Estreia do Superbloom traz de volta o grunge protagonista dos anos 1990
Resenha - Pollen - Superbloom
Por Patrick Raffael Comparoni
Postado em 20 de fevereiro de 2024
Nota: 9
Lançado em 2021, o primeiro full length do Superbloom traz de volta o grunge protagonista dos anos 1990. "Pollen" inicia com "1994", que nos dá a impressão de que estamos escutando um álbum gravado na última década do século XX. Seria um álbum perdido daquela época, um lançamento que passou despercebido por todos? Com o rock alternativo dominando a década de 1990, um álbum excelente como "Pollen" não passaria sem ser notado. Para azar do Superbloom, porém, o mainstream nos anos 2020 é um deserto inóspito para talentos como o dessa banda americana.
O álbum inicia muito bem com "1994", que ecoa referências gigantes como Soundgarden, Stone Temple Pilots e, é claro, Nirvana. Como acontece com grandes álbuns, a cada vez que ouvimos "Pollen" descobrimos diferentes faixas como preferidas. Porém, a sequência "Mary On A Chain" e "Hey Old Man" já embala duas fortíssimas candidatas.
Há um revival dos anos 1990 em andamento no cenário underground, que nos lembra que o Superbloom não é um acaso solitário. Muitas bandas novas apostam, por exemplo, em um subgênero chamado dreamo, misturando, cada uma à sua maneira, dream pop, emo, shoegaze e grunge.
Ainda que a banda não tenha passado imune a outras influências que sucederam não só o grunge, mas o rock alternativo dos anos 1990, com "Pollen", o Superbloom aposta mais no grunge do que em qualquer subgênero. Contudo, embora as letras transitem pelos caminhos que esperamos do estilo, a sonoridade do Superbloom se apresenta menos atormentada que as referências do século passado, e parece faltar à banda os ares de esquisitice que marcaram a década de 1990. Talvez o toque freak tenha sido tão solidamente inserido pelo rock alternativo do século XX na cena musical que essa característica hoje pode passear entre nós sem chamar atenção, diluindo-se discretamente no trabalho de bandas que levam o estilo adiante atualmente.
Suavizadas com toques mais pop, "Leash" e "Glass Candy Wrapper" domam o grunge do Superbloom em um resultado final que fazem das faixas candidatas a hits. "Muzzle" e "Twig" são duas belas baladas, sendo que a melancolia da segunda remete a "Something In The Way" do Nirvana. "Nothing Else" e "Pollen" revelam influências mais atuais, talvez de post hardcore, mas é em faixas de puro grunge como "Spill" e, sobretudo, a excepcional "Whatever" que o Superbloom brilha mais intensamente.
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