá-los "frase por frase". A forma como o cantor interpretava blues e baladas era algo singular.
"Ele era apaixonado e mordaz, cantava como um mercenário e soava como alguém que realmente paga para ver. Van Ronk sabia uivar e sussurrar, transformar blues em baladas e baladas em blues. Eu adorava o estilo dele. Era a cara da cidade. No Greenwich Village, Van Ronk era o rei das ruas, e reinava absoluto."
Bob Dylan e Dave Van Ronk
O palco principal desse reinado era o lendário Gaslight Café, um clube misterioso e fechado, localizado ao lado do bar Kettle of Fish. Sem audições e sem espaço para curiosos, era uma espécie de território sagrado para quem vivia da música. Para Dylan, recém-chegado e ainda buscando se inserir na cena, tocar no Gaslight não era apenas um objetivo: "Era um clube onde eu queria tocar, precisava fazê-lo."
O jovem músico lembra ainda de uma cena simbólica, quando viu Van Ronk atravessando a neve em um dia frio de inverno, o vento praticamente o empurrando pelas ruas estreitas do Village. Dylan quis falar com ele, mas se conteve — restou apenas a lembrança de um lampejo de olhar. Um momento breve, mas que reforçou a aura quase sobrenatural que cercava Van Ronk.
Muito antes de Dylan se tornar a voz de uma geração, já havia em Nova York um artista que encarnava o espírito do folk urbano: Dave Van Ronk, conhecido mais tarde como o "Prefeito da MacDougal Street". Para o futuro Nobel de Literatura, ele era mais que uma influência — era um rei que, ao seu modo apaixonado e mercenário, reinava absoluto sobre a boemia do Village.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os 11 melhores álbuns de rock progressivo conceituais da história, segundo a Loudwire
Os dois bateristas que George Martin dizia que Ringo Starr não conseguiria igualar
A obra-prima do Dream Theater que mescla influências de Radiohead a Pantera
A lendária guitarra inspirada em Jimmy Page, Jeff Beck e Eric Clapton que sumiu por 44 anos
Steve Harris admite que a aposentadoria está cada vez mais próxima
O defeito muito grave dos baixistas de heavy metal na opinião de John Entwistle
Após negócio de 600 milhões, Slipknot adia álbum experimental prometido para esse ano
Regis Tadeu indica disco "perfeito" para uma road trip: "Todo mundo detesta, mas é bom"
Guns N' Roses lança duas novas canções
Youtuber que estava no backstage do último show de Alissa com o Arch Enemy conta tudo
O maior compositor do rock'n'roll de todos os tempos, segundo Paul Simon
Ouça "Nothin'" e "Atlas", novas músicas do Guns N' Roses
Sacred Reich anuncia o brasileiro Eduardo Baldo como novo baterista
A banda clássica que poderia ter sido maior: "Influenciamos Led Zeppelin e Deep Purple"
Robert Plant acrescenta o Rio de Janeiro à turnê brasileira em 2026

A definição artística do lendário cantor Bob Dylan, segundo palavras do próprio
O clássico de Bob Dylan que segundo ele todo mundo entendeu errado (até você!)
A maior canção já escrita de todos os tempos, segundo o lendário Bob Dylan
O melhor cantor de baladas de todos os tempos, segundo Bob Dylan
Os dois artistas que Bob Dylan considerava "relíquias do passado" nos anos 1980
Raul Seixas: O clássico inspirado em Dylan que driblou censura e criticou Roberto Carlos


