"Se colocam em pedestal superior": Ian Anderson cita as 3 bandas que exageraram no prog
Por Gustavo Maiato
Postado em 22 de junho de 2025
Durante entrevista ao site Indeflagration, em 2017, Ian Anderson — vocalista e flautista do Jethro Tull — refletiu sobre o que chamou de excessos do rock progressivo. Para ele, enquanto Jethro Tull buscava um equilíbrio entre improvisação e originalidade, algumas bandas acabaram "indo longe demais" na busca por virtuosismo e grandiloquência.
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Anderson lembrou que sua própria formação, em 1967, coincidiu com o lançamento de "Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band", o álbum dos Beatles que "me ensinou o valor da variedade e de um toque surrealista" na música. Naquele mesmo ano, Pink Floyd gravava The Piper at the Gates of Dawn — ambos registros que ampliaram horizontes. Ainda assim, o cantor ressalta que foi o Jethro Tull quem soube dosar influências do blues e do folk com experimentalismos mais contidos.
Quanto aos excessos, Anderson não economizou críticas a três nomes do prog rock: Yes, Emerson, Lake & Palmer e Genesis. "Eles se tornaram muito autoindulgentes. São musicalmente incríveis, mas às vezes se colocam num pedestal superior ao de músicos em processo de aprendizado", afirmou. Para ele, a habilidade técnica dessas bandas acabou virando ostentação, em detrimento da espontaneidade.

Sobre o Genesis, que hoje conta com Phil Collins em sua história, Anderson foi breve: "Nunca fui fã, mas reconheço sua habilidade. Mesmo assim, acabaram criando performances tão polidas que perderam parte da alma do rock." Criticou também o ELP, famoso por suas sonoridades grandiosas no teclado e na bateria, e o Yes, cujos arranjos complexos, na opinião de Anderson, beiraram o pomposo.
Em contraponto, Ian defende a abordagem do Jethro Tull, que "mantinha uma certa leveza e improvisação, evitando um espetáculo excessivamente estruturado e refinado, típico do prog rock". Esse equilíbrio, segundo ele, preservou a energia ao vivo e o contato direto com o público, sem sacrificar a criatividade.

Por fim, Anderson destaca que, mesmo em suas canções mais densas, busca um diálogo entre virtuosismo e emoção. E lembra com humor: ninguém vai chamar de "autoindulgente" uma faixa de 43 minutos que mistura jazz, folk e blues, embalando solos intermináveis de órgão, guitarra e flauta — como o próprio Jethro Tull faria questão de provar.

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